Num post passado, fiz uma lista com cinco livros clássicos que foram detonados pela crítica especializada na época de seus lançamentos (ainda que hoje eles sejam amados e admirados). Agora é a vez de ver livros de anos mais recentes!
Não é incomum: grandes obras, às vezes, são odiadas antes de serem amadas e aclamadas. Até mesmo a famosa obra de Michelangelo, O Juízo Final, foi rejeitada por ser espalhafatosa demais para ser colocada em uma igreja. Obras literárias que hoje são best-sellers, amadas por seus leitores, até mesmo adaptadas para o cinema, foram duramente criticadas quando foram lançadas.
O Código Da Vinci, de Dan Brown
Esse livro não foi apenas um best-seller na época, mas sim uma verdadeira marreta cultural. Todo mundo falava dele, por bem ou por mal. A história segue o famoso protagonista de Brown, Robert Langdon, enquanto ele desvenda um mistério que se formou há séculos sobre uma perdida e apagada da história esposa de Jesus. O livro se tornou extremamente controverso, pois desafia a Igreja Católica e a história de Cristo. O Vaticano até pediu um boicote.Os críticos também não foram gentis com o romance, questionando principalmente o estilo de escrita coloquial de Brown. A BBC escreveu que o romance era "o equivalente literário da pintura por números, por um artista que nem consegue ficar dentro das linhas pré-estabelecidas". O Guardian disse que eram "450 páginas irritantes". Salman Rushdie disse que era um "livro tão ruim que dá má fama aos livros ruins".
O apanhador no campo de centeio, de J.D. Salinger
Um dos romances mais revolucionários do século XX por sua representação definitiva da juventude na literatura, ele retrata com precisão a angústia e a rebelião dos adolescentes. Entretanto, na época de seu lançamento, nos anos 1950, os críticos não se interessavam pelos dramas dos jovens. Hoje a literatura juvenil é um dos pontos mais fortes de uma editora, o que na época ninguém jamais pensaria em investir.A revista The New Republic escreveu que o livro é "decepcionante", reclamando que o autor falava demais do protagonista (UÉ??). Pela forma muito direta e honesta com que o autor retratou os dramas da adolescência, muitas escolas chegaram a banir a obra, preocupada com "palavrões e obscenidades", além de acharem que o livro era uma "influência negativa para os jovens".
Garota Exemplar, de Gillian Flynn
Este livro ajudou a colocar Gillian Flynn no mapa depois que o romance se tornou um best-seller e um filme de sucesso de Hollywood estrelado por Ben Affleck estreou. O público adorou a premissa aparentemente simples de um marido que está lidando com o desaparecimento de sua esposa enquanto todos os dedos estão apontados para ele. Acompanhamos com assombro a quantidade de segredos que estão ocultos nesse relacionamento aparentemente perfeito.No entanto, os críticos não amam o livro tanto quanto a maioria dos leitores. Por exemplo, o Book Forum disse que sentiu repulsa pelo próprio título. "Achei tão irritante, povoado por vozes sarcásticas e distorcidas da cultura pop saindo de personagens que parecem construídos inteiramente de 'referências' e 'significados'", escreveu ela. Por outro lado, o The Guardian escreveu uma crítica mais gentil, mas ainda disse que não ficaram "impressionados".
♡ Resenha
O Conto da Aia, de Margaret Atwood
Embora tenha sido lançado em 1986, os últimos anos acenderam um novo interesse no romance depois que o Hulu o transformou em uma série de TV vencedora do Emmy. Situado em um mundo onde as mulheres não têm poder ou voz na política, o romance é muitas vezes lido como uma advertência e um reatrato do que pode acontecer com os direitos das mulheres sob a liderança errada.Mas originalmente, os críticos não viram a mesma importância no romance que os leitores veem hoje. O New York Times escreveu que o livro "é impotente até para assustar" e ainda acusa do livro de ser "comum" e "imperdoável". A revista Time ainda teve a cara de pau de dizer que "o romance de Atwood carece da plausibilidade direta e arrepiante de '1984' e 'Admirável Mundo Novo'". O conceito de uma distopia baseada na opressão teocrática das mulheres, talvez sem surpresa alguma, sempre foi polarizador.
♡ Resenha
Matadouro-Cinco, de Kurt Vonnegut
Considerado um dos melhores e mais bem-sucedidos trabalhos de Kurt Vonnegut, a obra fez de Kurt um dos escritores mais importantes da literatura norte-americana. Com ironia e sarcasmo, o autor escreveu sobre a brutal destruição da cidade de Dresden, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial, sem soar sensacionalista, mas abordando o tema como uma história imaginativa, engraçada e quase psicodélica.Os críticos, pelo visto, não entenderam o romance da mesma forma, lá em 1969. A revista New Republic detonou o autor, escrevendo que "Vonnegut é muito fofo, Vonnegut é precioso, Vonnegut é bobo". Enquanto isso, a revista New Yorker, foi ainda mais cruel, dizendo que o livro tinha "frases curtas e planas", que a "simplicidade deliberada é tão perigosa quanto o grande estilo" e que "Vonnegut ocasionalmente derrapa na estupidez".
♡ Resenha
E você, concorda com tantas críticas ácidas de livros tão amados??
Até mais!
Até hoje o livro de Salinger continua sendo vetado em escolas e bibliotecas dos EUA exatamente pela mesma alegação de "má influência" aos jovens - em pleno século XXI com smartphones à mão e um monte de coisas estranhas que os jovens têm acesso.
ResponderExcluirBem, nada como o tempo e os leitores para colocarem um bom livro no pedestal em que merece, para raiva dos críticos especializados rs