Resenha: Os sete maridos de Evelyn Hugo, de Taylor Jenkins Reid

Finalmente me rendi à história da grande musa do cinema, Evelyn Hugo! E vou te contar, que livro! Não está isento de alguns problemas, mas o enredo é tão arrebatador quanto sua protagonista, uma estrela das telas que arrasou corações por onde passava. Coloque o seu vestido verde de paetês e desfile pelo tapete vermelho, porque Evelyn Hugo chegou!

O livro
A estrela de Hollywood, Evelyn Hugo, vive reclusa em seu grande apartamento em Nova York. Já perto dos 80 anos, Evelyn continua sendo sinônimo de sensualidade e escândalo, ainda mais depois de seus muito falados sete casamentos. Ela então vira notícia subitamente quando anuncia que vai leiloar seus vestidos mais famosos para a caridade. Logo de cara a autora nos entrega muitos fatos sobre sua vida, como seu nome completo, o fato de ter perdido a filha para o câncer de mama e de ser ainda sinônimo de glamour e sofisticação.

Resenha: Os sete maridos de Evelyn Hugo, de Taylor Jenkins Reid


Em seguida, conhecemos Monique Grant, uma jornalista que está tentando subir na carreira na revista Vivant, enquanto amarga uma separação do marido, que se mudou para o outro lado do país. Sua editora, Frankie, a chama em sua sala um minuto e solta a bomba: Evelyn Hugo quer dar uma entrevista, após anos de reclusão, vivendo longe dos holofotes. Só que não é para a revista Vivant, é para Monique. Evelyn pediu exclusivamente por ela. O pedido causa estranheza tanto em Frankie quanto em Monique que, mesmo sendo uma jornalista muito boa, existem outras pessoas na revista com muito mais experiência para lidar com Evelyn Hugo.

Enquanto se prepara para encontrar com a grande estrela, Monique assiste a seus filmes, lê o que pode sobre Evelyn para se preparar e admite que passa a admirar a figura daquela mulher glamourosa e sensual. No dia do encontro, Evelyn é mesmo impressionante, mesmos perto dos 80 anos e ainda exala autoridade e poder por onde passa. A forma como a autora descreve esse momento deixa a gente tão surpresa quanto a própria Monique. Quando finalmente Monique pergunta sobre os tais vestidos, Evelyn fala na cara: ela não quer dar entrevista coisa nenhuma. Monique está lá para que ela conte sua história e depois publique um livro.

Quando surge uma oportunidade para mudar sua vida, esteja pronta para fazer o que for preciso. O mundo não dá nada de graça para ninguém, só tira de você.

Página 36

Evelyn é muito direta: vai contar do jeito que ela quiser, revelando tudo, sem tirar nem pôr. E no final Monique a conhecerá de verdade e não vai gostar nadica do que vai ver. E você fica com essa mensagem na cabeça, sabe? Porque você vai lendo e é muito fácil ter simpatia e antipatia por Evelyn, tudo junto e misturado. Desde jovem ela era uma menina bonita e que chamava a atenção, principalmente pelos seios. Com medo de sofrer ainda mais violência e até abusos do pai, Evelyn consegue sair de casa e chega em Los Angeles, determinada a ser atriz, determinada a conseguir tudo o que sempre quis.

É preciso alertar que há gatilhos no livro, principalmente para violência e abuso, mas são todos descritos pelo ponto de vista de Evelyn, que é a narradora, assim não há nenhuma sensualização nas cenas. Elas são descritas pela maneira que são. O que vemos, na verdade, pelos olhos da personagem, é uma sociedade machista e patriarcal que Evelyn precisou manipular - e fez isso muito bem - para poder crescer na indústria. Ainda mais uma indústria que se baseia na imagem, uma imagem fabricada e moldada para as telas, onde tudo é pensado para o estrelato, desde o nome à cor dos cabelos, da história pregressa ao gosto por bichinhos de estimação. Evelyn é essa personagem para o grande público que esconde uma mulher que só queria ter uma família e ser amada. Quem não quer?

Evelyn de fato não esconde nada. Ela é bem direta em suas colocações e descreve seus sete casamentos nos pormenores. Há muita atuação na vida de Evelyn, tanta que chega a custar seu grande amor em alguns momentos. Há representatividade LGBTQIA+. Acredito que a autora foi muito sensível em suas colocações e na forma como abordou os problemas de se declarar gay em décadas passadas. Havia até mesmo o risco de alguém ser preso por "imoralidade". Essas partes são amargas, principalmente por sabermos que foram a realidade de muitas pessoas.

