Análise do inimigo: a Skynet

Um dos grandes inimigos do século XX na ficção científica foi a inteligência artificial. Mas não basta ela ser inteligente, se é que conseguimos definir o que é inteligência, ela também tem que ter consciência sobre si própria e nos enxergar como seu maior inimigo. Este é o caso da Skynet, que bem diferente da Matrix, não precisa da gente para nada.


Análise do inimigo: a Skynet


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A Skynet, diferentemente do HAL 9000, tem várias ramificações e formas de se manifestar. Podemos dizer que ela é uma evolução de todas as máquinas conscientes anteriores. A primeira menção à uma máquina inteligente é feita em As Viagens de Gulliver, com um gerador mecânico de informações, A Máquina, em 1726. Robert A. Heinlein, em 1939, também já falou de uma máquina que controlava as funções de um navio. Mas foi somente depois de 1950 que os dispositivos conscientes, inteligentes e malignos começaram a proliferar, impulsionadas pelo avanço tecnológico do pós-guerra.

O cenário de pós-guerra foi bastante prolífico para a ficção científica. Os riscos do mal uso da tecnologia foram vistos com os bombardeios e com a bomba atômica, um cenário bastante semelhante ao nascimento e desenvolvimento da Skynet. Em 1950, Isaac Asimov falou de computadores positrônicos que controlavam o mundo no conto O Conflito Evitável, que aparece em Eu, Robô e em vários outros contos ele fala do Multivac, outro computador poderoso. Stanisław Lem no livro The Astronauts fala de MARAX, ou MAchina RAtiocinatriX, o supercomputador de uma nave espacial.


A evolução do maquinário continua nos anos 60 no mundo real e inspirando a ficção científica, onde até Philip K. Dick se aventura em Vulcan's Hammer. Vemos também uma evolução dessas máquinas inteligentes que começam a adquirir consciência conforme os componentes e a capacidade de armazenamento aumentam e ficam mais rápidos. A Skynet é uma evolução destas primeiras formas, pois não bastava para ela poder controlar computadores e colocar a raça humana no chão, ela também precisava nos exterminar, ou seja, viu em nossa forma uma ameaça à sua existência, já que com o apertar de um botão, poderíamos desligá-la. Bem diferente de Matrix, onde as máquinas dependiam da luz solar, e eu nunca entendi isso...

Kyle Reese se voluntaria para usar o dispositivo de deslocamento temporal para proteger Sarah Connor, a mãe do futuro líder da resistência (e acaba se tornando o pai do futuro líder). É da boca dele que nós ouvimos falar do Dia do Juízo Final, do apocalipse causado pelas máquinas que se revoltaram contra a humanidade. A Skynet constrói máquinas assassinas chamadas Exterminadores e os usam para se infiltrar nos esconderijos humanos, já que ele parece um humano. Ele possui uma camada de tecido orgânico revestindo um endoesqueleto de metal. Muito difícil de destruir e que segue as ordens da Skynet até o fim.

Foi apenas com o advento da internet e das formas rápidas de comunicação que pudemos ter uma boa visão do funcionamento da Skynet. Se nos dois primeiros filmes tivemos uma visão das máquinas e a luta sangrenta que é contra elas, é no terceiro, A Ascensão das Máquinas, que vemos como ela toma controle da rede mundial de computadores, se passando por um vírus. Também vemos algo muito interessante: mesmo com toda a luta de Sarah e John, eles apenas conseguiram adiar o Dia do Juízo Final, mas não impedi-lo.

O microprocessador do primeiro exterminador, junto com seu braço, foram entregues à Cyberdyne, empresa privada que, mais tarde, levaria ao desenvolvimento da Skynet. Isso levaria à empresa a ter um contrato milionário com o Departamento de Defesa, mas a Skynet assume o controle e bombardeia os inimigos dos Estados Unidos, entre eles a Rússia, que retalia com igual ferocidade, levando à guerra nuclear. Em seguida, ela começa a construir máquinas para tentar limpar o resto.

