Quem quer ser um ciborgue?

crânio ciborgue
Muita gente responderia que sim sem nem pensar. Outros, eu por exemplo, já diriam que não. Acho que os quatro parafusos na minha coluna já completaram minha cota de artificialidade. Mas é algo a se pensar, já que vemos cada vez mais a tecnologia se aproximar e se tornar algo maleável, plástica e orgânica.



Definição
O termo é comumente utilizado como sendo a combinação funcional de indivíduo e máquina, de natureza e tecnologia, com um melhoramento do que é orgânico pelo o que é mecânico/tecnológico. A ficção científica retrata isso com bastante frequência, tendo duas grandes séries a respeito: O Homem de 6 Milhões de Dólares e A Mulher Biônica.

As ideias de casamento entre orgânico com biológico são várias. Uma delas é do projeto Grindhouse Wetware, onde engenheiros querem que a evolução seja auxiliada pela tecnologia, quem sabe até substituída. A técnica do body hacking tem sido utilizada para inserir aparatos no corpo humano, como pequenos imãs nas pontas dos dedos, dando um aumento significativo nas sensações e fazendo o corpo captar o que normalmente seria despercebido. Eles são chamados de biohackers e tem gente fazendo procedimentos em casa, sem os cuidados médicos necessários, implantando chips, imãs e até mini-bússolas.

moça ciborgue
Visão do futuro?

As aplicações para a medicina e para a reabilitação são imensas. Poder devolver movimentos e sensações para deficientes e cadeirantes, devolver a visão, a audição, criar próteses mais confortáveis e sensíveis, com interface direta no cérebro, tudo isso é empolgante e necessário para tornar a vida destas pessoas mais fácil e devolver-lhes a interação com o restante da sociedade. Acredito que esta tecnologia será cada vez mais refinada e precisa, trazendo uma revolução na medicina.

O que me incomoda é ver implantes inseguros e até mesmo desnecessários, capazes de sofrer com invasões de hackers habilidosos e que podem ser prejudiciais para a pessoa e para a sociedade. No episódio Game Time da série de ficção científica Continuum, a protetora do futuro Kiera Cameron tem seu chip neural hackeado e é instigada a matar um suspeito de um crime pelo grupo terrorista Liber8, que teve acesso à sua programação e por indução sináptica tentou fazer dela uma assassina. Kiera tem controle do chip quase que integralmente e consegue com ele ver de impressões digitais às condições de uma pessoa, para saber se ela está mentindo. Tudo o que ela vê durante o trabalho policial é gravado e enviado remotamente para os servidores do serviço de proteção, o equivalente à polícia, e usado em casos de julgamento, dispensando testemunhos duvidosos e contraditórios.

Projetos para implantar chips no corpo humano tiveram seu começo há alguns anos e alguns já fecharam por protestos de entidades civis por violação de privacidade. Com um sistema inseguro e falível, poucas pessoas se sentiriam confiantes, temendo não sere mais responsáveis por seus atos. A webserie H+, disponível no Youtube, mostra o fim da raça humana por causa de um vírus que se espalhou pelos chips pessoais de cada um.

Vejo que estamos num rumo que não tem mais retorno. Se pegarmos a definição de ciborgue - combinação funcional de indivíduo e máquina, de natureza e tecnologia - nós temos ciborgues há muito tempo na civilização, apenas não os vemos desta forma. O melhoramento genético do milho e do trigo desde a Pré-História até os dias de hoje com as plantas transgênicas, que possuem genes até de bactérias para serem resistentes. Animais bombados com antibióticos para produção de mais leite, mais carne. A biologia e o orgânico estão a cada dia mais desafinados com o estado natural das coisas e se tornando altamente avançadas pela intervenção humana.

Kiera Cameron
Kiera Cameron, da série Continuum. 

Apenas espero que se chegar o dia em que os chips e implantes neurais chegarem, isso seja opcional e não obrigatório. E que a medicina consiga dar às pessoas que necessitam tudo o que a tecnologia tem potencial de fazer para tornar suas vidas melhores.

Até mais.

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