Tem sido uma incrível jornada de leitura na saga Trono de vidro desde que retomei a leitura dez anos depois (!) de ler o primeiro livro. Algo muito positivo tem sido a intensa expansão do mundo de Celaena, nossa assassina favorita, conforme Sarah nos mostra as complexidades de Erilea e seus reinos. Neste terceiro volume, porém, Celaena passa pouco tempo em Adarlan. Começando pouco depois do final do segundo livro, ela viaja para uma terra misteriosa e ancestral: a terra dos feéricos!
Esta resenha pode conter spoilers dos livros anteriores!
Esta resenha pode conter spoilers dos livros anteriores!
O livro
Começamos nossa jornada pouco depois do final do segundo livro que, aliás teve um final explosivo. A revelação que recebemos naquele final me fez pegar o terceiro livro imediatamente depois! Sério, você que leu sabe do que estou falando, certo? Celaena já chegou ao reino feérico, Wendlyn, onde as ordens do rei de Adarlan é de matar os líderes da rebelião inimiga. Isso ajudaria a liberar os mares e permitir o avanço do rei.Algo derretido percorreu o corpo de Celaena, despejando-se sobre cada fenda e fratura ainda aberta. Não para ferir ou destruir, mas para soldar. Para forjar.
Só que Celaena não tem vontade alguma de seguir as ordens do rei. Ela está presa a uma promessa à sua amiga Nehemia, mas não sabe como cumprir. Bêbada e largada em um telhado, ela é encontrada por um semifeérico, Rowan, que a leva até uma fortaleza nas montanhas, onde Celaena precisará aprender a lidar com seus poderes, agora liberados por estar longe da influência de Adarlan. Isso tudo apenas para saber como enfraquecer o rei e para chegar até Doranelle, a capital de Wendlyn onde vive a rainha Maeve.
Aqui nós temos vários pontos de vista, que me fizeram lembrar as obras de George R.R. Martin. Acompanhamos Chaol e suas lealdades divididas; acompanhamos Dorian, que tenta descobrir uma maneira de lidar com sua magia, algo que descobriu no livro anterior e temos a visão de Manon Bico Negro, uma poderosa bruxa de garras e dentes de ferro, herdeira do clã, cruel e implacável. Se tem uma coisa que a gente aprende lendo Sarah J. Maas é que nada é por acaso. Ela menciona algo brevemente? Pode acreditar que vai fazer diferença lá na frente.
Admito que as partes de Manon não pareciam se encaixar no enredo e eu meio que queria ler rapidamente para voltar para Celaena, Dorian e Chaol. Mas gradualmente vamos compreendendo como funciona essa sociedade de bruxas e porque elas estão ali. Desprovidas de magia, elas aceitam trabalhar para o rei de maneira a ganharem seus territórios ancestrais novamente. Somos apresentadas a várias outras bruxas, mas Manon é a presença magnética desses capítulos e lentamente fui ganhando mais simpatia por ela.
Celaena ainda é a personagem principal, claro, mas é fácil perceber a diferença entre este livro e os anteriores. Sarah abriu o leque de cenários, personagens, situações e eventos que se interligam de maneira hábil conforme a leitura avança. Acredito inclusive que os dois primeiros livros poderiam ter sido um só, cortando aqui e ali, porque eles servem como uma grande introdução para o arco que se desenha em Herdeira do Fogo. Este é um livro longo, então são vários eventos acontecendo ao mesmo tempo. Quem está acostumada com este tipo de leitura, não terá problemas com ele.
Aqui é onde vemos Celaena, ou Aelin, pelo que ela realmente é. O banimento da magia em Adarlan e sua identidade como assassina apenas ocultaram sua verdadeira identidade, mas em Wendlyn ela pode desenvolver esse potencial. Rowan é um guerreiro bruto, muito antigo, que não tem qualquer simpatia por ela. Devo dizer que temia a famigerada paquera, mas Sarah soube segurar a mão e nos entregou uma relação que foi bem construída, sólida, em que Rowan tenta fazer Aelin desabrochar e mostrar seu verdadeiro potencial, ainda que não saiba muito bem como fazer isso. Aelin depende desse treinamento, ainda que desista dele algumas vezes.
