Resenha: Separados, Vol. 1, de Scott Snyder, Scott Tuft, Attila Futaki e Greg Guilhaumond

Quem busca quadrinhos com enredos sombrios vai curtir Separados! Lançado pela DarkSide, o primeiro volume de Separados traz um enredo macabro, onde segredos do passado são revelados e muito sangue vai rolar pelas páginas. Esse volume poderia facilmente ser adaptado em um filme de tão bem que as coisas funcionam aqui.

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

O quadrinho
Nós começamos a jornada com um senhor relembrando do passado. Ele recebe um bilhete estranho e sua mente é jogada nas memórias, voltando no tempo. Jack Garron volta aos seus 12 anos. Ele mora em Jamestown, tem uma mãe amorosa, que cuida do garoto e está preocupada com seu futuro, mas Jack tem outros planos. Ao descobrir que é adotado, sua mente confubula um plano para fugir de casa e se juntar a seu pai, um músico itinerante, com quem vinha trocando cartas escondido. Mas quem disse que vai ser assim tão simples?

Resenha: Separados, Vol. 1, de Scott Snyder, Scott Tuft e Attila Futaki


O cenário é dos Estados Unidos em 1910. Um país ainda predominantemente rural, mas com áreas urbanas em expansão e se industrializando muito rápido. As pessoas começam a lotar as cidades em busca de melhores oportunidaes. Com tantas áreas descampadas e desabitadas no interior, o horror pode espreitar em qualquer lugar. E espreita, pois paralela à jornada de Jack, acompanhamos uma outra figura, uma criatura bizarra, faminta e poderosa, com o corpo marcado por tatuagens aparentemente desconexas. A figura do andarilho que percorre as estradas e trilhos do trem é um tema comum no horror norte-americano e aqui foi tão bem retratado que de fato é bizonho, como se fosse possível encontrá-lo na próxima esquina.

Jack encontra dificuldades logo que sobe no trem, ao fugir de casa. Quase perdendo tudo o que carregava, até mesmo sua integridade física, Jack conhece Sam, um amigo que vai ajudá-lo a sobreviver nas ruas e tem a manha para reconhecer os perigos que Jack não tem. Sam, aliás, é um grande personagem com um segredo que é desvendado pouco depois desse encontro. Os personagens são complicados, complexos, bem escritos, você logo se afeiçoa a eles, principalmente Sam. Por isso fica difícil parar de virar as páginas conforme vamos acompanhando a jornada deles.

O sonho americano, de fazer fortuna sozinho, por seu próprio trabalho, parece cegar Jack para os riscos os quais Sam está bem atento. Sendo um músico talentoso, Jack toca na rua para ganhar uns trocados, com a ajuda de Sam, mas seu pensamento é só para o pai. Aliás, Jack é bem injusto em dizer que a mãe era uma mentirosa e que por isso ele deveria morar com o pai, um pai que só conhece por meio de cartas, trocando uma casa e uma possibilidade de futuro pela imprevisibilidade da estrada. Tem horas que você esganar o moleque.

Essa criatura faminta e de dentes afiados que percorre as estradas logo vai se deparar com a dupla que luta para sobreviver na cidade. Alimentando-se dos sonhos do garoto Jack de ser um músico famoso e de levá-lo para conhecer seu pai, esse ser vai se mostrar ainda mais ardiloso e perigoso do que achávamos que era e chegamos a um momento de clímax que é EITA atrás de EITA. Foi um final explosivo que explica algumas coisas que vimos no comecinho. Mal posso esperar pelo segundo volume!

O quadrinho em si é lindíssimo. Todo colorido, em capa dura e com uma arte impecável de Attila Futaki. Os personagens e as cenas de ação saltam do papel, com muito sangue misturado aos quadros. Ainda assim, as sombras sempre espreitam e tornam as cenas sombrias e bizarras, brincando com os olhos de quem lê, pensando que vai saltar algo mais dali.

A tradução ficou por conta de Dandara Palankof e está ótima. Não encontrei problemas de revisão ou diagramação dos balões de texto na leitura.

Obra e realidade
A figura do andarilho é bem presente na literatura. Até mesmo Stephen King tem a figura sombria do andarilho em vários de seus enredos, como no quadrinho Dark Man. O andarilho nada mais é do que a personificação do medo do desconhecido. Não sabemos quem ele é de verdade, o que quer, de onde vem. Ele espreita pelas sombras e tem objetivos desconhecidos. Qualquer pessoa se assustaria com essa figura. E no intenso vai e vem de pessoas na industrialização pesada que os Estados Unidos passaram, muita gente passou a temer o que não conhecia.

Scott Snyder, Scott Tuft e Attila Futaki

Scott Snyder é um escritor e roteirista norte-americano, conhecido por seu trabalho em Voodoo Heart e Vampiro Americano. Scott Tuft é um cineasta norte-americano e estreante no mundo dos quadrinhos em Separados. Attila Futaki é um artista húngaro; ganhou notoriedade quando ilustrou a adaptação em quadrinhos do livro Percy Jackson e os Olimpianos: O Ladrão de Raios e Separados é sua primeira história em quadrinhos nos EUA. Greg Guilhaumond é um artista francês; Separados é sua primeira colaboração internacional.

PONTOS POSITIVOS
Colorido
Traços e quadros
Bem escrito

PONTOS NEGATIVOS
Violência
Acaba logo!
Preço

Título: Separados
Título original em inglês: Severed
Roteiro: Scott Snyder e Scott Tuft
Arte: Attila Futaki
Cores: Attila Futaki e Greg Guilhaumond
Tradutora: Dandara Palankof
Editora: DarkSide (selo Graphic Novel)
Ano de lançamento: 2020
Páginas: 192
Onde comprar: na Amazon ou na loja da DarkSide com brinde exclusivo!

Avaliação do MS?
Já posso eleger esse quadrinho como uma das melhores leituras do ano! Um enredo macabro, assustador, mas lindamente desenhado, com quadros que saltam em nossos olhos e personagens cativantes e bem escritos. Por favor, DarkSide, cadê o segundo volume?! Cinco aliens para o quadrinho e uma forte recomendação para você ler também!


Até mais!

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