A civilização vai acabar um dia

Você tem medo do escuro? Quantas horas por ano você fica sem luz? E do silêncio? Você tem medo? Pergunto isso presumindo que você esteja em uma cidade grande ou razoavelmente grande, com acesso à internet para poder ler este conteúdo. Portanto, posso imaginar que você também viva cercado de eletricidade, produtos industrializados, barulho do trânsito, do vai e vem de pessoas e de aviões. Pois é... Isso vai acabar. Mas não quer dizer que seja bom.





Quando estudamos História na escola vemos as grandes civilizações do passado, seu legado, seu simbolismo, seus monumentos. Particularmente, a antiga civilização egípcia sempre me fascinou. Vai ver é por isso que sou tão fã de Stargate. A questão é que nós vemos civilizações que morreram nas areias do tempo, deixando legados indeléveis, de fato, porém talvez nunca conheçamos realmente seus modos de vida, seu cotidiano, seu humor. Isso se perdeu. Foi-se.

E assim como egípcios, gregos, romanos, maias, incas um dia a nossa civilização, tal como conhecemos, também terá um fim. Ninguém pensa muito nisso, mas a ficção científica já mostrou vários universos possíveis. Podemos apenas trocar de um modo de vida e de sistema econômico para outro ou podemos praticamente voltar para a Idade Média. No final, perderemos alguma coisa e posso apostar que boa parte dela estará relacionada ao conforto da vida moderna, à conectividade, à internet.

Pode não parecer, mas nossa civilização é extremamente frágil. Não consigo ver como a raça humana possa ser extinta (num futuro breve) já que somamos mais de 7 bilhões até o momento. No entanto, a estrutura da civilização, suas bases nevrálgicas são extremamente frágeis, podendo causar o sofrimento de bilhões de pessoas com a ruína de apenas uma delas. E aí fica a pergunta: como sobreviver a esse mundo novo, quase medieval ou pré-industrial? Como esquecer dos confortos e facilidades da vida moderna quando se tem tudo ao alcance do click?

Eu imagino que muita gente vá surtar com a queda dos serviços mais básicos. Eu teria sérias dificuldades logo após a queda da civilização. Estamos tão destreinados para sobreviver que posso prever saques em massa, invasões, roubos, tráfico de influências para proteger os poderosos, mas seria uma questão de tempo até todo mundo perceber que aquele mundo de antes não existe mais. E o instinto de sobrevivência pode fazer surgir um monstro dentro de cada um de nós que talvez nem soubéssemos que existia.

Temos as tecnologias verdes? Sim, temos, mas elas são tão inexpressivas no contexto geral que no final beneficiaria alguns poucos. E aí poderíamos ter uma elite com energia controlando as massas sem ela. Imagine São Paulo, com mais de 35 milhões de pessoas na região metropolitana completamente sem luz e talvez consiga imaginar o cenário ideal de caos.

Os cinco pontos nevrálgicos de qualquer civilização são:


Tire qualquer uma delas do contexto e você verá a civilização cair em pouco tempo. Já temos problemas com população, água e clima. Em algumas regiões o péssimo manejo vem causando diminuição de colheitas e empobrecimento do solo, em alguns casos levando à desertificação. São Paulo está pagando por sua negligência ao não pensar no abastecimento de água para o futuro, contando apenas com a benevolência da mãe-natureza. Agora, o reservatório do Sistema Cantareira está abaixo dos 13% justamente na época mais seca do ano para a região sudeste (outono-inverno).

Pretendo lidar com cada ponto frágil da civilização nas próximas postagens, mas se posso indicar uma leitura é Colapso, de Jared Diamond, talvez um dos melhores livros a tratar do assunto, mostrando sociedades que conseguiram evitar a ruína e aquelas que caíram fundo nela.

Até mais!


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