Assim que terminei O Assassino do Rei, estava bem ansiosa para começar o terceiro e último livro da saga de Fitz. O final do segundo livro foi perturbador e eu apenas emendei uma leitura na outra, incapaz de parar de ler. Mas devo dizer que este livro não é, nem de longe, tão bom quanto o segundo ou o primeiro. Algo aqui não deu muito certo.
Pode haver spoilers do livro anterior!
Pode haver spoilers do livro anterior!
O livro
Este volume difere muito dos volumes anteriores por todas as mudanças que aconteceram na vida de Fitz. E foram muitas mudanças. O rei morreu. Majestoso está mais cretino e poderoso do que nunca, Veracidade desapareceu e todo o reino está em perigo. Não só isso, Fitz precisa fazer o retorno à sua vida humana e seus amigos temem que é um caminho impossível de se traçar.Admito que essa parte inicial foi angustiante, pois tanto se falou dos riscos da Manha nos livros anteriores que agora acabamos vendo um problema real, que é a volta de Fitz a um corpo humano e como se readaptar. Seus instintos e suas memórias estão entrelaçadas às de Olhos-da-Noite e muitas vezes é impossível dissociá-los. Breu e Bronco, dois dos meus personagens favoritos, estão preocupados com esse retorno de Fitz, que está arredio e agressivo, o que acaba lhe custando a amizade e a companhia dos dois.
Agora que ele está sozinho e praticamente selvagem, ele poderia fazer o que quisesse. Esquecer a Torre do Cervo e viver sua vida, poderia ir atrás de Cavalaria, que era algo que eu esperava que ele fizesse. Mas ele resolve matar Majestoso. Aqui começa o primeiro problema do livro. Por muito tempo a única companhia dele é a do lobo. Aparecem muitos personagens que têm pouca ou nenhuma relevância e logo desaparecem e por uma longa parte da obra o mesmo evento se repete: a captura de Fitz e sua fuga espetacular em seguida. Sério, isso foi chato pra cacete e teve momentos em que eu queria largar tudo e ler outra coisa.
Eu consigo entender o motivo de toda essa parte ter sido tão longa, pois imagino que ela sirva como uma jornada de autoconhecimento do herói e como ele se sente um inútil sem seus companheiros fiéis, mas ela poderia ter sido bem mais sucinta e sem tantas repetições que tornam tudo muito enfadonho em um determinado momento. Se no livro anterior nós tivemos um bom ritmo sendo mantido e você não quer parar a leitura, aqui a sensação de que você vai abandonar tudo é constante.
ENFIM esse sujeito se coloca a caminho de Cavalaria - coisa que deveria ter feito há bem mais tempo - e encontra personagens interessantes pelo caminho, mas que acabaram me irritando em igual medida. Uma delas é uma personagem que fica brava com ele, pois Fitz não tem nenhum desejo sexual por ela. Tipo, sério? Na moral, sério mesmo que isso é lá uma justificativa para um conflito entre personagens??
E o final... bem, o final. Enquanto nós lemos o livro anterior sabemos que Cavalaria desaparece em terras ermas e quase inexploradas. Ele não está morto, pois via Talento - um tipo de telepatia e controle da mente - nós ouvimos as comunicações entre o príncipe herdeiro e Fitz. Querer saber do paradeiro de Cavalaria acaba se tornando o principal motivo para continuar a leitura. É tudo misterioso e a escrita cativante de Robin faz com que você se importe com ele.
Mas aí a gente chega no final e sinto que Robin meio que se perdeu na tentativa de explicar as coisas. Muitas perguntas em aberto dos livros anteriores foram jogadas e você que se vire aí para tentar encaixar tudo. Sinto que ela perdeu o controle da narrativa em algum momento perto do final, pois ele se alonga e se alonga e se alonga e quando você chega no fim, FUÉN. Juro, foi muito decepcionante toda a expectativa que a autora criou para chegarmos ao fim daquele jeito.
A tradução deste volume foi de Orlando Moreira e está ótima. Não encontrei grandes problemas de diagramação, revisão ou tradução neste volume.
A morte está sempre no limite do agora.
Obra e realidade
Apesar dos pesares, acho que Robin tratou as questões políticas e sociais em toda a trilogia muito bem. Nada é simples, um problema se desenrola em vários, as coisas não se resolvem facilmente e até em alguns casos não se resolvem. A maneira como os personagens são construídos nos dá margem para amar e odiar ao mesmo tempo, como no caso de Fitz, pois houve momentos em que eu queria abraçá-lo, em outros eu queria arrebentar a cara dele. Reduzindo a parte sobrenatural ao um mínimo necessário para a história funcionar, os livros são, em geral, muito bons e merecem ser lidos.Robin Hobb é o pseudônimo de Margaret Astrid Lindholm Ogden. Autora de fantasia, tem vários livros publicados dentro do mesmo universo.
Pontos positivos
KettrickenOlhos-da-Noite
Pontos negativos
Do meio pra frente
Pode ser lento em alguns momentos
Avaliação do MS?
Não sei quando a Suma pretende relançar a trilogia com nova tradução. O primeiro volume já saiu, agora nos resta aguardar pelas novas edições. Ainda que eu não tenha gostado tanto deste livro como gostei dos dois primeiros, é um bom livro. A conclusão não é tão digna do enredo inteiro criado por Robin, mas ainda prende e diverte na medida. Três aliens para o livro.Até mais!
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