Nada como um período de cama e pestilência para colocar as leituras em dia. Tenho tantas resenhas para fazer que nem sei por onde começar. Mas como semana passada eu fiz a resenha de Reiniciados, achei que seria interessante resenhar o segundo livro da trilogia, Fragmentada, de Teri Terry, onde Kyla procurar juntar os cacos do passado e descobrir quem é de verdade.
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O livro
Kyla termina o primeiro livro buscando os fragmentos de memória que restaram em seu cérebro reiniciado. Ela não sabe como pode dirigir sem nunca ter tocado num carro (até onde se lembra), nem como aprendeu defesa pessoal para se defender de um estuprador que a agarrou no bosque. Aos poucos, seu cérebro resgata memórias que não deveriam estar mais ali. Pessoas, lugares, situações, tudo volta em sonhos desconexos.Tudo o que ela tem são apenas fragmentos - daí o nome - que busca juntar com a ajuda da Dra. Lysander, a responsável pelo processo de reiniciar cérebros e a tutora do caso de Kyla. Rapidamente, Kyla percebe que seu caso é curioso, um desvio do padrão para outros reiniciados. Ela não deveria ter lembranças e Lysander busca saber do que se trata e porque isso aconteceu com ela. Não quero entregar spoilers, mas achei que o cuidado da autora em pesquisa distúrbios de personalidades múltiplas foi primoroso. Sem o uso de termos complicados, vemos como Lysander tenta encontrar os caminhos tortuosos da mente de Kyla.
Ao mesmo tempo, Kyla procura desesperadamente por seu amigo Ben. Ninguém sabe o que aconteceu com ele e isso a faz se envolver com figuras perigosas do submundo da sociedade na tentativa de descobrir quem é, porque tem essas lembranças tão tortuosas e porque ela é dada como desaparecida e com um outro nome em um site ilegal de crianças e jovens desaparecidos. Vemos um ambiente mais opressor do que o primeiro livro, onde Kyla ainda estava se habituando ao novo ambiente e vemos também como luta contra as memórias fragmentadas.
São tantas as novas informações que chegam de diversas fontes, que Kyla começa a duvidar de quem ela é. Sua personalidade parece não mais ser adequada àquela estudante reiniciada e passiva. Mas quanto mais ela observa e quanto mais ela sabe de coisas sobre seu passado, maior fica a dúvida sobre a veracidade dessas informações. Se sua memória foi apagada, como saber quem é verdadeiro ou não? Como identificar os mentirosos?
Diferente do primeiro livro, que começa um tanto passivo e apático, até por conta da própria condição de Kyla, Fragmentada mantém um ritmo muito mais intenso e com cenas de ação que refletem a tensão que existe entre governo, terroristas e sociedade. Os Lordeiros, figuras opressivas que mandam no país, estão em todos os lugares, no colégio, nas feiras, nas ruas, nos hospitais e são uma lembrança constante de ordem e disciplina. Coisa que os membros do Reino Unido Livre querem exterminar em nome da liberdade civil.
Ficção e realidade
Kyla é uma jovem que tenta mudar as coisas. Mesmo que seus métodos não sejam claros, ela não se conforma com a situação. Vemos que ela é um reflexo do engajamento cada vez maior de jovens e adultos jovens na situação política de seus Estados e em como a atualidade os incomoda. No livro, o governo tomou uma medida drástica - apagando memórias e transformando lobos em cordeirinhos - para evitar as matanças e assim dar uma nova chance a estas pessoas. Já os nossos jovens muito dificilmente têm segundas chances ou até mesmo uma chance de protestar contra o que está errado.É interessante também ver os tortuosos caminhos mentais que protegeram Kyla e suas memórias fragmentadas. A mente é ainda uma misteriosa caixa fechada e não conseguimos entender seus processos. Para saber se uma pessoa é louca, de fato precisamos que o outro seja normal. E ainda assim, é uma questão de ponto de vista.
Teri Terry é uma escritora britânica, nascida na França, de distopias e romances juvenis.
Pontos positivos
Protagonista femininaSuspense e ação
Ficção científica
Pontos negativos
Como eles reiniciam o cérebro não é explicado
Alguns personagens mal trabalhados
Avaliação do MS?
O livro é mais intenso, mais vívido que o primeiro, pois Kyla já conseguiu estabelecer alguma identidade com essa nova situação de reiniciada. Mas o que ela começa a descobrir sobre si mesmo a surpreende e até a assusta. Espero que no terceiro livro, ainda sem previsão de lançamento no mercado brasileiro, explique os mistérios por trás das memórias escassas de Kyla. Recomendo tanto o Reiniciados como o Fragmentada. Quatro aliens para ele.Até mais!
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