Kyle Reese

Em A Ascensão das Máquinas, temos uma visão de um futuro alternativo àquele apresentado no filme anterior. Mesmo com a destruição do trabalho da Cyberdine, os militares conseguiram pôr as mãos no que restou dos projetos da empresa falida e continuou o projeto. É aí que a ligação de John Connor com o futuro fica mais clara. Se não houvesse qualquer intervenção na sua juventude, John teria conhecido Kate Brewster, filha do general responsável pela rede de defesa e pela Skynet. Um novo exterminador é enviado para proteger a ambos de um novo tipo poderoso de robô que, como todos os outros, começa a matar a doidado todos os envolvidos com a Resistência.

Disfarçada de vírus, a Skynet se alastra pela rede militar e global. Com o desligamento da rede, ela assume o controle, invade os sistemas de drones e naves e inicia um devastador ataque nuclear, disparando todo o arsenal militar. O pai de Kate sabe que desligar a rede é impossível e portanto a envia junto de Connor para o Pico Cristal, uma casamata construída na rocha bruta nos anos 60, capaz de protegê-los da devastação que as bombas irão causar.

No quarto e último filme chegamos cada vez mais perto da Skynet, porém ainda não conseguimos entender o que a fez ter consciência. Aliás, como definir o que é consciência? É ter a noção e a extensão de nosso corpo, estar acordado e experienciando o presente? Temos vários problemas em tentar definir uma consciência e em como adivinhar que uma rede possa adquirir ou desenvolver uma. Poderia a nossa internet ser um maciço organismo consciente que nos vê como bichinhos ordinários e benignos ou ela está apenas esperando pelo momento certo?

E se isso nunca vier a acontecer? A Skynet é perigosa, sem sombra de dúvida, mas como destruí-la? Como apagar uma consciência? E se pudermos apagar um organismo cibernético consciente, isso é um assassinato ou é só consequência da tela azul do Windows? Com a evolução das máquinas para seres cada vez mais avançados, se no futuro tivermos robôs conscientes em muitos aspectos, teremos o direito de desligá-los? Ou isso é uma medida de segurança para o caso de algo acontecer? Vai ver foi isso o que faltou na Skynet, pois vemos que o general sabe que não é possível mais reverter a situação e puxar o plug da tomada. Vemos que ela não opera num núcleo central como é o esperado, mas está espalhada por uma vasta rede, como células, onde ao se desligar uma, outra assume o controle.

A Skynet trabalha com máquinas avançadas e robóticas, drones de vários tipos e os exterminadores humanoides, sua marca registrada. Fabrica seus robôs e naves e foi capaz de descobrir a viagem no tempo. Esse é um dado interessante, pois ela percebe que sua soberania estaria assegurada se matasse o líder da resistência humana. Ela desenvolve a tecnologia de deslocamento temporal e consegue mandar pessoas através do tempo e espaço, pelo visto sem volta. Programa suas máquinas com uma lógica fria e assustadora. Não podem desobedecer às ordens e mesmo que esteja à beira da destruição, ela se mantem em sua missão, custe o que custar. Possuem células internas de força que as mantém vivas por muito tempo e os esqueletos são compostos de ligas ultraduráveis, o que os torna praticamente indestrutíveis.


Robôs líquidos ou com coberturas líquidas que podem modificar sua aparência são as maiores armas contra a humanidade, afinal podem se passar por um ser humano e entrar nos esconderijos. Isso foi o que matou John Connor no terceiro filme, já que foi usado um exterminador com a forma do protetor de sua juventude. Percebemos que a Skynet aprende rápido e tenta sempre se superar nas próximas investidas.


Pontuação
Não sei chegaremos um dia a desenvolver uma máquina consciente ou se ela, ao se manifestar, será reconhecida como tal por nós. Ela pode não nos enxergar como ameaça - o que não é explicado nos filmes, do porque a rede achar que nós somos os inimigos. Ela poderia sequer nos identificar. Os engenheiros responsáveis pela Skynet nunca a identificaram e não tinham proteções contra ela. Talvez o exemplo desta rede maligna e fatal possa servir de exemplo para que estas máquinas tão avançadas tenham botões de segurança ou botões de pânico para alguma eventualidade. O fato de ser difícil de destruir, de combater e de os encontros com ela serem quase todos fatais, a coloca no topo como um inimigo temível e merecedor dos cinco malvadinhos.



Até mais!


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