O livro tem alguns problemas que não se referem ao enredo em si, que comprei totalmente, chorei e me emocionei, xinguei Evelyn pra caramba, coisa e tal. É mais relacionado com a escrita de Taylor Jenkins Reid. Em especial na parte dos diálogos, eles são todos iguais. Há longos blocos de diálogos onde não há qualquer diferença entre a voz de uma personagem da outra. Teve momentos em que precisei voltar e ver quem estava falando o que e quem era. A autora precisa melhorar essa parte.

Quando se escava um pouquinho abaixo da superfície, a vida de qualquer um pode ser original, interessante, cheia de nuances e impossível de encaixar numa definição fácil.

Página 349

Minha edição é em capa dura, exclusiva do Submarino e da Americanas, mas o conteúdo é o mesmo do livro em capa comum. Ele se divide em capítulos com o nome de cada um dos maridos de Evelyn, além de algumas notícias de revistas e tabloides entre eles. Não encontrei grandes problemas de revisão ou diagramação, apenas problemas pontuais aqui e ali como letras sobrando, mas nada que mude o sentido de alguma frase. A tradução é de Alexandre Boide e está muito boa.

Obra e realidade
A forma como a autora descreve os pormenores de Hollywood e os podres entre produtores e donos de estúdio, as disputas entre o elenco e a falsidade dos tabloides, soa tão real que a vontade é ir no Google e procurar pelos nomes daquelas atrizes e atores. Também acredito que muito do que a autora descreveu seja verdade, ainda que nem arranhe a superfície. Não são poucos os relatos de atores que se afastaram do estrelato e hoje vivam uma vida tranquila, longe da agitação da indústria, porque percebeu que aquela vida não valia à pena.

Evelyn Hugo tinha sede de fama e poder porque foi a forma que viu para mudar de vida, para ser amada, para ser querida. Mas a que custo? A autora deixou de fora o abuso de drogas que muitos artistas infelizmente enfrentam, mas mostrou cenas de abuso de bebida e disputa de egos que, na certa, são parte do cotidiano de muitos deles. Só sobrevive nesse meio quem é muito forte ou quem tem muito apoio.

Taylor Jenkins Reid

Taylor Jenkins Reid é uma escritora norte-americana.

Pontos positivos
Evelyn Hugo
Enredo
Glamour vs realidade
Pontos negativos

Diálogos

Título: Os sete maridos de Evelyn Hugo
Título original em inglês:The seven husbands of Evelyn Hugo
Autora: Taylor Jenkins Reid
Tradutor: Alexandre Boide
Editora: Paralela
Páginas: 360
Ano de lançamento: 2021
Onde comprar: na Amazon, em capa comum ou no Submarino, em capa dura!


Avaliação do MS?
Nossa jornada ao lado de Evelyn Hugo não é fácil. Você a ama, odeia, quer abraçar e dizer que vai ficar tudo bem, quer sacudir pra ver se ela cai na real. Mas acima de tudo ela parece muito real. A autora conseguiu dar a ela uma veracidade que torna o livro muito pessoal e íntimo. Principalmente na forma como ela usou o sistema a seu favor para chegar ao estrelato. Cinco aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


MARAVILHOSO!


Até mais! 🎞️


Já que você chegou aqui...

Comentários

  1. Oi Sybylla, corri para ler a sua resenha, tenho muita curiosidade com essa história ~ e com os outros livros da Taylor também. Estou entre esse e o Amor(es) Verdadeiro(s), que ouvi falar super bem. Beijo, beijo :*

    Não Me Mande Flores

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    1. Camila, corre! É muito bom esse livro! Não sei porque demorei tanto. Agora vou ter que ler tudo o que ela escreve. 😂

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  2. Acabei de ler e comentar no Instagram e vim correndo ler sua resenha. Também chorei em vários momentos e fiquei totalmente presa a essa história até o fim. Também me incomodei com alguns diálogos, mas a história é tão boa que relevei. 🙂

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    1. Evelyn Hugo é de fato uma estrela, não é?? Maravilhosa! 💗

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