Resenha: O Destino de Tearling, de Erika Johansen

Desde que li A Rainha de Tearling, que virei fã da rainha Kelsea e sua luta para manter o reino e o sonho de William Tear intactos. Infelizmente, seu reino já está praticamente perdido. A corrupção e a ganância infestaram todos os cantos do reino e tudo o que Kelsea agora pode fazer é sobreviver e desvendar o passado para salvar o futuro de todos.

Esta resenha pode conter spoilers dos livros anteriores!

O livro
A rainha Kelsea lutou muito nos livros anteriores para salvar seu reino, mas no final de A Invasão de Tearling, a única maneira de manter seu povo vivo era se entregando à Rainha Vermelha. Eu achava que as duas logo teriam um embate mortal ou algo assim no começo deste terceiro livro, mas a autora acabou mudando de rumo completamente. Kelsea se vê conversando com a rainha, conhecendo melhor aquela mulher e suas motivações. Quem sabe até começando a compreendê-la. Admito que, em um primeiro momento, me decepcionou, mas depois vi uma mulher traumatizada apoiando a outra a se livrar dos medos e das mágoas do passado e aí entendi porque eu gosto tanto dessa trilogia.

Resenha: O Destino de Tearling, de Erika Johansen

Essas pessoas sentem tanto orgulho de seu ódio! O ódio é fácil e, ainda por cima, preguiçoso. É o amor que exige esforço, o amor que cobra um preço de cada um de nós. O amor tem um custo; esse é o valor dele.

O que antes se erguia como uma ameaça ao Tearling, Mortmesne, agora muda de foco. Uma criatura antiga, rancorosa, que está tornando crianças em assassinas, está avançando sobre os reinos. Enquanto isso, Kelsea precisa continuar visitando o passado, desta vez na pele de uma jovem chamada Katie, para tentar entender o que deu errado no Tearling e como pode consertá-lo. Clava continua como Regente na ausência da rainha, cargo que ele odeia e precisa lidar com a politicagem e mesquinharia de nobres e da igreja sem esganar ninguém.

Os três livros tratam de muitos assuntos: violência sexual, opressão, guerra, fanatismo religioso, força feminina, lealdades. Especialmente fala de como a raça humana pode desvirtuar sonhos e projetos, por mais bem elaborados que eles sejam. Kelsea e os personagens secundários certamente se destacam, mas o que mais me atraiu foi a forma como Erika construiu o enredo. Você começa pensando em uma fantasia, depois passa para uma viagem interdimensional, ainda que certos aspectos mágicos permaneçam. Erika não dará todas as respostas e neste caso aqui não me incomodou muito ficar sem saber de certas respostas, porque isso não prejudicou o bom andamento do enredo.

Alguns mistérios serão revelados como, por exemplo, a identidade do pai de Kelsea. E sei que algumas leitoras ficaram incomodadas com a revelação, porque ela não parece ter nada de especial. E algumas pessoas chegaram a dizer que isso não influenciou em nada na vida e na história de Kelsea. E quer saber? Não tinha mesmo que influenciar. Dizendo isso do ponto de vista de quem cresceu e foi criada sem uma figura paterna, saber a história do meu pai não mudou minha jornada em nada. É essa a questão com Kelsea: sua linhagem pode não ter nada de especial, sua mãe pode não ter sido a melhor das rainhas, mas sua jornada importa, seus feitos não estão atrelados à uma origem mítica. Gente comum pode fazer coisas maravilhosas, é essa a mensagem.

Nossa espécie é capaz de altruísmo, sem dúvida, mas não é algo que fazemos por vontade própria, muito menos bem.

O final também me deixou completamente surpresa. Eu esperava uma coisa, Erika virava o volante e partia por outra estrada. Misturando ficção científica, com fantasia e magia, descobrimos que há uma rainha de Tearling apenas. Ficou curiosa, não foi?

Eu tive que ler os ebooks dos livros 2 e 3 e aqui fica uma crítica ao preço quase proibitivo para um livro sem ilustrações, sem capa dura, sem papel especial. É chocante ver o quanto estes livros custam em algumas lojas, então minha coleção vai ficar incompleta por um bom tempo. Deixo outra crítica para as capas. Desde o começo que venho reclamando delas, pois ela me parecem muito além da qualidade narrativa deles. Tirando isso, a tradução da Regiane Winarski está muito boa e não encontrei grandes problemas com a revisão.

Obra e realidade
Queria ter tido livros como este quando eu era adolescente. Não que a Coleção Vaga-Lume não tenha um lugar especial no meu coração, mas queria ter tido mais exemplos de grandes mulheres que lutam pelo o que acreditam conforme eu crescia e me tornava uma leitora. Obras assim são essenciais na formação de senso crítico, de representatividade, apenas por vermos mulheres fazendo coisas incríveis na ficção.

Não só isso, são mulheres tendo que lidar com as provações de um mundo real em um cenário fictício que mais chama a atenção em tantas obras recentes. Mulheres ainda sofrem com preconceito literário e ainda são menos lidas pelo público masculino. Nós precisamos dessa força, precisamos de personagens como Kelsea, como Katniss, como a Aia, para pavimentar o caminho para novas autoras e personagens, para atrair mais leitoras e para nos representar.

Erika Johansen

Erika Johansen é uma escritora norte-americana. Formada em Direito, nunca deixou de escrever.

PONTOS POSITIVOS
Kelsea e a rainha Vermelha
Passado de Tearling
Luta pelo trono e poder
PONTOS NEGATIVOS
Muito caro
Pode ser lento em algumas partes

Título: O Destino de Tearling
Título original: The Fate of the Tearling
1. A Rainha de Tearling
2. A Invasão de Tearling
3. O Destino de Tearling
Autora: Erika Johansen
Tradutor: Regiane Winarski
Editora: Suma
Páginas: 448
Ano de lançamento: 2018
Onde comprar: Amazon!

Avaliação do MS?
Rainha Kelsea é uma personagem incrível, o desfecho foi de tirar o fôlego. Poucas personagens conseguem se destacar dessa forma e poucos são os autores que conseguem escrever ficção científica e fantasia sem se perder em um estilo ou outro. Eu esperava pouco da trilogia e acabei encantada com Kelsea e a forma como o Tearling acaba sendo reconstruído e salvo. Quatro aliens para O Destino de Tearling e uma forte recomendação para você ler também.


Até mais!

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