Resenha: Um destino tatuado em sangue, de Danielle Jensen

Não vou mentir: o que me chamou a atenção neste livro foi a capa. Quem nunca, não é mesmo? Sigo a artista portuguesa, Eleonor Piteira, no Instagram e fiquei encantada com a arte da capa. Ao ler a sinopse, o livro logo me interessou. Aqui temos uma ambientação nórdica, com muito gelo, poder e deuses que dão seu sangue imortal aos relés mortais.

O livro
Freya é uma jovem mulher impetuosa, casada com um homem detestável, tolerado na vila por ter uma gota de sangue imortal correndo nas veias. Isso lhe dá o poder de alimentar a todos na vila, pois ele consegue fazer a praia se encher de peixes. Skaland é um reino dividido entre vários senhores da guerra, os jarls, e o irmão de Freya, bem como seu marido, são subordinados ao jarl Snorri.

Resenha: Um destino tatuado em sangue, de Danielle Jensen

Mas sou mais fraca do que a maioria dos homens, o que significa que não posso lutar como um homem. Quero aprender a lutar como uma mulher.

O que Freya passou a vida inteira escondendo é que ela também tem uma gota de sangue dos deuses nas veias. Abençoada com uma gota de sangue da deusa Hlin, ela é capaz de criar um escudo mágico que repele qualquer ataque. Seu pai mandou que Freya e seu irmão, Geir, nunca falassem sobre o poder da garota e a obrigou a esconder de todos. Mas só depois ela entendeu o motivo: uma profecia dizia que uma Dama do Escudo surgiria e que tornaria um homem o rei de toda Skaland. Quando uma traição causada por seu marido a leva a revelar seu poder, ela se vê obrigada a casar com Snorri, que pretende se tornar o soberano sobre todos os outros jarls.

Freya tem o sangue de Hlin nas veias. Hlin, porém, é uma deusa menor, associada à deusa Frigg, e seu nome costuma ser traduzido como "protetora". Mas durante a leitura percebemos que Freya tem poderes que vão além daquele que Hlin lhe daria. Bjorn, filho e herdeiro de jarl Snorri, é o primeiro a perceber. Bjorn é aquele personagem caricato das romantasias: forte, ombros largos, tatuado, sensual, etc, etc. Bjorn também tem sangue dos deuses, capaz de materializar um poderoso machado de fogo que muitos por Skaland temem.

Quando a notícia de que Snorri tem a posse da Dama do Escudo, a vida de Freya corre perigo. Alguns jarls a querem para si, mas outros pretendem matar a moça para impedir que um rei una Skaland como o rei Harald fez com Nordeland. Aliás, algumas das melhores cenas são de Freya lutando ombro a ombro com Bjorn, que acaba se tornando seu protetor e professor de luta com escudos. O sonho de Freya sempre foi o de controlar seu destino e de lutar como os homens faziam e ela se viu presa a um homem que não gostava, sua esposa intragável Ylva, uma ótima vilã do livro, aliás, e Bjorn.

Assim... gosto de histórias de fantasia, gosto de cenas sensuais e de sexo. Acho que quem faz isso muito bem é Sarah J. Maas, com cenas quentes e muito bem descritas, que são de fato excitantes e focadas no prazer feminino. Porém algumas autoras escrevem como um homem escreveria, pensando que é uma mulher, escrevendo uma cena de sexo. São cenas toscas, com pouca sensualidade. Neste livro, eu parecia estar lendo o roteiro de um filme pornô, com descrições tão mecânicas e forçadas, que eu pulava a maioria das cenas, porque era sempre mais do mesmo.

Freya tem bastante potencial. Vimos um pouco disso aqui, mas achei seu desenvolvimento muito ruim em vários momentos. A autora se segurou para não dar poder demais para ela, acredito que guardando a ação para o próximo livro. Por falar antes de pensar, Freya acaba sendo uma figura insuportável em vários momentos e as discussões dela com Bjorn também se tornam chatas e mecânicas, previsíveis, pois ela logo vai ficar molhada só de estar ao lado dele. Sério, essa guria precisa de foco ou nunca vai aprender a lutar em uma parede de escudos.

Era fácil correr riscos quando se enfrentava a morte, mas muito mais difícil fazer isso quando se enfrentava a vida (...).

Também achei os conflitos de Freya com sua família meio perdidos ali no meio. Ela parecia vir de uma família unida, mas que de repente se torna uma família estranha, aproveitadora, até mesmo sua melhor amiga, Ingrid. Peraí, ela levou 20 e tantos anos pra perceber isso? Nenhum deles jamais deu qualquer sinal de ser cretino e egoísta? Momentos como esse, entre outros, me fizeram pensar que este é em um bom rascunho para um bom livro que não foi desenvolvido. E olha que são mais de 400 páginas aqui, só que Jensen perde tempo com cenas quentes que chegam a ser risíveis, quando poderia se engajar em outras coisas, tipo desenvolvimento de personagens.

Tirando isso, gostei da ambientação e de deuses concedendo dons para os mortais. A tradução ficou na mão de Flávia Souto Maior e está ótima. Não encontrei problemas de revisão ou diagramação no livro.

Obra e realidade
Jensen se inspirou na figura da dama do escudo da mitologia e folclore escandinavos. No nórdico antigo, uma dama de escudo (skjaldmær) era uma guerreira valente e que lutava ombro a ombro com os homens. Exemplos dessas guerreiras são encontradas por toda mitologia nórdica, como Brunilda da Saga dos Volsungos e Lagertha em Gesta Danorum. O termo também era usado para descrever as amazonas bem como toda mulher guerreira das histórias nórdicas, além das valquírias.

O Túmulo do Último Guerreiro Viking, descoberto em 1880 em Birka, na Suécia, era um túmulo adornado com todas as honrarias de um guerreiro: armaduras, uma espada, um machado, uma lança, arco e flechas, uma faca de batalha, escudos e cavalos foram enterrados junto com o corpo. Mas testes de DNA feitos nos anos 2010 mostraram que não era um guerreiro e sim uma guerreira.

E em Solør, na Noruega, um corpo feminino mostrou ferimentos de batalha. Seu túmulo também tinha armas, como uma espada, uma lança e um escudo, mas ninguém a considerava uma guerreira simplesmente pelo fato de ser o túmulo de uma mulher. Seu rosto foi reconstruído e está exposto junto do esqueleto no Museu de Oslo.

Danielle Jensen

Danielle L. Jensen é uma escritora canadense de livros para público jovem adulto, principalmente do gênero fantasia.

PONTOS POSITIVOS
Cultura nórdica
Poderes dos deuses
Batalhas
PONTOS NEGATIVOS
Muito lenga-lenga
Freya e sua boca grande
Freya e Bjorn

Título: Um destino tatuado em sangue
Título original: A fate inked in blood
Saga dos Sem Destino:
1. Um destino tatuado em sangue
2. A Curse Carved in Bone
Autora: Danielle Jensen
Tradutora: Flávia Souto Maior
Editora: Seguinte
Ano: 2025
Páginas: 432
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Avaliação do MS?
Pelo tamanho e pela complexidade do enredo, eu esperava bem mais. Achei que a leitura até começou bem, mas a autora não conseguiu me dar um desenvolvimento da protagonista que me cativasse. Terminei meio que à força apenas para saber o que já sabia lá pelo meio do livro. É provável que eu continue por causa da deusa Hel. Três livros para o livro.


Até mais! ❄️

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