A continuação de Brilho, de Amy Kathleen Ryan, finalmente chegou ao Brasil. É hora de saber o que aconteceu com a nave Empyrean, uma nave-mundo que ruma para uma Terra nova e que entrou em conflito com sua nave-irmã, a New Horizon, tomada por uma líder fundamentalista, disposta a tudo para sobreviver.
O livro
A Empyrean precisou se adaptar a viver sem os adultos. Crianças e adolescentes estão no comando da nave, enquanto uma parte dos adultos é refém da nave-irmã New Horizon. A outra parte morreu na invasão. Após uma fuga que tinha tudo para dar errado, as meninas que também tinham sido levadas no primeiro livro conseguiram voltar. Mas o ambiente que elas encontram é tudo, menos hospitaleiro. Um culto estranho e fundamentalista foi iniciado pelo "capitão" Kieran, que tomou o comando e se tornou um tipo de pastor, enquanto aquele que tentou se opôr a ele foi jogado na prisão.
Waverly, a líder das meninas sequestradas e ex-namorada de Kieran, é mal vista pela maioria. Foi dela a decisão de deixar a New Horizon, deixando os pais de todo mundo, inclusive sua mãe, lá. Mas Waverly não poderia ter salvado todo mundo. Uma amiga já tinha morrido e ela precisava voltar para a Empyrean. Enquanto isso, Kieran faz de tudo para transformar Seth, seu opositor num vilão abominável, culpado por tudo o que acontece de errado na nave. Mas na verdade, existe um sabotador à bordo.
A principal preocupação de Waverly é que Kieran está cada vez mais parecido com a líder fundamentalista da New Horizon e ela lembra bem o modo como foram tratadas e usadas na outra nave para temer pelos colegas. A nave vem sendo sabotada frequentemente e Kieran não quer enxergar que Seth nada tem a ver com isso. Cego para o real perigo, ele pode acabar destruindo a Empyrean e o futuro em Terra Nova.
Os personagens criados por Amy são tão irritantemente reais que em alguns momentos são adoráveis, em outros você quer segurá-los pelos ombros e sacudir para tirá-los da hipnose. A autora conseguiu criar personagens que são críveis, que oscilam entre o bom e o mau, pessoas com quem podemos nos identificar, mesmo que a maioria deles seja composta de adolescentes. Assim como no primeiro livro, temos debates acalorados sobre religião, fanatismo, política, amor, confiança, amizade. Conhecemos melhor os personagens em Centelha, enquanto o primeiro retrata mais a questão tensa e não resolvida entre as duas naves.
Infelizmente, os mesmos problemas de revisão e tradução, com a excessiva repetição de termos do primeiro livro, ocorrem em Centelha. Além de não terem traduzido termos como "airlock", eles são repetidos tantas vezes, que deixa a leitura cansativa e por muitas vezes amadora. Coisas do tipo:
_ Como assim na airlock?
_ Sim, na airlock!
_ Tem certeza que foi na airlock?
_ Claro que foi na airlock, só pode ter sido na airlock.
Ficção e realidade
A trilogia de Amy trata de um enredo que já vimos em outras franquias, com crianças e adolescentes precisando sobreviver longe dos adultos. O que num primeiro momento parece ótimo sem a constante supervisão, normas e regras, desmorona no segundo momento. É uma ótima maneira de mostrar a queda de uma civilização sem normas e regras, sem termos para facilitar e regrar o convívio entre as pessoas.Assim como qualquer pessoa, os jovens e crianças presos na nave cometem erros. Alguns levam a situações terríveis que acabam atingindo aos outros e levando a dramas pessoais muito sérios. Eles precisam se preocupar com o agora, com o presente, ou nunca terão um amanhã. Desta forma, não vemos reflexões exageradas sobre o futuro, nem o que vai acontecer quando as naves chegarem em seu destino.

Amy Kathleen Ryan é uma escritora norte-americana, nascida no Wyoming. É formada em Antropologia e Língua Espanhola, e foi na universidade que começou a ter aulas de escrita criativa.
Waverly havia conhecido o medo antes, mas este terror no fim de sua vida tinha sido algo novo. Algo que a tornava oca, que a degradava, a transformava em nada mais do que pulmões sem ar e cérebro sem sangue.
Pontos positivos
Ficção científicaDistopia e espaço
Personagem feminina
Pontos negativos
Repetição excessiva de termosEstrangeirismos
Avaliação do MS?
Muitas vezes, os segundos volumes de uma trilogia são transições meio monótonas ou com pouca informação. Não é o caso de Centelha. Temos muita ação, situações tensas e conflitos logo que o livro começa, pois ele segue imediatamente o final de Brilho. Amy tem uma narrativa fluída, sem tropeços, bastante gostosa de ler. Brilho e Centelha contém todos os ingredientes que gostamos num livro de FC: personagens fortes e críveis, ciência, conflitos. E tem o adicional de acontecer em uma nave. Fica a sugestão de leitura para você. Quatro aliens para o livro.
Até mais!
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