Resenha: A última mentira que contei, de Riley Sager

Fiquei um pouco emburrada com a ficção especulativa depois da decepção com a minha última leitura, assim resolvi pegar um livro que está pipocando no meu Kindle já faz um tempo e nunca tinha prestado muita atenção nele. Até que li uma resenha muito boa no Instagram e isso logo chamou minha atenção. Acabei viciada nos livros do autor e já adianto que este aqui é um dos meus favoritos!

O livro
Emma Davis tinha 13 anos quando foi passar o verão em um acampamento. Por ter sido a última a chegar, ela acabou em uma cabana com três garotas mais velhas e acabou fascinada por elas. Mas então em uma noite, tudo mudou. As três garotas desaparecem, deixando poucas pistas para os que ficaram para trás. Emma cresceu, tornou-se adulta e uma artista plástica promissora, mas segue sendo assombrada pelos fantasmas e mentiras daquela noite.

Resenha: A última mentira que contei, de Riley Sager

… às vezes uma mentira é mais do que apenas uma mentira. Às vezes é o único meio de vencer.

Riley Sager é aquele tipo de autor que gosta de pegar um grupo de personagens e torturá-los até o final. E levando você junto, é claro. Ainda que siga uma certa fórmula previsível em seus livros, aqui ele entrega um suspense perfeito e entrega as revelações bem no final, praticamente nas últimas páginas. A fórmula aqui é fazer Emma voltar ao passado na esperança de conseguir esquecer o passado e quem sabe desvendar o desaparecimento de Vivian, Natalie e Allison.

Vivian era a líder das garotas, alguém que as outras seguiam, a fêmea alfa. Era também uma escrota que adorava mentir e esse sentimento não foi embora até o final da leitura, aliás ele piorou. Emma retorna ao acampamento a convite da dona do lugar, já que ela pretende reabrir naquele verão para um novo grupo de meninas. Um tanto assustada por retornar como instrutora, Emma acha que é hora de fechar esse capítulo.

Mesmo depois de crescer e passar por diversos problemas psicológicos pelos eventos daquela noite, Emma não consegue esquecer o passado. Em suas telas, ela sempre esconde as três garotas sob grossas camadas de tintas. Ninguém, além de Emma, sabe que elas estão lá, sempre olhando da escuridão, dos tons escuros das florestas retratadas. É essa a impressão que a gente tem, de que elas estão sempre espreitando, mesmo quando Emma retorna ao acampamento.

Indo e voltando no passado, acompanhamos os passos de uma Emma adulta e uma Emma adolescente, encantada por ter feito amizade com garotas mais velhas e populares, principalmente Vivian. Vivian é uma personagem intragável na maioria das vezes, ambígua e até perigosa. Ela faz joguinhos com Emma, brinca com seus sentimentos e depois age como a irmã mais velha perfeita. Não sei com quem Sager andou conversando para retratar essas meninas, mas ele fez um bom trabalho, pois elas parecem absurdamente humanas e reais.

O começo do livro é um pouco lento. O autor leva vários capítulos para de fato entrar na ação, de começar a entregar alguma coisa. Me pareceu uma grande introdução, para nos apresentar o cenário, os personagens e o que eles fizeram no passado que acabam nos levando ao presente, quando outro grupo de garotas desaparece. Se Vivian não era exatamente uma pessoa confiável, será que Emma é? Admito que desconfiei muito de todo mundo, pois todos ali têm ações esquisitas em algum momento, mas não consegui matar a charada até o final. Aliás, é algo que gosto muito deste livro, ser pega de surpresa, sem saber o que vai acontecer.

Algo que Emma não conta pra ninguém é que ela tem visões. Isso a colocou num longo tratamento psiquiátrico e faz com que a gente pense que ela tem algo a ver com o desaparecimento das garotas. Isso nos faz pensar o que uma garota de 13 anos poderia ter feito e essa tensão só vai aumentando conforme mais suspeitas caem sobre Emma e ela admite que mentiu em alguns momentos. Quando chegamos ao final... UAU. Perdi o fôlego com as revelações. Tudo o que eu achava que sabia evaporou!

Ainda que a tradução de Nilce Xavier esteja muito boa, a revisão por sua vez deixou a desejar. São erros bobos em momentos em que a descrença é suspensa e meio que acaba com a experiência da leitura. Gostaria de dizer que foi só um lapso, mas em outros livros do autor pela mesma editora, o problema é recorrente.

Ter a verdade revelada significa que você finalmente começa a sair debaixo de tudo isso.

Obra e realidade
É interessante ler algumas resenhas desse livro, ode as pessoas acham impossível alguém adolescente ser tão perversa e enganar até os adultos com tanta facilidade. É o que vemos na ficção de Sager, mas quem disse que isso não acontece na realidade? É preciso lembrar da quantidade de crimes hediondos cometidos por adolescentes, que conseguiram mentir e enganar adultos, até juízes muito bem?

Sabemos que a adolescência traz muita impulsividade. Tudo é pra ontem, tudo é imenso e terrível, mas é algo que passa e com o tempo conseguimos lidar melhor. Porém, alguns podem acabar cedendo aos impulsos, tornando-se excelentes mentirosos e, bem... já vimos essa história antes.

Riley Sager

Riley Sager é um escritor norte-americano de suspense.

PONTOS POSITIVOS
Emma
Acampamento
Suspense
PONTOS NEGATIVOS

Erros de revisão

Título: A última mentira que contei
Título original: The Last Time I Lied
Autor: Riley Sager
Tradutora: Nilce Xavier
Editora: Gutenberg
Ano de lançamento: 2019
Páginas: 352
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Não esperava que fosse gostar tanto desse livro! Comecei sem saber exatamente o que estava acontecendo, achei até que acabaria largando a leitura, mas depois o autor começou a entregar alguns mistérios, começou a criar outros e de repente eu estava lendo pela madrugada. Se você curte livros de suspense, então se joga nesse aqui. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!

Muito bom!

Até mais!

Já que você chegou aqui...

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