Resenha: O fim de todas as coisas, John Scalzi

Último livro lançado da saga de Guerra do Velho, o título já diz tudo, né? Mas Scalzi, com o prolífico escritor que é, lançará ainda em 2025 uma nova aventura da série. Enquanto o livro novo não vem, acompanhamos a situação da União Colonial e do Conclave e como tudo se resolveu no final. Alguém saiu vivo disso tudo??

Pode haver spoilers dos livros anteriores!

O livro
Sabemos pelo livro anterior, A humanidade dividida, que praticamente não há esperanças de a Terra voltar a integrar a União Colonial. Nosso planeta foi mantido por muito tempo no escuro, apenas um reservatório de recursos humanos, sem receber os benefícios da União, nem terem permissão para explorarem o espaço. Mas lá fora não existe apenas a União Colonial. Existe também o Conclave, que reúne centenas de espécies alienígenas e também uma organização misteriosa que está por trás do sumiço de naves e suas tripulações, chamada de Equilibrium, que já conhecemos do livro anterior.

Resenha: O fim de todas as coisas, John Scalzi

A humanidade não vale a dor de cabeça que dá.

O livro é composto por quatro novelas mais ou menos independentes, mas que se conectam por meio dos personagens, alguns deles já conhecidos de obras anteriores. Funcionando como capítulos, logo no primeiro conhecemos Rafe Daquin, capturado pelo Equilibrium tão logo começa a trabalhar numa nova nave. Seu cérebro então é retirado de seu corpo e colocado em uma caixa, de onde passará a controlar uma antiga nave de carga, a Chandler. Transtornado em um primeiro momento pela situação toda, Rafe é esperto e começa a conhecer o sistema onde está inserido e suas falhas. Assim ele consegue enganar o Equilibrium e fugir.

Das quatro novelas do livro, admito que essa foi a que eu mais gostei. O humor de Rafe é contagioso e mesmo sabendo que está na merda, ele procura maneiras de sair dela e enganar seus captores. Eles prometeram que devolveriam seu corpo depois do serviço, mas ele sabe que isso é mentira. Essa capacidade de enxergar através das mentiras e de não se arragar a falsas esperanças o torna muito humano, ainda que seja só um cérebro numa caixa.

O capítulo, ou novela, seguinte se passa no Conclave a crise interna que seu líder, o general Tarsem Gau está enfrentando. Nem todas as espécies alienígenas lá dentro são favoráveis à humanidade. Na verdade, alguns deles querem mais é nos exterminar mesmo, já que a gente só dá trabalho e nenhum retorno positivo. Mas é também uma história daquelas que nos avisam sobre os riscos de se tentar entender algo muito diferente de você. Violência não deve ser uma resposta à violência e sim a diplomacia. Mas nem todos no Conclave pensam assim.

Essa questão da violência é discutida na próxima novela, onde os métodos das Forças Coloniais de Defesa são bastante questionados, até mesmo entre seus soldados. A maneira como a União Colonial tenta impedir a independência de colônias, por exemplo, é sempre por meio de intervenção militar. Em um dado momento, um deles fala que a UC é um "rebosteio fascita, chefia" (aliás, a tradução da edição tá show de bola). Se muita gente achou que Guerra do Velho era um livro fascista, e sinceramente não é, pois Scalzi já faz essas críticas desde primeiro livro, então esse aqui tem a tendência a mudar algumas cabeças.

Quando chegamos ao final, eu esperava por aqueles encerramentos dramáticos que só o Scalzi sabe fazer. Os personagens estão tentando impedir que a União Colonial, o Conclave e o Equilibrium entrem em uma guerra civil que só trará destruição a todos. Mas não temos o grande final, sabe? Não temos aquela resolução que eu esperava. Talvez o autor já tivesse essa ideia de continuar o enredo em um novo livro. Só sei que terminei com essa clara impressão de que há mais para se contar. Porém, se o que o autor queria era terminar evitando um grande conflito, então acho que ele conseguiu.

(...) o problema não é eu ser paranoico. O problema é que o universo não para de justificar minha paranoia.

A tradução de Adriano Scandolara está ótima e praticamente não há grandes problemas de revisão ou diagramação.

Obra e realidade
A maturidade do autor fica bem evidente neste volume. Se formos comparar esse livro com Guerra do Velho, é possível perceber que Scalzi amadureceu ideias, escrita e intenções. Uma de suas características que menos gosto, no entanto, é o fato de ele não perder tempo descrevendo personagens. Principalmente quando são alienígenas, que a gente depende de descrições bem feitas, com o autor não temos nenhuma.

Fora isso, a série Guerra do Velho é uma ótima pedida para quem gosta de space operas e ficou com aquele vazio existencial depois do fim de Babylon 5 e Battlestar Galactica, pois intriga e política é o que mais vemos nestes livros.

John Scalzi

John Scalzi é um premiado escritor norte-americano de ficção científica e ex-presidente da Science Fiction e Fantasy Writers of America.

PONTOS POSITIVOS
Rafe Daquin
Cérebro numa caixa
Alienígenas
PONTOS NEGATIVOS
Personagens rasos e mal descritos
Preço!

Título: O fim de todas as coisas
Título original: The End of All Things
Série Guerra do velho
1. Guerra do Velho
2. As brigadas fantasma
3. A última colônia
4. O conto de zoe
5. A humanidade dividida
6. O fim de todas as coisas
Autor: John Scalzi
Tradutor: Adriano Scandolara
Editora: Aleph
Ano: 2023
Páginas: 352
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Cheguei ao final um tanto decepcionada porque esperava por algumas resolução e respostas que o autor não nos deu. Este é o livro que mais deixa perguntas. Tudo bem, o autor continuou com um livro novo que sai agora em 2025, mas ele deveria ter fechado os arcos que abriu, pois em livros anteriores ele o fez. Três aliens para o livro.


Até mais! 🧠

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