Christelle Dabos encantou as leitoras brasileiras com sua incrível fantasia Os noivos do inverno e ficamos ansiosas pela continuação. Este é um mundo destruído, onde as pessoas vivem em arcas, tipo cidades flutuantes, cada uma com seu espírito familiar próprio, responsável pelas pessoas e pela arca. Neste segundo volume, Ophélie, nossa protagonista, terá que aprender a jogar o jogo da corte se quiser sobreviver até seu casamento.
O livro
Começamos quase que imediatamente depois do final do primeiro, então não há passagem do tempo significativa entre uma obra e outra. Ainda me incomoda muito como a autora descreve Ophélie como se fosse uma criança. Ela é uma adulta, praticamente, não uma criança de 5 anos, que quebra as coisas e sai tropeçando por aí, sem controle do próprio corpo. Ela melhorou muito de um livro para outro. Neste aqui ela tem mais trejeitos adultos do que no primeiro e a autora reduziu e muito as repetições desnecessárias que vimos tanto no primeiro.O casamento de Ophélie com Thorn, o intendente da arca da Cidade Celeste, está marcado e muitas coisas ainda vão acontecer até chegar o fatídico dia. Ainda não consigo engolir esses dois como um casal. Não tem química, não tem nada entre esses dois além de um ar congelante. E são personagens bem construídos, só acho que eles não deveriam ser um casal. A tia de Ophélie, Rosaline, aparece bem pouco neste volume quando comparado ao primeiro. Ainda assim gostei muito mais deste livro, pois a escrita está mais madura e ainda que no enredo tenha muita coisa acontecendo ao mesmo tempo, você não se perde.
Farouk é o espírito familiar da Cidade Celeste e o casamento de Thorn o tornará capaz de realizar a leitura no famoso livro que ninguém, nem mesmo Farouk, consegue ler. Essa leitura vem de Ophélie, que é capaz de captar sensações de todas as pessoas que utilizaram e tocaram um determinado objeto. Farouk tem sérios problemas de memória. Vive com um assistente ao lado anotando as coisas em um diário para não esquecer.
Mas Ophélie tem um problema: ela começa a receber ameaças anônimas e que a alertam para que não se case com Thorn. E quando pessoas da corte começam a desaparecer de um dos lugares mais seguros da Cidade Celeste, ela começa a perceber que seu casamento e estes estranhos eventos podem estar interligados. Ela vai conseguir chegar a fundo no caso? Vai sobreviver até o casamento? Vai compreender melhor seu próprio noivo?
Se Ophélie tinha aprendido alguma coisa na vida, era que os erros eram indispensáveis para construir.
Página 203
A desastrada, caricata e numerosa família de Ophélie aparece novamente neste livro e me irritou em alguns momentos no quanto eles não confiavam em Ophélie e queriam levá-la de volta para casa como se nada tivesse acontecido naqueles últimos meses. A forma como a protagonista retoma o controle de sua vida é ótimo, bem escrito, você torce por ela e acaba com um final que vai lhe obrigar a ler o terceiro livro, pois um grande mistério se avizinha. Os fragmentos de memória que vemos entre os capítulos também me pegaram de surpresa e ajuda a aumentar a compreensão das arcas e como o mundo chegou àquele ponto.
O livro em si segue o padrão do primeiro, com um esquema da arca da Cidade Celeste e uma árvore genealógica para entendermos quem é quem. A tradução ficou na mão de Isa Próspero e está ótima. A revisão, porém carece de um cuidado maior com coisas bobas como letras não batidas ou batidas demais. Tome cuidado com as letras douradas da capa. Fiquei esfregando o dedo nas letras, de tanta ansiedade durante a leitura, que parte da tinta saiu na mão!
Obra e realidade
Ophélie precisa caminhar muito para chegar ao ponto em que passa a confiar mais em si mesma e em seu julgamento. Para todos, até para Thorn, até mesmo seus pais, ela é uma garotinha que precisa de proteção. Com tudo o que foi obrigada a enfrentar e a viver, ela evolui muito a ponto de confiar mais em si, em ter a segurança de estar fazendo a coisa certa. Ela também é inteligente, deduz as coisas rapidamente, analisa os fatos que têm em mãos e chega a uma solução. Ela nem parece a "criança" desastrada do primeiro livro e curti muito sua evolução até aqui.Christelle Dabos mora e trabalha na Bélgica, mas é originalmente da região de Côte d'Azur, na França. Em 2013, ela ganhou o prêmio de melhor livro juvenil com La Passe-miroir. Christelle disse que se inspirou no livro de Marcel Aymé, Le Passe-muraille, sobre um homem que podia atravessar paredes. Os dois primeiros volumes da trilogia ganharam o Grand Prix de l’Imaginaire, e vem sendo comparado a outras grandes séries juvenis, como Harry Potter.
Pontos positivos
Protagonista femininaAs Arcas
Criativo e bem escrito
Pontos negativos
Revisão
Avaliação do MS?
Foi uma excelente leitura, uma excelente jornada. Pudemos conhecer melhor os personagens, pudemos acompanhar a evolução de Ophélie e como ela vê o mundo em que vive. Só espero que o terceiro volume venha logo, pois estou bem curiosa para saber mais e acompanhar os personagens mais uma vez. Quem curte uma boa fantasia, vai curtir essa série! Quatro aliens e uma forte recomendação para você ler também!Até mais!
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