Quando Stephen King ainda estava na faculdade, lá pelos anos 1960, ele compôs o poema The Dark Man. Essa é uma faceta menos conhecida do autor de terror. Junto da esposa, ele escreveu poemas ainda na Universidade do Maine, mas The Dark Man logo se tornaria conhecido dos fãs de King.
O livro
King imaginou um homem sem rosto, trajando calça e jaqueta jeans, botas de caubói, que vaga pelas estradas, uma figura de formas indefinidas, como se fosse um pesadelo ambulante. Essa figura representa esses instintos bestiais que por vezes nos tomam, essa sombra que nos habita e volta e meia vaza pelas rachaduras de nossas vidas. Assim como todo mundo, King precisou enfrentar este homem sombrio várias vezes em sua trajetória.Tendo enfrentado essa pessoa por tantas vezes, King começou a se perguntar sobre as coisas que esse Dark Man fez, as coisa que viu e, principalmente, para onde ele vai? Não é difícil notar, pela leitura do poema, pelas ilustrações incríveis e sombrias de Glenn Chadborne, que há um toque autobiográfico neste poema. Essa figura que pede caronas à noite, de roupas surradas, tem um segredo? E o que poderia ser? De que ele representa a nossa escuridão mais profunda?
Por ser tão íntimo dessa figura sombria, ele acabou se tornando um personagem recorrente nas obras de King: o vilão Randall Flagg. O que tinha sido feito em um refeitório da faculdade tornou-se uma das grandes obras do autor. Com o traço sombrio de Glenn, a obra ganha um ar de um pesadelo ambulante. Viramos as páginas a cada frase do poema, acompanhando a jornada dessa figura, tentando desvendar o que ele pensa, o que pretende fazer.
A edição especial da DarkSide é uma homenagem ao trabalho de King. Capa dura e papel encorpado com impressão de alta qualidade das ilustrações, onde acompanhamos a jornada errática e sombria desta figura misteriosa. As imagens são como aquelas saídas de pesadelos, onde não vemos os contornos das coisas, mas lembramos da inquietante sensação de presença, de alguém estar no nosso encalço. Você nem precisa ser exatamente fã de King para compreender o poema, pois ele antecede os romances e não entrega spoilers sobre eles.
A tradução ficou por conta de Cesar Bravo e está muito boa. No final, há uma composição completa do poema, mais um texto do tradutor dando um contexto do que a obra representa e os contornos psicológicos que traz ao King. É uma obra para grandes fãs das obras do mestre do terror e para quem curte obras sombrias e de alta qualidade.
e um sinal para aqueles que rastejam sempre pelos mesmos caminhos: eu sou o homem de preto.
Ficção e realidade
Uma frase com a qual concordo muito diz que uma autobiografia até pode mentir, mas a ficção desnuda completamente o autor. Se há uma coisa que o trabalho de ficção nos permite é expor sem realmente revelar nada em nossos escritos. Quais são as doses de realidade que um autor está colocando em sua obra? Como saber até que ponto a ficção está entrelaçada com a realidade? A graça da ficção é justamente tentar encontrar esses fiapos na obra, para poder puxá-los e, quem sabe, chegar ao autor no final.Stephen King |
Stephen King é o grande mestre do terror norte-americano, com mais de quarenta romances e duzentos contos. Junto da esposa, Tabitha King, mantém uma fundação onde apoia a literatura e reformou a biblioteca pública do Maine, estado onde o casal mora.
Pontos positivos
The Dark ManBem ilustrado
Bem escrito
Pontos negativos
Preço
Avaliação do MS?
Uma obra para os fãs incondicionais do autor, já que é uma das suas primeiras obras e ganhou um capricho extra da DarkSide e uma obra para aqueles que curtem livros ilustrados, que gostam de subjetividade e de poemas. Eu recomendo que você acabe a leitura e volte para o começo para observar cada ilustração com cuidado, reparando nos incríveis detalhes desenhados por Glenn Chadborne. Quatro aliens para The Dark Man e uma forte recomendação para você ler também!Até mais!
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