Ler John Scalzi é um caminho sem volta. Quando você vê, já está quase terminando a série de livros de Guerra do Velho e nem sabe como isso aconteceu. Com apenas uma breve menção a John Perry, o velho protagonista desde o começo, o foco aqui é em outro grupo de personagens que não necessariamente se gostam, mas que acabam trabalhando bem juntos quando uma ameaça começa a crescer para cima do Conclave e da União Colonial. Lembrando que pode haver spoilers dos livros anteriores!
O livro
Este é o quinto livro da série Guerra do Velho e, como o próprio título diz, a humanidade está dividida. Depois dos eventos bombásticos dos livros anteriores, a Terra está bem chateada por ter sido mantida à parte de todos os eventos interessantes do universo, controlado pela União Colonial. Então, uma parte da humanidade quer continuar com a União Colonial, enquanto a outra está contemplando uma aliança com um grupo de civilizações alienígenas, chamada de Conclave. Se você leu os dois livros anteriores, sabe do que estou falando.
Já aprendi com o tempo que eu, assim como todo mundo, não sei porra nenhuma.
Começamos já trabalhadas na emoção. Uma nave diplomática chega a um ponto de encontro onde abriria discussões com uma espécie alienígena. Ela acaba atacada violentamente, sem nenhum sobrevivente, deixando nada além de uma tênue nuvem de resíduos de sua constituição. A partir daí, começa nossa aventura no universo da União Colonial, onde saltamos para mundos e sistemas solares diferentes perseguindo um inimigo que ninguém consegue ver.
Diferente dos livros anteriores, focados em operações militares, aqui o foco é na diplomacia e na criatividade. Separados em várias histórias paralelas, temos um grupo muito interessante de personagens, mas boa parte da ação ocorre na União Colonial e no Conclave, com participações especiais da Terra. O tenente Harry Wilson é o contato das Forças Coloniais de Defesa na equipe diplomática, um dos idosos que deixou a Terra junto de John Perry e foi recauchutado em um corpo novo e verde.
Os eventos aqui acontecem quase que imediatamente após o final de A última colônia e O conto de Zoe. Logo que o livro começa, Scalzi nos apresenta o grande problema que a União Colonial está enfrentando: a falta de recursos humanos com a perda da Terra. Nosso planeta foi mantido no escuro por muito tempo, enquanto fornecia soldados para a expansão humana pela galáxia. Mas sem ter onde buscar mais recursos, a perspectiva de expansão diminuiu drasticamente. E se a Terra se aliar ao Conclave, aí a UC está ferrada de verdade.
O livro carrega aquele bom humor crítico de Scalzi e se aprofunda no universo da série em treze episódios que podem ser lidos de maneira independente. O que mais se destaca aqui é o uso da diplomacia, algo que não era muito frequente, principalmente nos dois primeiros livros. Se os soldados verdes da União Colonial eram os protagonistas nas ações, aqui a grande protagonista é a embaixadora Ode Abumwe, que vive às rusgas com Wilson em vários momentos. Também há várias situações insólitas, como quando Wilson é convocado para vigiar o cão de uma diplomata de alto escalão e o bichinho acaba causando um grande incidente interplanetário. Você vai soltar boas gargalhadas com algumas cenas impagáveis.
O universo de Scalzi é recheado de alienígenas, centenas de espécies, mas o autor não perde tempo algum em descrevê-los. Nem os humanos, mas conosco já sabemos a configuração básica. Seus alienígenas parecem todos iguais e dificilmente Scalzi solta uma descrição a respeito. Talvez para dizer que um deles é bem alto e é só. Uma pena, pois eu gostaria de ver melhor esses indivíduos e não temos isso aqui. Boa parte das ações nas histórias de Scalzi acontecem nos diálogos, então se você não curte esse tipo de enredo, pode se decepcionar aqui.
Todos temos um leque de possibilidades dentro de nós. Pessoalmente, não espero muita coisa dos outros. Mas, da minha parte, sempre que possível, tento não ser um completo arrombado.
Gostei muito de ler um enredo mais complexo do que aqueles que vimos nos livros anteriores. Há muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e por isso é preciso prestar atenção nessa grande constelação de personagens. Também preciso avisar que o final é em aberto, então não sabemos o que está acontecendo nos bastidores. Geralmente, Scalzi finaliza o arco aberto em seus livros e aqui ele não fez isso. É um final bombástico, só que não oferece todas as respostas.
Bem diagramado e revisado, a tradução ficou por conta de Adriano Scandolara e está ótima. Não encontrei grandes problemas durante a leitura.
Obra e realidade
Originalmente, o livro foi publicado online em treze episódios de 15 de janeiro e 9 de abril de 2013. Depois, os contos foram reunidos e complementados com contos inéditos, dando forma à obra que encontramos aqui. Devo dizer que gostei muito desse formato e da complexidade do enredo. Scalzi conseguiu abraçar grandes discussões e situações ao longo da leitura, mostrando uma escrita mais madura do que aquela que encontramos em Guerra do Velho. E não me entenda mal, eu gosto da série toda, mas aqui dá para perceber o quanto o autor amadureceu sem perder suas características fundamentais, como o bom humor.
John Scalzi é um escritor norte-americano de ficção científica e ex-presidente da Science Fiction e Fantasy Writers of America.
PONTOS POSITIVOS
Space opera
Harry Wilson e Ode Abumwe
Alienígenas
PONTOS NEGATIVOS
Personagens rasos
Preço!
Space opera
Harry Wilson e Ode Abumwe
Alienígenas
PONTOS NEGATIVOS
Personagens rasos
Preço!
Avaliação do MS?
Se você procura uma grandiosa space opera para se divertir, então encontrou! Ela complementa e amplia o universo de Guerra do Velho e nos oferece uma nova perspectiva dos eventos que vimos acontecer nos primeiros livros. Você verá diplomatas sob fogo, naves espaciais sequestradas, atentados terroristas e um final avassalador que vai te prender até o próximo livro. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!
Até mais! 🪐
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