Resenha: Império de tempestades, de Sarah J. Maas

Chegando quase ao fim dessa saga intensa, fico pensando no tempo e dedicação da autora para conectar tantos eventos, fatos e pessoas ao mesmo tempo, com todo esse leque de personagens. A guerra está se aproximando e Aelin precisa assegurar seu trono para defender seu reino e todas as pessoas que ama. Mas o caminho até o trono ainda está longe de terminar.

Este livro pode conter spoilers dos livros anteriores!

O livro
Começamos quase que imediatamente depois do final explosivo do último livro, Rainha das sombras. O maior inimigo de Aelin foi deposto. O rei de Adarlan agora é Dorian, que herdou um reino despedaçado, um povo assustado e uma séria ameaça que se agiganta no horizonte. O rei era apenas o começo de uma série de manobras sombrias feitas por um inimigo que parece invencível. Para poder salvar o continente, e quem sabe o mundo, Aelin, herdeira de Terrasen, precisa correr para o norte para garantir seu trono e organizar suas defesas.

Resenha: Império de tempestades, de Sarah J. Maas

Prefiro morrer amanhã a viver mil anos com a vergonha de um covarde.

Em sua jornada para o norte, ela e sua corte - Rowan, Lysandra, Evangeline e Aedion - se encontram com os nobres de Terrasen, donos de grandes extensões de terras e membros de um conselho capaz de dar a coroa a Aelin. E apesar de um deles, Lorde Darrow, ser um chato de galocha, ele tem razão ao dizer que Aelin é uma princesa e não a rainha de direito. Onde ela esteve por dez anos enquanto seu povo sofria? São questões pertinentes e Aelin não sabe como respondê-las. Assim, ela se joga na estrada. Pode não ser a rainha, mas Terrasen é seu reino e vai fazer tudo para defendê-lo.

Chegando ao final dessa jornada, devido dizer que estou bem curiosa para o final, ainda que eu suspeite que tudo vai acabar muito bem para quase todos eles. Sarah não tem o costume de matar seus principais personagens, ainda que os faça sofrer muito. Tenho que dizer que o relacionamento de Aelin e Rowan encheu o saco desde o livro anterior e aqui não foi diferente. Lysandra, Aedion, Manon, Rowan, são personagens muito mais interessantes do que esse casal CHATO DOS INFERNOS.

Sabe quando você vê os casais se formando? Ainda que a jornada de alguns deles seja bem interessante, ficou repetitivo, chato, heteronormativo, sem qualquer surpresa ou revelação importante. A autora fez porque sim. As cenas de sexo de Sarah sempre foram boas e bem descritas, mas Aelin e Rowan tinha algo de possessivo e patético que me encheu durante a leitura. E que cena de sexo foi aquela na beira da água depois que Aelin quase matou todo mundo?? Aliado a isso, temos a excessiva descrição física, principalmente dos feéricos. Aliás, nem é só sobre os feéricos. Aparece uma figura interessante, ela linda. Se a figura for fazer algo desprezível, então sua descrição também será. Sarah parece que pegou o bingo de características físicas clichês e foi preenchendo um por um.

Quando Manon Bico Negro apareceu no terceiro livro, admito que não era a maior fã dela. A personagem era antipática, chata, violenta além da medida e fiquei pensando que Sarah não teria serventia para a bruxa. Mas felizmente me enganei. Me vi cada vez mais ansiosa pelas partes de Manon e a autora não decepcionou. Tudo com a personagem foi incrível! Eu leria fácil toda uma série apenas com Manon e suas Treze, além de Abraxos, a serpente alada mais amável da literatura. Manon não é a mais simpática, mas certamente é uma das personagens mais cativantes dessa saga.

E Manon entendeu naquele momento que havia forças maiores que a obediência, e a disciplina, e a brutalidade. Entendeu que não nascera sem alma; não nascera sem coração.

