Esta é a melhor definição para ficção científica que já encontrei, apesar de não saber quem a proferiu. E acho que cabe bem para todos os que consideram o gênero como morto, batido e sem graça, que nada mais tem a oferecer. Você já sabe e não é de hoje que sou uma grande defensora do gênero, consumo e espalho o quanto posso. Mas ainda é possível se deparar com o preconceito das pessoas que não sabem o que estão perdendo.
Já vi muita gente comentar que acha que ficção científica é um gênero infantil, coisa de crianças. Claro, existem muitos desenhos animados para crianças, não é algo a se discutir. Mas FC não é só isso. Nada é definido apenas por um viés. Se for, costuma ser estereotipado e estereótipos são sempre incompletos.
Ficção científica tem a sua parte cética e austera, mas também possui uma tradição de transcendência, do fantástico, do desconhecido e do inusitado, características próprias da ciência que constantemente está se reinventando e descobrindo coisas novas, ao mesmo tempo em que não consegue responder várias perguntas. Ciência e misticismo já foram considerados a mesma coisa, como quando curandeiros se utilizavam de plantas medicinais acreditando que eram poderes sobrenaturais curativos.
Aí voltamos naquela velha questão que faz muita gente torcer o nariz para a ficção científica. Nós já vivemos em um mundo altamente tecnológico, com gadgets, robôs em Marte, para que ler este gênero? O que ele pode me oferecer? De novo, é gente que não conhece nada das origens da ficção científica, em que pé ela está hoje e que não conhece o gênero direito.
Star Wars, uma ficção especulativa puxada para a ficção científica, com todo o ceticismo de sua obra, é respaldada pela Força misteriosa, que dá aos Jedis, com fortes bases teológicas, o poder de pacificar a galáxia. E aí? Isso é ou não é algo fantástico, inusitado e transcendental? A explicação pobre que deram sobre a Força em A Ameaça Fantasma diminuiu o espanto e o respeito que temos pelos Jedis? Acho que não.
Carl Sagan, em Contato, coloca ciência e religião no mesmo patamar neste grande livro e clássico. Um interessante embate de gênios acontece quando um ex-padre e uma cientista cética e racional se envolvem. E a Dra. Arroway se sente pequena diante da imensidão do cosmos enquanto viaja para encontrar os alienígenas. Esta cena de espanto de Arroway é uma das melhores que eu já vi para descrever o quanto sabemos pouco sobre o universo e como devemos ser humildes diante nossa própria pequenez e porque não ignorância.
Este gênero tão abalado por mesmices e clichês mal usados é também o responsável por longas sagas, personagens icônicos e pelo sentimento de perplexidade diante do que não sabemos, de vermos desastres e visões utópicas, de audaciosamente ir onde ninguém jamais esteve. A incrível coleção de mundos e personagens que podemos visitar e conhecer, com suas ciências fictícias e nem tão fictícias assim, está esperando que muitos percam o preconceito e possam viajar com a Ficção Científica.
Até mais!
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