Sei que Anthony Ryan é um prolífico autor de fantasia e já publicado no Brasil, mas quando li a sinopse desse livro aqui, logo me chamou a atenção, pois é uma ficção científica. Sete desconhecidos enfrentarão um horror brutal enquanto sobem um rio em uma missão misteriosa.
O livro
Começamos com um grito. Um homem acorda ouvindo um grito inumano, desorientado, confuso, pensando ter ouvido um tiro. Como ele sabe que foi um tiro? O homem fica ainda mais perturbado ao ver que quem puxou o gatilho está agora numa poça de sangue, morto por suas próprias mãos. Não há nada no defunto que o identifique, exceto pelo nome Conrad tatuado em seu antebraço. O homem acordado resolve olhar no seu próprio braço e encontra o nome Huxley.A dor explodiu em um clarão ofuscante. Ele teria gritado se restasse algum ar em seus pulmões.
Huxley logo descobre que há outras cinco pessoas com ele no que parece ser um barco, que está em piloto automático e sendo controlado remotamente. Nenhum deles se lembra de seus nomes, de quem são, o que fazem, onde nasceram, ainda que todos chutem com base em suas habilidades e todos tenham o nome de um escritor tatuado no antebraço. Os outros são Rhys, Plath, Pynchon, Golding e Dickinson. Todos eles estão com a cabeça raspada e cicatrizes. Enquanto divagam sobre o que devem fazer, eles chegam à conclusão de que, apesar de sua falta de memórias pessoais, eles possuem a capacidade de relembrar fatos aleatórios.
Cada um ali parece ter um propósito, uma habilidade, um conhecimento importante. Huxley parece ser um policial, enquanto Pynchon deve ter sido um militar. De começo eles parecem todos muito planos e bidimensionais, mas acredito que tenha sido proposital, pois conforme a leitura avança, algumas características começam a despontar e os personagens ganham contornos mais complexos. Plath, por exemplo, se mostra ser uma pessoa intragável em pouco tempo, enquanto Rhys parece ser racional e direta, com conhecimentos médicos essenciais para a missão e Golding é possivelmente um historiador.
É óbvio que eles estão em algum tipo de missão, mas conforme conversam, ninguém se lembra de nada de sua vida passada e se tentam, uma dor dilacerante atravessa suas cabeças. O ambiente em torno do rio é difícil de distinguir, já que há uma névoa avermelhada sobre tudo. Conforme eles sobem o rio, os detalhes da missão começam a surgir, mas o mistério também aumenta e vai sendo desenrolado aos poucos. Huxley acaba sendo o personagem que lidera a narrativa, curioso sobre o que está acontecendo e buscando informações que os outros às vezes não admitem que querem saber.
A leitura foi muito rápida e acho que pende mais para a ficção científica do que para o horror. Há sim elementos que chocam, algo puxado para o body horror, então fãs de zumbis e pós-apocalípticos vão curtir o enredo, que também tem momentos de ação. Como alguém que gosta de saber mais sobre os universos que leio, eu gostaria de ter um pouco mais de respostas sobre o que aconteceu neste universo, mas as respostas são dadas, nada fica exatamente de fora, até como as bizarras criaturas que habitam as margens do rio (e até seu leito) surgiram.
Ryan nos dá pequenas pistas sobre o que aconteceu com a civilização e é gratificante assistir à equipe trabalhar em conjunto usando suas habilidades para resolver os problemas à sua frente. Não é um livro exatamente ambicioso, é uma obra de ação rápida, que prende, com um clima paranoico e perigoso, e que não é muito longo, com um final que acredito tenha sido esperançoso.
A tradução foi de Isadora Prospero, mas você não encontra essa informação nas lojas online onde o livro está à venda. A revisão e a diagramação estão muito boas e não encontrei problemas gritantes ao longo da leitura.
Obra e realidade
Quem procura uma obra com um grande arco sobre os personagens, pode acabar se decepcionando. O livro tem um estilo que lembra muito o de um roteiro de filme de ação e horror, com a amnésia dos seus protagonistas contribuindo para a rapidez e fluidez do enredo. Não é o tipo de obra que vai prender pela jornada dos protagonistas, mas sim como eles trabalham juntos e como respondem ao seu ambiente misterioso e claustrofóbico.Fiquei pensando como eu reagiria se acordasse sem memória, sem noção do que está havendo ao meu redor, sem perspectiva. No final, temos uma noção dos motivos pelos quais aquelas pessoas específicas foram selecionadas para a missão e o que há por trás daquelas escolhas.
Anthony Ryan é um escritor escocês, mais conhecido por suas sagas de fantasia.
PONTOS POSITIVOS
Mundo pós-apocalíptico
Personagens amnésicos
Criaturas
PONTOS NEGATIVOS
Final em aberto
Violência
Mundo pós-apocalíptico
Personagens amnésicos
Criaturas
PONTOS NEGATIVOS
Final em aberto
Violência
Avaliação do MS?
Sombrio e tenso, com ritmo alucinante e muitas reviravoltas, Os sete do rio vermelho foi uma leitura divertida. Não tem um tema exatamente novo, mas gostei da maneira como o autor usou a amnésia de seus personagens de maneira a construir o enredo e como aquelas criaturas aterrorizantes surgiram. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!Até mais! 🚤
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