10 regras da boa ficção científica

Não sou muito fã de ditar regras para nada ou para os outros, pois isso é muito pessoal. Mas acredito que podemos tentar nortear padrões para ajudar os novos leitores e escritores da ficção científica a criar bons enredos. Mesmo que um autor use clichês, se ele souber trabalhar com eles, sempre sairá uma boa aventura.

Fictício e fantástico



Esta é uma lista pessoal. Se tiver alguma adição ou sugestão, até mesmo críticas, deixe nos comentários.

10. Ficção científica plausível e bem escrita
Diferente da fantasia, a ficção científica pode ser plausível, por mais que a ciência em si seja (ainda) fictícia. Ela não tem que ser, necessariamente PRECISA em todos os mínimos detalhes, ela precisa ter embasamento científico e plausível cientificamente. Projetos estão pululando por aí na tentativa de criar motores mais eficientes para viagens espaciais, algo que parecia FC das boas décadas atrás. Além disso, um bom enredo não pode ser complicado. O excesso de termos e nomes complicados podem fazer o leitor/expectador se perder e assim perder também o interesse.

9. Descentralizar da Terra
Nada contra nosso adorável planeta, mas este é um clichê que se não for bem trabalhado, fica muito chato. Alien 4, que não é lá essas coisas, ficou ainda pior quando falaram que a nave rumava para a Terra. A graça dos filmes de Alien era justamente o terror claustrofóbico do espaço, colocar o nosso planeta na equação deixou o filme totalmente insosso. Vamos colocar a raça humana bem lá para frente no futuro, imaginando novos lugares, planetas e ocasiões, tenho certeza que muita coisa bacana vai sair daí.

8. Explorar o que a ciência real tem de melhor
Se a cor da estrela muda, as plantas dos mundos ao redor também vão mudar. Mas em todos esse anos consumindo ficção científica, nunca vi um planeta que seja diferente da Terra. Stargate, por exemplo, tinha o deserto, a floresta e as ruínas. Ficava tudo meio chato às vezes. Já pensou como seria um planeta orbitando uma estrela classe M (anãs vermelhas)? Seria negra, já que ela teria que absorver toda luz possível. Bizarro... mas cientificamente muito legal.

7. Aliens com cara de aliens
Ficção científica dificilmente não tem aliens. Mas quando tem - como Star Trek - são todos absurdamente parecidos com o ser humano. Ok, entendo a questão do custo com a maquiagem e a caracterização, mas os betazóides não poderiam ser um tiquinho mais exóticos além daqueles olhos grandes e negros? Se for fazer um alienígena, faça um bastante exótico ou dê uma explicação plausível do porquê de serem tão parecidos com a gente.

Apostemos no diferente.

6. Sem nazistas
A Segunda Guerra Mundial acabou e faz tempo. O mundo realmente mudou muito por causa dela. Se quiser usar o estilo das tropas nazistas das legiões do terror de um personagem, ok. Mas sem viagens no tempo onde os mocinhos do futuro frustram os planos do Führer e salvam o mundo. Isso está mais do que batido. Um exemplo de bom uso da inspiração nas tropas nazistas são os Stormtroppers de Star Wars.

5. Clichês bem trabalhados
Os clichês não são ruins, são incompletos. Não vejo problema nenhum em pegar algo como viagens no tempo e usar para suas aventuras intergalácticas, mas ele não pode ser uma repetição de velhos modelos, pois é fatal, ele vai acabar classificado como uma coisa ruim. O mesmo vale para os N clichês da ficção científica que existem por aí. Cada um deles com o seu devido trabalho criativo, vai ficar impecável.

4. Sem referências à Star Trek, Star Wars ou super-heróis
Estas são sagas ou modelos de enredos que têm suas próprias regras, seu próprio mundo a parte na ficção científica. Nem tudo é bom nelas, de fato existem partes muito ruins e batidas nelas. Mas pegar o que há de bom nelas e repetir é um grande erro. A verdadeira ficção científica tem que ser acima de tudo criativa para não cair nos abismos do esquecimento literário. Nada de super-heróis ou seres míticos e indestrutíveis. Clichezão batido.

3. Tem que ser entreter
De nada adianta criar um baita enredo e ninguém se divertir com ele. Além de cativante e bem escrito, um livro tem que divertir, levar a lugares inusitados, tirar nosso fôlego. Tem que ser aquela obra que você pega e devora em pouco tempo e que deixe aquele gostinho de quero mais, no melhor estilo Asimov de escrever. São poucos os autores que conseguem fazer isso, menos ainda na ficção científica. Brasileiros então... está bem difícil.

2. Ela tem que nos maravilhar
Existem muitos sub-gêneros a se trabalhar dentro da ficção científica. Em todos eles, dependendo do modo como foi escrito, exposto, mostrado, ele vai nos encantar. As demonstrações de pensamento superior nos robôs de Asimov, ou a resistência dos astronautas na situação complicadíssima em Apollo 13, são aqueles momentos que nos encantam e nos fazem pensar em como o ser humano é uma criatura incrível.

1. Humanos que não sejam todos homens e brancos
Taí um padrão para muitas ficções científicas. Se tem uma coisa que me incomodou em Fundação (pelo menos no primeiro livro da trilogia), foi a completa ausência de personagens importantes do sexo feminino. Devemos sempre lembrar da época em que foi escrito, mas a raça humana é muito mais diversa do que essa FC higienista que aparece por aí de vez em quando. E parar de mostrar etnias e cores diferentes da velha maneira clichê. Negros como líderes tribais e orientais como sábios místicos. E menos sexualização das mulheres. Já deu, né?

Por mais heroínas na FC!

Até mais!


Qualquer coisa que você sonhar é ficção, e qualquer coisa que você conseguir realizar é ciência. Toda a história da humanidade não é nada além de ficção científica.

Ray Bradbury

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