Os planetas na ficção científica

Se tem uma coisa que todo autor, entusiasta, fã, trekker ou admirador da ficção científica pode se orgulhar é de a ciência finalmente ter conseguido provar é que não só Giordano Bruno estava certo, como também estavam os autores que criaram os grandes e fantásticos enredos que ainda hoje nos maravilham. A ciência já mostrou que existem centenas de planetas extrassolares e o número aumenta todos os dias, inclusive com planetas semelhantes à Terra em tamanho e em composição.




Mesmo que os povos antigos conhecessem os planetas por observações do céu que os diferenciavam das estrelas, não foi antes de Galileu que a diferenciação entre ambos realmente aconteceu. Os povos antigos, em especial os egípcios, sabiam que aqueles pontos de luz que não piscavam no céu tinham um comportamento diferente do restante das estrelas. Logo, deviam ser outra coisa. Foi Galileu quem deu a estes mundos uma nova roupagem e um novo lugar no céu. Galileu e Copérnico, de fato, materializaram os planetas. As observações da superfície da Lua mostraram que era possível haver superfície nestes corpos e quem sabe, até vida.

O alvo predileto para se compor enredos de ficção científica era a Lua, em especial pela facilidade de sua observação. Mesmo que Christiaan Huygens, em seu livro, Cosmotheoros (1698), admitisse a possibilidade de vida em outros planetas, até então não era explorada na ficção científica. E ainda assim, obras como Die Geschwinde Reise auf dem Lufft-schiff nach der obern Welt ("A Rápida Viagem da Aeronave pelo Mundo Superior") de Eberhard Kindermann (1744), tratavam o assunto de maneira satírica, sem nenhum embasamento ou maiores detalhes da viagem ou do que havia nestes lugares.

A evolução na aparelhagem de observação no século XIX alavancou a produção do gênero. Marte se tornou o destino preferencial assim que as primeiras observações apontaram canais, vales, planícies e montanhas semelhantes ao que se tinha na Terra. Tanto que Giovanni Schiaparelli, em 1877, disse que Marte era um lugar propício à vida.

Vênus também foi alvo do imaginário popular quando em 1918, Svante Arrhenius, observou que a densa cobertura de nuvens do planeta era constituída por água e que portanto sua superfície estaria coberta de florestas maduras e pântanos. Vários autores imaginaram animais gigantes, plantas exóticas e carnívoras e espelharam as sociedades humanas às sociedades "venusianas".

Viagem à Lua de 1902, baseado na obra de Júlio Verne

Com o avanço da ciência em especial na corrida espacial, foi possível verificar que tanto a Lua, quanto Marte e Vênus não eram os lugares até então idealizados pela ficção científica bastante incipiente da época. E aí a partir daí que planetas mais distantes são buscados pelos autores. Mesmo que a ficção não detalhe com bastante riqueza estes planetas, pois eles acabam servindo apenas como portos de entrada e saída no enredo, eles são definitivamente uma expressão marcante no gênero.

Séries de TV exploram os ambientes extrassolares e apresentam mundos muito semelhantes ou levemente diferentes, dependendo do contexto. Star Trek foi um dos marcos da FC, ao mostrar não só planetas como civilizações avançadas entrando em contato com humanos e interagindo com eles. É notório também o quanto estes mundos são cópias quase exatas da Terra em alguns universos criados pelos autores. Mas devemos dar um desconto. Não temos ainda a exata noção de como estes novos mundos são nem se podem suportar vida. E simular condições fora da Terra é também um recurso caro. Mas de uma coisa a ficção científica sempre teve certeza. Eles estavam lá o tempo todo.

De uns tempos para cá, a ficção científica tem mostrado planetas cada vez mais diferentes da Terra. Stargate foi notória nisso, mostrando lugares que antes foram paraísos e que depois de milhões de anos transformaram-se em planetas hostis. Outro planeta a se destacar é Cybertron, um planeta mecânico lar dos Transformers, que foi construído, visto que se seus habitantes são todos máquinas. Também precisamos lembrar que o conceito de planeta acaba soando vago quando luas do tamanho do planeta Terra, como aquela do filme Avatar, ligeiramente menor, são encontrados. Chamamos de lua ou planeta?

De qualquer forma, a ficção científica pode se orgulhar de suas previsões, mesmo que isso não seja uma obrigação, a da previsão. Cabe aos novos autores descobrir o novo e inventar novas realidades.

Até mais!

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