Resenha: Herdeiro do Jedi, de Kevin Hearne

O que aconteceu com Luke Skywalker entre os episódios IV e V? Como ele conseguiu controlar a Força, sem treinamento e sem a presença de Obi Wan? Estas e outras perguntas sempre foram feitas pelos fãs, pois Luke volta em cena praticamente como um cavaleiro Jedi que acabou de sair do templo. É o que o livro de Kevin Hearne tenta responder.



Este livro foi uma cortesia da Editora Aleph


O livro
Luke se esforça para tentar compreender a Força e sente muita falta de Obi Wan Kenobi. Sem um guia, a Força parece difícil de alcançar e dominar. Além disso, ele é visto como um herói pela Aliança Rebelde, posição que ele sabe não ter alcançado sozinho, pela destruição da Estrela da Morte. A Força contribuiu para esta missão e ele deseja se aprofundar nela.

Herdeiro do Jedi

Nesse meio tempo, uma missão cai em seu colo. Uma Givin, chamada Drusil, é obrigada a trabalhar para o Império devido ao seu alto conhecimento matemático. Se ela for resgatada e levada para sua família, informará dados vitais do Império para a Aliança. Dessa forma, Luke e a atiradora de elite, Nakari Kelen, se envolvem na arriscada missão de resgate. Nakari é uma personagem muito boa, independente, mesmo vindo de uma família muito rica, com seus próprios motivos para odiar o império e tudo o que ele significa.

É junto de Nakari que Luke tenta se aprofundar na Força, além da inevitável paquera que acontece entre os dois. Os dois embarcam em uma perigosa missão para poder levantar um dinheiro e assim melhorar a nave de Nakari (cena da capa, que ficou linda). O destaque vai para as duas personagens femininas fortes, Nakari e Drusil. As duas fogem de vários estereótipos negativos que costumamos ver na literatura, apesar do que acontece no final, que me deixou bem chateada.

O ponto de vista que os vencedores têm da história raramente corresponde ao dos vencidos, afinal.

Página 37

O autor colocou situações altamente desnecessárias no livro, o que mostra que conhece bem pouco sobre a dinâmica dos relacionamentos entre mulheres. Por exemplo, ele colocou uma rivalidade inútil entre Leia e Nakari. As duas conversam com Luke que não gostam uma da outra e Leia chega a avisar a Luke para tomar cuidado com motivos ocultos de Nakari. Sério, pra que? Qual era a utilidade de uma conversa dessas? Nenhuma.

A paquera entre Luke e Nakari me pareceu bem infantil em alguns momentos. Isso condiz com Luke, um garoto provinciano, vindo de um planeta distante, jovem e que se sente deslocado em seu novo papel de herói. Isso combina com ele, mas não combina com Nakari. Em alguns momentos, aquela mulher experiente e especialista parece uma menininha que acabou de chegar no ensino médio.

Esse lado provinciano e jovem de Luke aparece várias vezes em seus comentários ácidos e irônicos. Seria um Luke zueiro, se quiser definir assim. Isso denota sua juventude, coisa que dá uma sumida no episódio V, onde ele aparece bem mais maduro. A maioria das personagens que importa nesse livro são mulheres, nesse sentido o livro acertou bastante, mas como disse acima, o final me decepcionou muito, pois o autor cai em um dos piores estereótipos relegados às mulheres. Não vou revelar para não dar spoilers.

Como você bem sabe, ao contrário da cinética, do tempo ou da distância, a idiotice humana é incalculável.

Página 154

O livro é muito bonito, uma arte de capa incrível, dinâmica, com cores lindas. Acredito ser a capa mais bonita de todas as edições da Aleph. A diagramação e a arte interna estão muito bem feitas. Encontrei pouquíssimos erros de digitação ou problemas de tradução.

Ficção e realidade
Eu costumo pensar com frequência no destino de personagens depois de algum filme ou série. Fico pensando o que a pessoa acabou fazendo, se ela sobreviveu, cresceu, se curou, virou presidente. E há esse furo na trilogia original de Star Wars, o que deixou muita gente curiosa sobre o destino de vários personagens. Gostaria de ler algo assim sobre a Leia, por exemplo.

Luke nunca foi meu personagem favorito da saga. Sempre o achei besta. Mas em Herdeiro do Jedi ele mostra um lado muito mais malandro, muito mais próximo da realidade humana e de sua natureza do que a visão idealizada que vemos na jornada do herói do primeiro filme. Esse Luke Zueiro parece muito mais real do que o que vemos no filme. E isso enriqueceu o personagem.

Pontos positivos
Drusil
Planetas variados
Nakari Kelen
Pontos negativos
Final manjado



Título: Herdeiro do Jedi
Título original: Heir to the Jedi
Autor: Kevin Hearne
Tradutor: Alexandre Mandarino
Editora: Aleph
Páginas: 320
Ano de lançamento: 2016
Onde comprar: Amazon

Avaliação do MS?
Gostei do desenvolvimento do Luke, suas tiradas irônicas, sua forma pouco convencional de testar a força usando macarrão, a forma espontânea de suas atitudes, mas o final... Ahhh, o final. Eu fechei o livro e fiz aquele #facepalm gigante, pensando "não é possível que esse autor me dê uma dessas depois de 300 e tantas páginas, não é possível!". O livro é bonito, bem escrito, jovial, uma linguagem que não tem longas explicações técnicas. O final me desagradou, só isso. Recomendo a leitura, mas só três aliens para ele.




Até mais!

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Comentários

  1. Tomando coragem para ler esse livro. Dessa safra do novo Universo Expandido, único livro que gostei realmente foi "Lordes dos Sith".

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