E fica difícil perdoar Sarah pelo o que ela fez com Dorian. O príncipe que foi protagonista nos primeiros volumes, uma figura forte e determinada ao lado de Celaena, se torna apenas um coadjuvante na jornada errática de Aelin e sua busca por aliados. Ele se perde e parece descartável em tudo isso e Sarah apenas não soube como aproveitar tanto potencial. Chaol está ausente desse livro porque a autora escreveu um spin off com ele, chamado Torre do alvorecer, que apresenta um novo elenco de personagens fora de Erilea. Quero ler, mas primeiro tenho que terminar a série com o próximo livro, Reino de Cinzas.

A jornada de Elide também foi interessante demais de acompanhar, ainda que seja previsível o que vai acontecer com ela. A jovem é inteligente, determinada, sabe se virar muito bem quando precisa. Mas eu gostaria de uma explicação sobre ela ser chamada de bruxinha por Manon. Aqui não houve qualquer menção a respeito e ainda estou esperando por ela. Sarah tem atropelado algumas coisas e me deixando bem irritada. Quero só ver o que vai acontecer no final...

O livro vem em capa comum e está bem diagramado, com uma ótima tradução de Mariana Kohnert. Mas a revisão foi um tanto apressada pelos erros que encontrei, como palavras faltando ou letras sobrando.

Obra e realidade
Assim que termino de ler um livro, procuro resenhas em outros lugares para saber o que as pessoas acharam, se deixei passar alguma coisa, o que elas acharam de determinados momentos, se tivemos a mesma opinião. E encontrei muitas opiniões parecidas com a minha com relação a vários problemas do enredo. Não faltam plot twists e cenas de batalhas bem descritas, mas tem coisas que não dá pra relevar.

Gosto de uma boa cena de sexo, bem escrita e sensual, gosto de relacionamento bem construídos, como foi o caso de Rowan e Aelin no livro anterior, mas ao passar por cima de todo o enredo político, mágico e estratégico, sem contar as atrocidades e crimes que ocorrem no livro para apenas pensar no "ship" a pessoa perde um enredo incrível de se acompanhar. Tem tantas coisas em que se pensar nesse livro (e em outros), que romance definitivamente não é minha prioridade na história e Sarah perde um tempo descomunal só descrevendo isso.

Também vou falar de como o universo de Sarah parece monotemático quando o assunto são seus personagens. São todos lindos, atléticos, magros, brancos, loiros, héteros... Percebe um padrão aqui? Sarah insere aqui e ali um personagem de cabelos escuros ou "pele dourada", mas são inserções bem tímidas e pouco expressivas diante do grande elenco de personagens que criou.

Sarah J. Maas

Sarah J. Maas é uma escritora norte-americana de fantasia para jovens adultos.

PONTOS POSITIVOS
Protagonista feminina
Suspense e ação
Um universo bem construído
PONTOS NEGATIVOS
Pontas soltas
Foco maior na paquera dela com o príncipe

Título: Império de tempestades
Título original: Throne of Glass #1
Série Trono de Vidro
0,5. A lâmina da assassina
1. Trono de Vidro
2. Coroa da meia noite
3. Herdeira do fogo
4. Rainha das sombras
5. Império de tempestades
6. Torre do alvorecer
7. Reino de cinzas
Autor: Sarah J. Maas
Tradutores: Mariana Kohnert
Páginas: 658
Editora: Galera Record
Ano: 2019
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Avaliação do MS?
Poderia dizer que este livro seja 3,5 aliens, mas acabei puxando a nota para baixo por causa dos altos e baixos de Aelin, a protagonista. Acho que tudo está apressado demais e Aelin, tão jovem, é muito mais sábia do que sua idade diz e o tempo que passa entre os eventos e lugares é apressado demais. O final... bem, achei que foi um final bombástico e cruel, mas que não teve o mesmo impacto dos livros anteriores. Sabe quando você não se comove com a cena? Enfim, três aliens para Império de Tempestades.


Até mais! 📖

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