Resenha: Coroa da meia-noite, de Sarah J. Maas

E olha eu aqui pagando a língua dez anos depois de ler Trono de Vidro! Na época em que o livro chegou, ele ainda não era o fenômeno que é hoje e sua autora não era tão conhecida como atualmente. Lembro que gostei dessa reimaginação de Cinderela, mas senti que tinham faltado explicações para uma série de acontecimentos e sobre a própria Celaena. Enrolei por dez anos para ler o segundo e uma noite insone acabou me levando ao reino de Adarlan mais uma vez!

Este livro pode conter spoilers do livro anterior!

O livro
Celaena Sardothien agora é a campeã do rei, sua assassina particular, alguém que ele manda para matar seus desafetos. Ele libera um nome para a assassina mais famosa de Adarlan e ela tem um prazo para cumprir a tarefa. É uma visão terrível vê-la chegar no salão do trono com uma cabeça humana podre em um saco preso na cintura. Mas se era brutalidade que o rei queria, era o que ela entregaria.

Resenha: Coroa da Meia-Noite, de Sarah J. Mass

Celaena aprendera as únicas habilidades que poderiam mantê-la a salvo. Para escapar da morte, se tornara a morte.

Dorian, o príncipe herdeiro, e Chaol, o capitão da guarda, se sentem confusos com a aptidão de Celaena para o assassinato e o quão feliz ela fica com as missões dadas pelo rei. Dorian e Celaena não estão mais relacionados e ele ainda se ressente por tê-la deixado ir. A assassina está cada vez mais próxima do capitão Chaol e a coisa começa a chamuscar em pouco tempo. Ainda bem que a autora não forçou um triângulo amoroso de novo, como fez no primeiro, porque definitivamente não funcionaria.

Celaena também está diferente desde o primeiro livro. Mais madura, mais centrada, sabendo que pisa em terreno perigoso estando naquela posição. Ela se apoia na princesa Nehemia, uma amiga que fez desde os tempos da competição, e com Ligeirinha, sua cachorrinha e companheira, por quem você se preocupa desde o momento em que ela aparece pela primeira vez. O castelo é imenso, cheio de mistérios, sendo um deles o tal Olho de Elena, ligado a alguma magia ancestral e ao próprio passado de Celaena.

Enquanto dá um jeito de, ao mesmo tempo, cumprir e contornar as ordens do rei quanto a seus alvos, a assassina reencontra alguém do seu passado. Alguém que vai jogá-la numa rede de resistência, magia e perigos enquanto ela circula por Forte da Fenda. As pessoas ao seu redor, como Chaol e Nehemia, têm problemas em conciliar a imagem de assassina com a moça que eles conhecem. Principalmente Nehemia, que tenta lutar com suas ferramentas para libertar seu reino, não entende porque Celaena não se mexe para mudar aquele cenário. Chega a chamar a amiga de covarde...

Era difícil se importar, percebeu ela, ao começar a caminhada de volta para o castelo. Incrivelmente difícil se importar quando não havia mais ninguém com quem se importar.

O livro, como um todo, foi bastante surpreendente. Desde a forma como assassina "mata" suas vítimas ao mistério sobre os eventos sombrios que correm pelo castelo e principalmente sob a biblioteca real. As respostas que tanto faltaram no primeiro livro aparecem neste aqui, mas geram mais perguntas, em especial quando chegamos ao final e temos revelações absurdas sobre a própria Celaena e suas capacidades. Sério, eu queria gritar, mas era madrugada, e não dava! Sarah, você me fisgou de jeito neste livro.

O rei nunca aparece muito, o que aumenta ainda mais o mistério a seu respeito. Sabemos que é um canalha, mas um canalha com muito poder, muitos soldados e muita ganância e fome de conquistas. Como que esse rei que não tinha nada de especial, nem mesmo magia, podia ter conquistado todo o continente, massacrando os outros reinos e mandando milhares de pessoas para as minas? Celaena se pergunta a respeito enquanto investiga o subsolo do castelo em busca de respostas. Mesmo que a magia tenha desaparecido do reino, algumas coisas ainda acontecem e a assassina se vê no meio delas.

O elenco de personagens secundários é muito boa e mesmo com a quantidade, não os confundimos, pois Sarah sabe descrevê-los. Uma pena que Nehemia tem tão pouca atenção e termina de um jeito inglório. Entendo como aconteceu, houve um motivo catalisador para tudo, mas foi uma pena mesmo, pois uma das poucas personagens negras da história acabou desaparecendo daquela forma. Já o capitão da guarda, Chaol, deixa que um pouco de sua casca gelada se derreta ao lado de Celaena apenas para tudo ir pro caralh*. E entenda, não foi mal escrito, foi muito bem escrito. É aquela sensação de que vai dar muita merda gritando enquanto a gente lê.

O livro foi muito bem traduzido por Mariana Kohnert e está bem revisado e diagramado. Não encontrei problemas nele, nem erros de revisão.

Obra e realidade
É fácil entender porque Sarah se tornou a rainha da fantasia com saus sagas literárias. Se valendo de feéricos e reinos encantados, ela criou personagens femininas fortes, batalhadoras, que amam e odeiam na mesma proporção, mas que não são donzelas em perigo aguardando por um resgate de um príncipe. É uma pena que obras como essa ainda despertem preconceitos em leitores que consideram "livros de menininha" ou apenas triângulos amorosos. Sinceramente, que acha isso não sabe de nada do que se passa em Adarlan.

Sarah J. Maas

Sarah J. Maas é uma escritora americana de fantasia e young adult, best-seller, com livros publicados em vários países. Seu primeiro livro, Trono de Vidro, foi escrito em capítulos separados e publicados na internet quando Sarah tinha apenas 16 anos.

PONTOS POSITIVOS
Protagonista feminina
Suspense e ação
Um universo bem construído
PONTOS NEGATIVOS

Violência

Título: Trono de Vidro
Título original: Throne of Glass #1
Série Trono de Vidro
0,5. A lâmina da assassina
1. Trono de vidro
2. Coroa da meia-noite
3. Herdeira do fogo
4. Rainha das sombras
5. Império de tempestades
6. Torre do alvorecer
7. Reino de cinzas
Autor: Sarah J. Maas
Tradutores: Mariana Kohnert
Páginas: 406
Editora: Galera Record
Ano: 2014
Onde comprar? na Amazon!

Avaliação do MS?
Em um reino que está ganhando cada vez mais complexidade conforme a série aumenta, só podemos esperar por mais ações de Celaena e um enredo surpreendente. Sarah tem essa característica de escrever primeiros livros medíocres, como Corte de Espinhos e Rosas, e depois escrever obras que a gente é incapaz de largar. Se você curte obras de fantasia que cresce e se expande, então pode se jogar nesta aqui. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


Até mais!

Já que você chegou aqui...

Comentários

Form for Contact Page (Do not remove)