Resenha: Interestelar (2014)

Fui ao cinema na quarta-feira passada (dia 12) para assistir ao novo longa de Christopher Nolan. Vi muita gente falando do filme, alguns vindo me perguntar o que eu tinha achado e resolvi ir logo assistir essa bagaça para ver qual era a do filme. E simplesmente adorei, chorei litros, me emocionei, me espantei, me assustei... É um dos melhores filmes do ano.

O filme
A Terra está passando por drásticas mudanças climáticas. Tempestades de areia gigantescas cobrem os continentes e a humanidade se mobilizou para produzir comida em grande escala, extinguindo Forças Armadas e parando com a ciência nas universidades. A função agora é plantar. Mas nem tudo cresce. Pragas estão dizimando diversas culturas e, ultimamente, somente o milho tem crescido. Como as pragas estão detonando com o oxigênio do planeta é apenas questão de tempo para que a população não só morra de fome como também sufoque.

Resenha: Interestelar (2014)

Enquanto isso, Cooper (Matthew McConaughey), ex-engenheiro e ex-piloto de testes da NASA, leva sua vida em sua fazenda, lidando com os filhos e com o sogro, depois de perder a esposa. Neste mundo, a tecnologia praticamente não existe mais, já que todas as atividades humanas foram voltadas para a produção de alimentos, portanto a esposa de Cooper poderia ter sido salva se um equipamento de ressonância magnética estivesse funcionando. Há uma clara aversão à ciência e tecnologia, especialmente no ensino, onde os livros são reescritos para dizer que a humanidade nunca foi à Lua. E Cooper fica inconformado com essa cegueira.

Mas um fenômeno estranho acontece no quarto da filha de Cooper, Murphy, de dez anos. Os livros caem da prateleira sem nenhuma explicação. E algo acontece depois de uma tempestade de areia que faz Cooper chegar a um local secreto da NASA, próximo dali. Ele é convidado, então, para participar de uma importante missão que pode salvar a humanidade de sufocar e morrer de fome na Terra: há um wormhole próximo a Saturno que leva a uma outra galáxia, onde os dados indicam haver planetas com capacidade de sustentar a vida. As chances não são boas, mas ao menos existe uma chance de poder salvar a espécie humana da extinção.

Endurance e Saturno. Lindo demais.

O filme é, visualmente, muito bonito. É deslumbrante. Seja nas imagens da Terra, seja no espaço, temos os grandes espaços vazios bem retratados, especialmente quando a nave, Endurance, está a caminho do wormhole. É quando temos noção do minúsculo tamanho da humanidade diante do universo e podemos apreciar Saturno em toda a sua grandiosidade e beleza. A ciência, apesar de ter seus furos, foi bem representada no longa, as explicações não são emboladas e é fácil entender o problema do tempo quando eles estão próximos a um buraco negro.

Nolan tem sido criticado por conta das imprecisões científicas do longa. Mas este é um filme de ficção científica, não é um documentário sobre viagens interestelares, não é um manual de piloto automático de naves. E um dos componentes da ficção é a licença poética para que possamos entender a mensagem que o longa traz. Se não suspendermos nossa descrença ao assistir ou ler ficção científica, nós sempre vamos reclamar da imprecisão científica aqui e ali.

Endurance.

O filme tem os clichês óbvios e negativos de qualquer grande produção norte-americana. Temos um homem branco cis hetero no papel do herói e salvador da Terra, apenas duas mulheres de destaque (e "emotivas e sensíveis", como sempre fazem com personagens femininas), temos apenas um negro... Neste sentido, o longa peca por não representar bem a humanidade que está à beira da extinção.

Obra e realidade
Uma das coisas que mais gostei neste filme são os robôs TARS e CASE. Eles não são humanoides, que é o que costumamos ver em qualquer produção. Eles parecem tão antiquados diante dos desafios da missão que a gente acha que eles serão os culpados por tudo dar errado. Mas o formato deles - uma clara homenagem aos monolitos de 2001 - é bastante versátil em uma série de situações, de resgate à fuga. Podem ser usados como sonda ou como computador portátil. Eles são, praticamente, tablets tamanho família, mas com personalidade e até um humor ácido demais para algumas pessoas. Temos outras referências lógicas, como a Carl Sagan e a vastidão do universo sendo superada apenas através do amor e muita coisa boa no filme, como um Cilindro de O'Neill. É só prestar atenção.

Aquela coisa girando... é o TARS.

Se puder assistir em HD ou em 3D assista. Peguei uma sala de cinema ótima do Cinemark e você se sente inserido no filme. O diretor aproveitou muito bem o silêncio e o vácuo do espaço em várias cenas. Acho que Interestelar é um novo clássico de ficção científica e que trouxe a exploração espacial de volta às telonas com grande estilo, com o estilo de 2001.

Pontos positivos
Ótimos efeitos especiais
Ótimas metáforas sociais
Exploração espacial e o TARS
Pontos negativos
Explicações sem sentido em algumas cenas
Clichês óbvios


Título: Interestelar
Título original: Interstellar
Direção: Christopher Nolan
Duração: 169 minutos
Ano de Lançamento: 2014
Onde ver? estreou no Brasil em 6 de novembro de 2014

Avaliação do MS?
Chorei muito no cinema, pois ele tem cenas magníficas, com muita emoção, com momentos tensos e intensos dos personagens diante da magnitude da missão da Endurance e de tudo o que podia dar errado. Ser responsável por salvar a raça humana é algo que não cai bem para todas as pessoas e vemos como isso afetou o personagem de Matt Damon (sim, ele está no filme!). É um filme que exige reflexão do espectador, coisa que não agradou a algumas pessoas. Um filme deslumbrante. Cinco aliens para ele e uma forte recomendação para que você assista e compre o DVD quando ele sair. Depois volte aqui para me contar o que achou.


Até mais!

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