Alfa Centauro e ficção científica

Comunidade científica em polvorosa com a descoberta de um planeta em Próxima Centauro, a estrela mais próxima aqui do nosso quintal. E na ficção científica, além dos planetas do nosso próprio sistema solar, Alfa Centauro é um sistema bem populoso. Existem várias referências e agora que um planeta foi descoberto, ficção e ciência parecem ainda mais próximas.

Alfa Centauro e ficção científica

Quando falo de Alfa Centauro (ou Alpha Centauri) estou falando de duas coisas. Uma é a estrela mais brilhante da constelação de Centauro, sendo a terceira mais brilhante no céu a olho nu. E também estou falando do sistema triplo de estrelas, Alfa Centauro A, Alfa Centauro B e Alfa Centauro C, também chamada de Próxima Centauro.

E é justamente em Próxima que um planeta foi encontrado. E Próxima ganha esse nome justamente por ser a mais próxima da Terra. Ela é uma anã vermelha distante aproximadamente 4,22 anos luz de nós, pouco maior que Júpiter. O novo planeta orbita a zona habitável do sistema, ou seja, é um lugar propício para ter água líquida na superfície e um ambiente amigável para a vida. Porém, estar na zona habitável de lá não quer dizer a mesma coisa de estar na zona habitável daqui. Não apenas o planeta parece manter a mesma face voltada para sua estrela, como ela deve estar em uma órbita bem mais próxima dela do que nós estamos do nosso Sol. A vida é versátil demais até mesmo aqui, não podemos deixar de ter esperanças.

As implicações de tal descoberta são imensas. Algo tão "próximo" de nós gera planos mirabolantes de construir naves e mandar para lá. O problema é a distância. Para a Enterprise, 4,2 anos-luz é um pulo, já para a nossa realidade é um tantinho longe. Uma missão para lá com a tecnologia que temos hoje levaria milênios e vamos concordar que não dá para esperar tanto. Existem alguns planos de construir naves menores, munidas de tecnologia laser ou de íons que levaria apenas 20 anos.

Ao que tudo indica, é provável que ele tenha uma massa de cerca de 1,3 vezes a da Terra e que orbite sua estrela a cerca de 7,5 milhões de km – cerca de um décimo da distância a que orbita Mercúrio, o planeta mais próximo do nosso Sol. Como uma anã vermelha é muito mais fria do que nosso Sol, o planeta está no ponto exato. E ele pode ter água líquida na superfície. Este pode ser o primeiro planeta fora do nosso sistema solar a ser visitado por robôs nossos. Já receber, é um sonho bem longe de se realizar.

Mas na ficção científica é diferente, não é mesmo? Não só o sistema é bem visitado e habitado, como também é um dos mais conhecidos e explorados pelo gênero. Aliás, a ficção científica já trabalhava com planetas extrassolares (ou exoplanetas) bem antes da descoberta deles. Em sistemas triplos ou duplos, planetas parecem ser extremamente comuns.

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Perdidos no Espaço e Dr. Who não deram nomes aos planetas, mas eles estão no sistema de Alfa Centauro. Em Star Trek, Zephran Cochrane, o inventor do motor de dobra, mora em um planeta do sistema antes de desaparecer misteriosamente. Avatar e seu planeta Polifemo, onde orbita Pandora, estão aqui do ladinho, por isso a viagem até lá durava "só" quatro anos, onde as pessoas vão em crio-sono. E claro, não podemos esquecer de O Enigma do Horizonte, onde a nave Event Horizon deveria abrir um wormhole para Alfa Centauro e acaba abrindo a porta do inferno.

Na literatura temos Arthur C. Clarke, em As Canções da Terra Distante, Philip K. Dick, em Clãs da Lua Alfa, Isaac Asimov, em Fundação e Terra e até Neuromancer, de William Gibson falando sobre este sistema estelar. E antes que alguém comente sobre os Centauri, de Babylon 5, eles não moram em Alfa Centauro. Foi um erro de tradução que aconteceu no momento do primeiro contato, pois eles na verdade são de Zeta Tucanae.

Escritores de ficção científica não têm obrigação nenhuma de prever o que quer que seja. Felizmente foram poucos os autores que conseguiram acertar alguma coisa e mesmo com observações perspicazes de alguns deles, ninguém conseguiu prever a internet e as redes sociais, exemplo. Mas saber da presença de um planeta logo aqui do lado (em termos astronômicos) não apenas expande o conhecimento científico como também impulsiona a ficção. A mera possibilidade já criou muitas obras, seja em games, livros ou filmes. Imagine com a certeza?

Sabemos que Marte, Vênus, Mercúrio, não possuem vida e grandes civilizações como muitos autores no século XIX escreveram. Mas não devemos descartar essas obras por isso. Ray Bradbury não falou de marcianos em As Crônicas Marcianas, falou de nós.

Até mais!

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