Resenha: Expresso do Amanhã (2013)

Este filme foi uma indicação do Denis Nascimento, leitor do blog, pela rede do Filmow, uma rede de filmes e séries de TV. É uma ficção científica, uma distopia, em um planeta Terra inteiramente coberto de gelo. Ele também mostra o pior lado do ser humano quando a questão é a sobrevivência.





O filme
Em julho de 2014, o mundo está animado. Enquanto ambientalistas protestam, a comunidade científica está otimista com os resultados preliminares dos testes do CW-7, uma substância refrigerante artificial, que poria um fim ao aquecimento global e traria a normalidade para o clima do planeta. Desta forma, 79 países dispersariam, por meio de aviões, em alta atmosfera, o composto químico que diminuiria a temperatura global para níveis aceitáveis. Seria o fim de anos de problemas.


Como era de se esperar, o experimento deu errado. O composto baixou tanto a temperatura que jogou a Terra em uma nova era do gelo. As pessoas congelaram em seus carros, em casa, no trabalho. Imensas camadas de neve cobriram as cidades, a vida animal e vegetal praticamente se extinguiu. O que restou da humanidade embarcou em um trem de percurso global antes do total congelamento e que funcionou como uma arca. No entanto, as pessoas relegadas ao vagão final vivem em condições sub-humanas, com pouca comida, pouca água, pouco conforto, enquanto os vagões da frente vivem no bem-bom.

Expresso do Amanhã é baseado na graphic novel Le Transperceneige. A estreia dele foi adiada várias vezes devido à compra dos direitos pela norte-americana Weinstein Company que fez várias mudanças na montagem original. Entretanto, o filme é uma das boas surpresas do ano ao recontar o mito da arca, enquanto segmenta a sociedade e sua divisão de classes em um trem em rota perpétua pelo planeta. Ele precisa se manter em movimento para não congelar assim como o resto do planeta. O trem, construído pela Wilford Company é um ecossistema que vem se mantendo por 17 anos depois do congelamento. A Máquina, como ficou conhecido o primeiro vagão, acabou ganhando um ar mítico ao longo dos anos e a figura do próprio Wilford quase uma lenda.

Curtis.

Mas quem vive no último vagão está insatisfeito. Eles vivem em condições degradantes enquanto os vagões da frente possuem todos os confortos. E fica claro enquanto você assiste que cada um ali dentro tem sua função e seu lugar e isso não deve ser mudado para não alterar a ordem da sociedade. Lembra um pouco Admirável Mundo Novo, com seus Alfas, Betas, Gamas e Deltas e a imobilidade de sua sociedade. Obviamente que isso irrita e surge uma revolução, liderada por Curtis, interpretado por Cris Evans (Quarteto Fantástico, Capitão América).

O filme é original, bem feito e claustrofóbico. Num primeiro momento o filme é escuro, de poucas cores, sujo, enquanto as partes nobres do trem são repletas de cor, comida, festas e bebidas. Esta é uma obra sobre sobrevivência e sobre a sociedade, algo que contraria o sonho americano de ascensão social. Você é forçado a ficar numa classe - ou vagão - e não pode sair dela, porque alguém decidiu que seu lugar é ali. O problema disso são os abusos das classes mais altas - ou dos vagões da frente e nisso o filme é genial em mostrar.


Ele não é perfeito, porém. Em vários momentos há uma parada na intensa narrativa que se segue, alguns atos bem questionáveis se seguem, inclusive com mortes desnecessárias. Do jeito que a coisa foi eu pensei que a raça humana se extinguiria ali mesmo nas lutas que acontecem nos vagões quando a revolução começa. Se a ideia era salvar a raça humana, isso me pareceu meio forçado.


Ficção e realidade
Atualmente, uma das maiores preocupações mundiais, além da crise, é com o meio ambiente. No entanto, basta ver os níveis de consumo para notar que pouco tem sido feito a respeito. Sou sincera em admitir, não me preocupo com a situação do planeta. Antes que você me taque pedras, o motivo para isso é bem simples: ele já passou por situações ainda piores do que a que temos agora e conseguiu passar por elas. A natureza regula a si própria e tem seus meios para regular os excessos em seu sistema.

A preocupação atual deveria ser em como sobreviver às mudanças climáticas, pois elas já estão aí, causando prejuízos em vidas humanas, animais e financeiros. O planeta vai sair dessa, mas nós não. Podemos não acabar em um trem de rota perpétua pelo planeta, mas certamente teremos anos de penúria à frente. Você está preparado para isso? Seus filhos e netos estarão?


Pontos positivos
Ótima metáfora sobre sobrevivência
Distopia original
Reflexões sobre a sociedade
Pontos negativos

Devagar em alguns pontos
Final óbvio


Título: Expresso do Amanhã
Título original: Snowpiercer
Direção: Joon-ho Bong
Duração: 126 minutos
Ano de Lançamento: 2013


Avaliação do MS?
Para assistir o Expresso do Amanhã, encare como uma distopia social. Esqueça o ambiente externo. Não que ele não seja importante, afinal foi a mudança ambiental que levou às pessoas para o trem. Para os olhares menos atentos, o filme pode não parecer grande coisa, mas se você souber enxergar a sociedade esticada e acomodada em um trem, perceberá muitas semelhanças com a sociedade atual e com os problemas atuais que muita gente precisa enfrentar. Vi muitas opiniões divididas sobre o filme, mas afirmo que vale à pena ver, apesar de não ser um filme para todos. Quatro aliens para o trem.



Até mais!


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