Resenha: A farsa de Guinevere, de Kiersten White

Sou uma grande fã da Kiersten White por conta de sua Saga da Conquistadora, trilogia que eu amo e que está toda resenhada aqui no blog. Mas admito que a última leitura dela, Caçadora, ambientada no universo de Buffy - A Caça Vampiros, não funcionou muito bem comigo. Quando anunciaram a nova saga de Kiersten, fiquei bem ansiosa de mergulhar na lenda arturiana.

O livro
Guinevere chega a Camelot após uma viagem tensa. Árvores estranhas engolfaram estradas, como se quisessem impedir a passagem da comitiva. A missão de Guinevere é a de se casar com um desconhecido, o jovem e carismático protetor do reino, Arthur. Seu estômago dá voltas só de pensar em encontrá-lo. É preciso medir suas palavras, suas ações, sentindo que todos os olhos estão sobre ela. Claro, ela vai se casar com um disputado solteiro, todo o seu comportamento é medido. Mas há algo a mais por trás desse casamento.

Resenha: A farsa de Guinevere, de Kiersten White

A identidade de Guinevere é um segredo. Seu nome também. Essa jovem sem passado é enviada por ninguém menos que Merlim, o famoso e velho feiticeiro e parça de Arthur para proteger o jovem rei. Essa nova Guinevere atendeu ao pedido do feiticeiro e foi. E aqui entra a minha primeira crítica ao livro: não sabemos quem é essa jovem nem quando o livro termina. O livro acaba sem resolver NA-DA. Achei até que faltavam páginas, mas não, ele termina assim mesmo. E quando descobri que é uma trilogia, aí a falta de informações fez sentido.

Essa Guinevere não conseguiu brilhar e se destacar na obra. Sinto que a autora precisou segurar o desenvolvimento dela para poder ter enredo que se estenda nos três livros. O que essa Guinevere faz, principalmente, é se adaptar ao novo mundo onde é nada menos a rainha de Camelot. Esconder sua verdadeira natureza não é fácil, ela precisa disfarçar seus feitiços e inventar desculpas para proteger o rei. Em algum momento da leitura, a autora dá algumas pistas sobre o que Guinevere pode ser, mas de novo, nada é resolvido neste primeiro volume que poderia ser inteiramente uma grande introdução para o que virá no segundo livro.

Não tenho problemas com livros introdutórios, desde que eles fechem o ciclo que se desenvolveu. E aqui não acontece. Parece que tudo foi trabalhado pela metade para não entregar as surpresas. Uma pena, pois a escrita de Kiersten é ótima, adoro a forma como ela nos revela as coisas, os personagens e seus segredos, mas aqui é como se ela nunca pudesse ultrapassar a linha.

Me incomodou muito quando chegamos lá pela metade e temos uma grande revelação que me fez murchar. É como se tudo tivesse ficado inútil e uma nova história começasse sem se resolver ou se fechar. Um cavaleiro de retalhos que é um incrível personagem e que acabou por roubar a cena de Guinevere várias vezes e um Mordred pra lá de sensual que também rouba a cena de Arthur salvam o livro em vários momentos. Ou seja, os coadjuvantes acabam chamando mais a atenção do que os protagonistas. Fico pensando o que vai acontecer no próximo volume, se a autora vai entregar alguma coisa ou vai deixar para as últimas quinze páginas do terceiro.

Camelot em si, suas dinâmicas, as pessoas ao redor, os romances ocultos e os combates estão bem caracterizados. Um encontro com um determinado dragão foi algo bem emotivo e sensível. Muitas mentiras se erguem ao redor dessa Guinevere, mas ficamos só nisso aí mesmo. Foi frustrante chegar ao final e não ter pelo menos uma resposta, uma resolução, uma direção. Acabou e foi isso aí.

As mulheres se tornam mais fortes quando suportam a dor uma das outras. Sofremos um pouquinho cada. Ninguém morre, e todas saramos juntas.

Não li o livro físico, li o ebook, mas encontrei problemas de revisão nele. Parece que a Plataforma 21 estava com pressa de publicar e passou por cima de uma revisão mais cuidadosa. A tradução foi de Lavínia Fávero e está muito boa.


Ficção e realidade
Nunca fui muito fã das lendas arturianas. Pra falar a verdade, meu filme favorito sobre Arthur e seus cavaleiros é justamente aquele com o Clive Owen, em que ele é um soldado comum, sem nenhum tipo de magia. Achei que fosse achar chata a magia criada por Guinevere, mas gostei muito do fato de o livro focar no desenvolvimento de seus personagens e não na magia em si. Isso pode incomodar algumas pessoas que esperam pelos grandes protagonistas das lendas arturianas.

Kiersten White

Kiersten White é uma escritora norte-americana de livros infantis e para jovens adultos. Nascida em Utah, é formada em língua inglesa e mora em San Diego, Califórnia com a família.

Fingir tinha uma espécie de magia poderosa. Quando alguém finge por muito tempo, quem pode dizer o que é ou não real?


Pontos positivos
Brangien
Lancelot
Camelot
Pontos negativos
Guinevere
Final em aberto

Título: A farsa de Guinevere
Título original em inglês: The Guinevere Deception
Série Camelot Rising
1. A farsa de Guinevere
2. The Camelot Betrayal
3. The Excalibur Curse
Autora: Kiersten White
Tradutora: Lavínia Fávero
Editora: Plataforma 21
Ano: 2020
Páginas: 384
Onde comprar: na Amazon!


Avaliação do MS?
Não digo que o livro é de todo ruim. O cavaleiro de retalhos acabou se mostrando uma excelente surpresa. Mas o livro poderia ser muito mais. Tinha bastante potencial, mas entrega um livro morno, com pouca ou nenhuma revelação importante, tirando a péssima revelação lá pelo meio do livro. Espero de verdade que a recompensa por toda essa lenga-lenga seja muito boa no próximo volume. Três aliens para o livro.


Até mais!


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Comentários

  1. Ahhhh não sabia dessa trilogia arturiana! Lerei assim que concluir A Conquistadora.
    Amo a temática, que parece que esteve em alta nos anos 70, 80 e até 90, mas apartir dos anos 2000 eu nao conheci nada

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