Os exoplanetas


Giordano Bruno (1548-1600), escritor, filósofo, teólogo e frade dominicano italiano defendeu a tese de que não só o Sol não girava em torno da Terra e que o Sol não era o centro do universo, como também ousou dizer que o universo estava recheado por outras estrelas e planetas, onde vida inteligente poderia surgir. Em seu tempo isso era uma heresia, mas suas ideias só puderam ser provadas quando a ciência teve certeza que, de fato, existiam planetas fora do nosso sistema solar.



Apesar de séries e filmes de ficção científica sempre mostrarem planetas exóticos, alguns bastante hostis à nossa presença, a confirmação de que um exoplaneta existia veio aos poucos, por várias observações esporádicas pelo mundo. Quando falamos exoplaneta, sempre nos referimos a um planeta que não sejam aqueles existentes no nosso Sistema Solar. Na literatura você também pode achar os termos planeta extra-solar ou extrassolar com a mudança ortográfica.

Mas como são estes exoplanetas? Até agora a impressão que os cientistas têm é de que há uma divisão. De um lado os planetas do nosso sistema e do outro todos os exoplanetas já descobertos de tão intrigantes e diferentes que eles são. Ao contrário da ficção científica que sempre mostra planetas agradáveis, iguais à Terra e com vida inteligente em quase todos eles, este novo grupo de corpos celestes é hostil, gigante e diferente do que vemos aqui no nosso canto do cosmos. E a tendência, é que encontremos mais coisas estranhas. De 1991 até os dias atuais, mais de 1600* planetas extrassolares já foram descobertos e o número deve aumentar, já que as estimativas sugerem que cerca de 30% das estrelas pelo universo possuem planetas. Alguns cientistas apostam até em 50%, mas se pensarmos que na nossa galáxia, a Via Láctea, existem pelo menos 100 bilhões de estrelas, mesmo que apenas 30% delas tenham planetas, nem que seja um solitário, já é um número para lá de considerável.

Concepção artística do pulsar PSR1257 - NASA/JPL

E qual foi o primeiro? Em 1992, um grupo de cientistas calculou que era muito provável que dois corpos celestes orbitassem o pulsar PSR1257, chamados posteriormente de PSR1257b e PSR1257c (criativos não?). Eles devem ser o que restou da explosão da supernova, que ejetou o gás de gigantes gasosos deixando seus núcleos rochosos ou formaram-se após o evento. Só foi possível descobri-los por observação indireta, pelas mudanças orbitais no pulsar, pois ainda não temos equipamentos sensíveis o bastante para uma visão clara e precisa.

De fato, são estas limitações que não permitem a descoberta de planetas pequenos, como a Terra. Todos os planetas já observados fora do nosso sistema são grandes, muito maiores que Júpiter. E ainda assim existem apenas concepções artísticas pois não é possível vê-los diretamente. O fato de muito deles serem próximos demais de suas estrelas impede que eles tenham água em estado líquido e temperatura agradável, duas principais características para suportar vida.

É apenas questão de tempo, no entanto. A tecnologia avança a galopes, rápido demais para acompanharmos. Os cientistas estão confiantes de que estes corpos estão por lá. Basta poder identificá-los. Se Giordano Bruno já tinha certeza há 500 anos, vamos duvidar disso agora?

Em breve, uma postagem falará sobre alguns dos estranhos exoplanetas já identificados e outra falará como estes objetos são identificados. Até breve!

*Número de planetas atualizado em fevereiro de 2016.


Pulsar - estrela de nêutrons em rápida rotação, sendo um remanescente superdenso de estrelas supermassivas que explodiram em supernovas.


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