Seguindo na febre pelos livros de Riley Sager, cheguei bem empolgada para ler este aqui. Com suas personagens complicadas e de passados turbulentos, o autor me fisgou desde o primeiro livro que li e acabei pegando vários para ler. Este aqui fala sobre uma atriz que chegou ao fundo do poço e resolveu se refugiar na casa do lado da família para se recuperar.
O livro
Casey Fletcher é atriz de TV, teatro e cinema e ficou viúva recentemente. O baque pela morte do marido a fez cair de cabeça na bebida, até que sua foto bêbada apareceu em todos os tabloides. Sem contratos, sem esperanças de resolver a situação e tentando escapar de uma onda de publicidade negativa, Casey se refugiou na paz e tranquilidade da casa do lago de sua família em Vermont. Um lugar pacífico, isolado e com poucos vizinhos. Um dia, Casey salva a nova vizinha, Katherine Royce, uma ex-modelo muito rica, de se afogar enquanto nadava no lago e as duas passam a ser amigas.
As pessoas têm um limite de estresse, medo e situações de merda que conseguem suportar antes de surtar de vez.
Casey não é uma personagem lá muito confiável, pois praticamente vive bêbada e bebemos cada gole com ela. Às vezes ficamos na dúvida se estamos mesmo vivenciando uma determinada situação com ela ou se é um tipo de alucinação causada pela bebida. Na primeira oportunidade que tem, ela está com um copo na mão, sentada na varanda, com seu binóculo na mão, espionando os vizinhos. Quanto mais ela observa Katherine, percebe que a vizinha não tem um casamento muito saudável. A curiosidade é algo tão irresistível quanto a bebida e assim Casey se refugia na escuridão para observar.
A situação se complica bastante quando Katherine desaparece subitamente e seu marido parece mentir sobre a localização dela. Casey quase engoliu a história, mas decidiu investigar por conta própria, com a ajuda de um vizinho bonitão e que padece do mesmo problema que ela com a bebida. Quando eles acionam a polícia para tentar ajudar Katherine, a policial não parece confiar que um crime esteja acontecendo. Ela decide dar o benefício da dúvida e diz que faria algumas perguntas, mas que era isso. Nada em definitivo.
Gosto de livros com personagens não confiáveis. Gosto também das reviravoltas e das surpresas. Mas sinto que aqui o autor não sabia muito bem o que queria fazer. Em um primeiro momento é uma trama semelhante à Janela Indiscreta, envolvendo o desaparecimento de uma mulher jovem e rica. Aí vira um enredo sobre um serial killer perigoso que pode estar por trás do desaparecimento de algumas garotas da região. Aí de repente vira um enredo sobre fantasmas e possessão, bem no estilo dos irmãos Winchester.
Não era mais fácil o autor seguir um único caminho e resolver tudo nele? Ele fez isso em outros livros e deu super certo, mas aqui ele resolveu lançar a carta do sobrenatural e ela não ficou legal. Principalmente pelo fato de ninguém estar esperando essa cartada. E assim, é direito dele escrever sobre o que ele quiser, mas um livro que se transforma em vários am tão poucas páginas, me desagradou muito. Cheguei ao final, que também não fecha nada direito, achando que estavam faltando páginas ou quem sabe um melhor trabalho de edição, porque ele se sustenta muito mal.
Eu gostei de boa parte do livro e fiquei pensando em vários motivos para o desaparecimento de Katherine, para o comportamento suspeito do marido e se ele poderia ter relação com as jovens desaparecidas. Gosto de quando o autor me faz pensar em diversas possibilidades e se posso ou não estar certa no final. Uma pena que as reviravoltas que ele colocou aqui foram fracas e destoaram do tom original que o autor impôs em outros livros que li.
Fui infeliz por muito tempo. Só precisei chegar ao fundo do poço para perceber.
Outro problema que pegou muito foram os erros de revisão da editora. Foram erros bobos e até crassos de revisão que jamais deveriam ter passado e chegaram a atrapalhar a leitura em alguns momentos. A tradução ficou na mão de Giovanna Chinellato e está muito boa, apesar dos problemas de revisão se sobressaírem.
Obra e realidade
Lagos amaldiçoados e assombrados são um tema comum no folclore. Justamente na semana em que estava lendo este livro, assisti a um documentário sobre o Lago Lanier, na Geórgia, conhecido como o "lago mais assombrado dos Estados Unidos". A construção do lago, na década de 1950, envolveu a remoção de famílias e empresas da região, além do realojamento de cemitérios. Esses deslocamentos não foram pacíficos e para muitos, os espíritos daqueles que morreram nas tentativas de remoção ainda estão pelo lago, reivindicando vidas.Mas o meu lago assustador favorito é o Lago Baikal, o mais estranho do planeta. É o mais antigo e o mais fundo do mundo, com profundidades chegando a 1,6 quilômetros, o que o torna muito mais fundo do que qualquer outro lago e é de fato impressionante que continue tão fundo por tanto tempo, já que a tendência é que os lagos se tornem mais rasos. Mais 300 rios deságuam no Baikal, que se encontra em um vale de rifte que está se abrindo. Assim, os sedimentos que deveriam assorear o lago acabam caindo pela abertura, deixando o lago sempre profundo.

Riley Sager é um escritor norte-americano de suspense.
PONTOS POSITIVOS
Casey
Mistério
PONTOS NEGATIVOS
Questão sobrenatural
Tom Royce
Casey
Mistério
PONTOS NEGATIVOS
Questão sobrenatural
Tom Royce
Avaliação do MS?
Pelo tamanho e pela complexidade do enredo, eu esperava bem mais. Achei que a leitura até começou bem, mas o autor de repente não soube mais qual caminho seguir e sacou a carta do evento sobrenatural para encerrar tudo de uma maneira que me foi bem pouco satisfatória. Três livros para o livro.
Até mais!
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