Resenha: Um Milhão de Sóis, de Beth Revis

O segundo livro da trilogia de Beth Revis retorna à nave Godspeed para mostrar o que aconteceu a Amy e Elder na nave-mundo que se dirigia para outro sistema solar. Nem tudo aqui é respondido, mas os protagonistas precisam lidar com o caos, as dúvidas e ainda tem que descobrir se a missão da nave falhou ou não.



Se você não leu o primeiro livro, pode ter spoilers nesta resenha.

O livro
Amy está acordada há três meses. E ela ainda não consegue se adaptar às paredes da nave Godspeed. A nave a oprime. Tudo nela a oprime. Sua chuva falsa, a ausência de um céu, tudo ali é falso. As pessoas não sentem falta de um planeta porque nunca viveram em um. A nave e seus ambientes controlados são tudo o que eles conhecem. Controle é tudo o que eles conhecem.

Resenha: Um Milhão de Sóis, de Beth Revis

São 2.298 passageiros na nave, sem contar os cem adormecidos no setor da criogenia, incluindo os pais de Amy. Elas os visita com regularidade, sentando ao lado de seus esquifes de gelo, enquanto pensa no que fazer. O composto colocado na água, o Phydus, e que controlava a população para serem facilmente governadas foi removido e Elder, o líder treinado para cuidar da nave e do povo. No entanto, agora que seu povo pode experimentar a liberdade de pensar e de agir pela primeira vez, o sistema começa a ruir. Os questionamentos sobre a legitimidade de Elder no poder surgem e a fome e a violência também.

Enquanto isso, existe um mistério a respeito deste sistema há tanto tempo implantado e a localização da nave. No primeiro livro, Eldest, o líder mais velho que vinha treinando Elder, disse que demorariam ainda muitos anos para chegar a Terra-Centauri. Já a equipe da ponte disse que a nave estava parada. Então onde diabos estavam? Por que não estavam se mexendo? O que houve com o motor e o que houve tantas gerações atrás para que o sistema Elder fosse implantado para controlar a população?

O livro traz muitas reviravoltas. Parece que ninguém está seguro e que a viagem nunca terá fim. Além disso, os personagens podem ser irritantemente reais e próximos, como se fossem pessoas de verdade. Elder tem que amadurecer muito para ser considerado um líder de seu povo, tem que descobrir quais segredos estão escondidos pela nave e porque estão parados. Tem que vencer a apatia e tentar seguir com a vida ao descobrir que ela é, grande parte, uma mentira. Amy tem que lidar com a ansiedade e com os perigos a ela impostos já que a população monoética de Godspeed não conhece alguém de etnia tão diferente quanto ela, com sua pele branca e seus cabelos ruivos.

Acho que a Novo Século pecou com o título. Ao invés de Um Milhão de Sóis, ela poderia ter colocado Um Milhão de Estrelas. Sol é o nome da nossa estrela central, então por que nomear as outras de sóis? Acho Um Milhão de Estrelas bem mais simpático.

Godspeed estava cheia de mentiras. Agora é governada pelo caos.

Ficção e realidade
Uma coisa que o livro me fez pensar é sobre como controlar conflitos que, certamente, existirão em um ambiente fechado por gerações. Além da incerteza de não saber onde se está, o que vai acontecer com eles, se a nave vai perdurar mais por tanto tempo... São muitas as questões trabalhadas por Beth e mesmo o romance aqui não toma conta da narrativa o tempo todo como outros livros de YA fizeram. O tema aqui é sobre como sobreviver em meio a tantas adversidades. Uma população isolada em uma nave que está a tanto tempo no espaço e sem a certeza de chegar a lugar algum é certamente algo estressante demais para alguém aguentar. Não é de se estranhar que tantos conflitos surgiram na Godspeed e como as pessoas praticamente surtaram. Você quase pede para Elder retornar com o uso do Phydus para que as pessoas parem de morrer.

Mas controlar as pessoas com drogas não é a maneira certa de se governar. Me fez lembrar o Soma de Admirável Mundo Novo e como este era um recurso de controle. Beth fez uma ótima analogia em sua série de livros, mas pensando em um ambiente confinado e em como tornar as coisas mais fáceis para qualquer déspota maníaco controlar a população.

Beth Revis

Beth Revis é uma escritora norte-americana de fantasia e ficção científica, principalmente para o público jovem adulto.

Pontos positivos
Nave-mundo
Protagonista feminina
Viagem para outro planeta

Pontos negativos

Elder é um mala em várias partes
Algumas cenas longas demais

Título: Um Milhão de Sóis
Título original: A Million Suns
Série: Através do Universo
1. Através do Universo (2012)
2. Um Milhão de Sóis (2013)
3. Vestígios da Terra (2014)
Autor: Beth Revis
Tradutora: Sonia Strong
Editora: Novo Século
Páginas: 304
Onde comprar: Amazon

Avaliação do MS?
O livro é mais intenso que o primeiro, pois agora que a população está livre para pensar, opinar e experimentar a liberdade pela primeira vez elas se enchem de questionamentos. Sem contar que existe todo um pano de fundo sobre a missão da nave, sobre sua localização e sobre Terra-Centauri. Você não quer parar de ler, mesmo com os problemas que existem no livro. O enredo cativa mais do que eles. Quatro aliens para Um Milhão de Sóis e uma recomendação para que você leia a trilogia inteira. No próximo post, a resenha do terceiro e último livro, Vestígios da Terra.


Até mais!

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