Resenha: Nas Montanhas da Loucura V. 1, de H.P. Lovecraft e François Baranger

Após o esplêndido O Chamado de Cthulhu, François Baranger desta vez trabalha em Nas Montanhas da Loucura, uma das obras mais conhecidas de Lovecraft. O livro escrito em 1931 e publicado em 1936, foi dividido em dois volumes luxuosos, com o traço perfeito do ilustrador francês. Um trabalho de campo para um dos locais mais inexplorados e selvagens do mundo é recontado por um de seus sobreviventes!

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

A graphic novel

William Dyer, professor e geólogo da prestigiada Universidade Miskatonic fez parte de uma expedição científica para estudar as rochas da Antártica e chegar ao Círculo Antártico. Ele narra os eventos depois dos terríveis acontecimentos de setembro de 1930, eventos sobre os quais ele nunca falou, na esperança de dissuadir outro grupo de exploradores que desejam retornar ao continente.

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Dyer está acompanhado pelo professor Lake, um biólogo; professor Pabodie, um engenheiro; e alguns alunos de pós-graduação. Tudo começou muito bem com as primeiras descobertas poucos meses após o início da expedição. Essas descobertas levarão os integrantes da expedição a se separarem e depois explorarem áreas onde ninguém nunca pisou. Eles descobrirão assim uma nova cadeia de montanhas que ultrapassa os picos mais altos do Himalaia e ao explorar ainda mais esses territórios, a equipe de Lake fará estranhas descobertas desconhecidas pela ciência: criaturas não identificáveis como plantas ou animais.

Professor Lake, porém, está feliz da vida com a descoberta e passa pelo rádio todas as informações sobre o que encontrou, até que a comunicação com o mundo exterior foi cortada abruptamente por conta de uma terrível tempestade. A espiral de perigo, loucura e medo começa em seguida, onde criaturas ancestrais preservadas no gelo por milhões de anos verão seu silêncio sepulcral ser quebrado.

François Baranger coloca lindamente este clássico de Lovecraft em imagens. O trabalho é esplêndido. A desolação gélida da Antártica é muito bem representada nas ilustrações que destacam a história arrepiante de Lovecraft. Baranger realmente destacou a atmosfera especial dessas terras geladas e do texto. Seu trabalho é excepcional como em sua adaptação anterior.

Com ilustrações que ocupam duas páginas, quem lê se sente parte do ambiente gelado e da expedição que parece tão promissora no começo, com aquele otimismo dos cientistas em busca de descobertas. Vale destacar que Baranger dividiu a obra em dois volumes. Admito que isso me desanimou, porque não entendi o motivo de dividir a obra, já que um quadrinho inteiro com a adaptação ficaria tão bom quanto. E espero que o segundo volume venha rápido!

Senti problemas para ler em algumas páginas onde o texto fica bem difícil de ler por causa da cor da fonte que não se destaca bem no fundo da imagem. Principalmente para quem tem problemas de visão vai ser chatinho de passar por essas partes. A edição vem em capa dura, com impressão de alta qualidade e um prefácio do escritor francês Maxime Chattam. A tradução foi de Ramon Mapa, o mesmo tradutor das coletâneas Medo Clássico de HP Lovecraft.

Sou forçado a falar porque homens da ciência se recusam a seguir meu conselho sem saber o motivo. É completamente a contragosto que exponho as razões pelas quais me oponho a essa contemplada invasão da Antártida — com sua vasta caça a fósseis e sua já anunciada promessa de escavar e derreter a ancestral calota de gelo — e estou ainda mais relutante porque meu aviso poderá ser em vão.

Obra e realidade

A ideia de ilustrar os textos de Lovecraft estava na cabeça de Baranger há anos, mas ele acreditava que obras ilustradas já tinham sido feita. Um dia resolveu procurar e descobriu que não existia. Por incrível que pareça, ninguém jamais havia feito versões ilustradas dos contos de Lovecraft. Animado, ele decidiu tomar a tarefa para si. Porém, as primeiras editoras para quem enviou os trabalhaos disseram que não. Disseram: “Adoramos o seu trabalho, mas não vai funcionar, porque Lovecraft é um nicho de mercado”. Esse pensamento se devia a obras com ilustrações de segunda mão, muitas vezes bastante baratas, o que reforçava essa visão de serem obras ruins.

Como tentar ilustrar um autor cuja marca registrada é “o indizível”? Entre as obras que o inspiraram na confecção de suas graphic novels estão os pintores clássicos, como Gustave Doré, Giovanni Battista Piranesi e Jean-Léon Gérôme, e entre os modernos, o quadrinista Philippe Druillet, pela loucura cósmica e gigantismo, e Ridley Scott, por seu senso de imagem. Baranger tentou imaginar Lovecraft como um diretor de cinema que acabara de contratá-lo para criar a arte conceitual de sua história e assim leu o livro como se fosse um roteiro, separando as partes mais poderosas.

O impacto de Lovecraft na cultura pop e na literatura é indelével. Este quadrinho de Baranger é perfeito, uma obra de arte. Mas não podemos ignorar os posicionamentos e preconceitos de Lovecraft, nem como isso afetava sua produção literária, pois afetou. A nota do editor poderia ter sido mais expressiva ao invés de alegar que "ele até tinha uma esposa judia".

H. P. Lovecraft foi um escritor norte-americano que revolucionou o gênero de terror, atribuindo-lhe elementos fantásticos típicos dos gêneros de fantasia e ficção científica.

François Baranger é um ilustrador francês, que trabalha sobretudo produzindo concepts para filmes (Harry Potter, Fúria de Titãs, A Bela e a Fera) e jogos de computador (Heavy Rain, Beyond: Two Souls), além de ilustrar várias capas de livros.

PONTOS POSITIVOS
Arte incrível
As criaturas
Trabalho gráfico impressionante
PONTOS NEGATIVOS
Desconfortável de ler em algumas páginas
Preço
Errinhos de revisão

Título: Nas Montanhas da Loucura V. 1
Título original em inglês: At the Mountains of Madness V. 1
Autor: H.P. Lovecraft
Ilustrador: François Baranger
Tradutor: Ramon Mapa
Editora: DarkSide
Páginas: 64
Ano de lançamento: 2023
Onde comprar: na Amazon ou no site da DarkSide com um brinde exclusivo!

Avaliação do MS?

A edição é perfeita. Tudo nela ressalta as qualidades do conto e dá vida às pessoas assustadas demais para falar ao se encontrarem com o inominável, com o horror indizível de seres míticos e bizarros das profundezas. Se você é fã do trabalho de Lovecraft e busca uma obra definitiva para um de seus contos mais importantes, então encontrou. Cinco aliens para o quadrinho e uma forte recomendação para você ler também!

Até mais!
🗻

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