Ficção científica e pseudociência

Me peguei pensando nisso outro dia quando li um artigo, em um especial da Scientific American que comprei na banca, chamado Vida no Cosmo. O texto chamado Onde estão os outros? fala sobre as diferentes maneiras de procurar vida pelo universo, como isso tudo começou e quais são as perspectivas para o futuro da astrobiologia. Os autores falam que a principal diferença entre ficção e ciência é que a primeira serve para nos encantar e motivar, e a segunda é capaz de descobrir e comprovar. E que ficção científica é pseudociência.




A partir da afirmação dos autores, resolvi procurar o termo pseudociência e tentar entender o que esta palavra realmente significa. Então, de acordo com a Wikipedia:

Uma pseudociência é qualquer tipo de informação que se diz ser baseada em fatos científicos, ou mesmo como tendo um alto padrão de conhecimento, mas que não resulta da aplicação de métodos científicos.

Mas pseudociência também assume um tom pejorativo quando quer depreciar alguma coisa. Por exemplo, a astrologia ou a homeopatia são tidos por muitos como pseudociência, já que não se baseiam em princípios científicos e não foram comprovadas pelos métodos usuais. As pessoas acreditam por acreditarem, por costume ou tradição. Mas não existe nada que, de fato, comprove que todos os piscianos são chorões ou que as gotinhas aguadas curam a sinusite. O efeito benéfico de ambas seria coincidência ou ainda efeito placebo.

Muita gente argumenta que a ficção científica pode levar a um maior interesse por ciência. Vemos pessoas que se inspiraram em personagens e séries ou filmes para seguirem suas carreiras científicas, inclusive astronautas do programa espacial norte-americano. Posso dizer que me interesso por ciência especialmente por conta da ficção científica e do Beakman. Quantas mais se inspiraram nisso e, consciente ou inconscientemente, procuraram carreiras científicas?

Mas a ficção científica pode ser chamada assim? Ou ela é uma pseudociência? Ou ainda, ela é uma ficção pseudocientífica? Poderíamos chamar de ciência fictícia? Voltamos ao problema de tentar delimitá-la, não é mesmo? Vemos casos de eventos extraordinários acontecendo na FC que, em geral, carecem de comprovação, informação ou de veracidade. A Força, presente em Star Wars, até ganhou uma explicação científica capenga em A Ameaça Fantasma, mas antes era impossível dizer o que ela era, de onde vinha, como é gerada. A explicação dos midiclorians deu o escape científico que a Força requeria, o que não agradou muito aos fãs.

Até poderíamos chamar alguns enredos de ficção pseudocientífica por não apresentarem nenhuma explicação plausível para o que apresentam em seus enredos. Mas não acho que podemos alegar que toda a FC seja uma pseudociência. Ela está aí para nos divertir, encantar e motivar, como bem disseram os autores do artigo da SciAm, Eduardo Dorneles Barcelos e Jorge Alberto Quillfeldt.


Na literatura, no cinema e nas séries, não precisamos de longas e detalhadas explicações científicas para entender o que está sendo proposto. O propósito ali não é comprovar algum fato, mas sim entreter, divertir. Sabemos o quanto eles erram, mas a gente liga? Bem, tem os chatos que ligam, mas acho que a falta de um profundo e completamente enraizado princípio científico não detona completamente uma obra, a menos que ela seja tão estapafúrdia quanto os filmes Sinais e 2012, que entraram para o rol de idiotices científicas da história. É aqui que entra a precisão. Aliens com alergia à água vêm para um planeta como o nosso. Faz sentido? Não. Faltou embasamento. Neutrinos (que são neutros, daí o nome) desestabilizam o núcleo da Terra e tudo vai para o inferno. Faz sentido? Não. De novo, faltou embasamento.

Mas o entretenimento requer isso? A cena de Decker e Ilia, no final de Star Trek, o Filme, necessita de muita explicação? Não. Mas como não tem um embasamento científico, pode ser chamada de pseudociência? Ou de uma ciência fictícia? Agora complicou, não é mesmo? É, não disse que seria fácil...

Ficção científica é útil porque estimula a imaginação e porque difunde o medo do futuro.

Stephen Hawking

Até mais!

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