O sumiço da magia é algo mencionado brevemente no primeiro livro, mas aqui ele é tratado com mais seriedade. Chaol está tentando descobrir o que aconteceu dez anos antes para ajudar Dorian. Para isso, ele conta com a ajuda de Aedion, general originalmente de Terrasen, mas que serve a Adarlan como um implacável guerreiro, comandante de uma das mais brutais divisões do exército, a Devastação. Ou é assim que o rei pensa... Aliás, essa parte toda de Aedion foi muito bem escrita. Ele e Chaol não são exatamente amigos, mas se tornam aliados por um bem comum. Adorei conhecer o personagem e ver sua interação com o capitão da guarda, que nunca relaxa, nunca respira sossegado. Seu arco é um dos mais dolorosos de toda a trama.
Epopeias e poemas e canções tinham sido escritos sobre a rainha feérica, tantos que alguns até mesmo acreditavam que ela era apenas um mito. Mas ali estava o sonho - o pesadelo - em carne e osso.
Fico sem saber até exatamente onde ir nessa resenha, porque o livro é muito bom e quero falar sobre tudo o que acontece nele. Apesar da mais de 500 páginas, não senti o tempo passar. Apenas queria virar as páginas o mais rápido possível para saber o que aconteceria com esse incrível elenco de personagens aos quais me apeguei tanto. Sofri com eles, me alegrei, me enfureci, me vi entendiada em alguns momentos, mas devo dizer que dos três primeiros, ele certamente é o melhor até agora. Mal virei a página final e já peguei o próximo para ler!
A edição bem em capa comum e papel pólen. Não encontrei grandes problemas de revisão ou diagramação nele. A tradução de Mariana Kohnert está ótima e preciso parabenizar a tradução de termos como Charco Lavrado, Forte da Fenda, Caninos Brancos. Uma qualidade excelente!
Obra e realidade
É muito interessante saber que a inspiração para Trono de Vidro foi a história da Cinderela. A autora revelou em uma entrevista que teve a inspiração para Celaena enquanto ouvia a trilha sonora do filme da Disney, naquela cena em que Cinderela corre do baile quando dá meia-noite. E ela pensou "e se Cinderela roubou algo do príncipe?". O que acabou escalando para "e se Cinderela tentou matar o príncipe?". Daí para uma Cinderela assassina foi um salto bem curto!Lendo os livros percebo que os laços que prendem a história ao conto de fadas são bem leves, mas consigo entender como a mente de Sarah funciona ao avançar e evoluir uma personagem cativante em uma saga épica de fantasia.
— Parte de mim sempre vai amá-la. Mas precisava tirá-la deste castelo. Porque era perigoso demais, e ela estava... o que ela estava se tornando...
— Ela não estava se tornando nada diferente do que sempre foi e sempre teve a capacidade de ser. Você apenas, finalmente, enxergou tudo.
Sarah J. Maas é uma escritora norte-americana de fantasia para jovens adultos.
PONTOS POSITIVOS
Protagonista feminina
Chaves de Wyrd
Um universo bem construído
PONTOS NEGATIVOS
Manon Bico Negro parece solta na narrativa
Protagonista feminina
Chaves de Wyrd
Um universo bem construído
PONTOS NEGATIVOS
Manon Bico Negro parece solta na narrativa
Avaliação do MS?
Não achei que fosse gostar tanto do livro como gostei. Qualquer expectativa que eu tivesse aqui foi atendida. Ainda que o o arco das bruxas fosse uma pausa nas narrativas de Celaena, Dorian e Chaol, a maneira como a história é contada, as sub-tramas, todas as descobertas que fazemos, o final bombástico, tudo isso tornou o livro o meu favorito até agora. Cinco aliens para o livro é uma forte recomendação para você ler também!Até mais! ❤️🔥
Comentários
Postar um comentário
ANTES DE COMENTAR:
Comentários anônimos, com Desconhecido ou Unknown no lugar do nome, em caixa alta, incompreensíveis ou com ofensas serão excluídos.
O mesmo vale para comentários:
- ofensivos e com ameaças;
- preconceituosos;
- misóginos;
- homo/lesbo/bi/transfóbicos;
- com palavrões e palavras de baixo calão;
- reaças.
A área de comentários não é a casa da mãe Joana, então tenha respeito, especialmente se for discordar do coleguinha. A autora não se responsabiliza por opiniões emitidas nos comentários. Essas opiniões não refletem necessariamente as da autoria do blog.