Livros com gatos? Tô dentro! O título me chamou a atenção logo que o lançamento foi anunciado por aqui. Como uma amante de gatos, conheço os benefícios de se ter um bichano em casa. Mas e aqueles que não conhecem? Será que sabem como é benéfico ter um? Neste livro, conhecemos personagens que tiveram suas vidas transformadas pela presença de um gatinho receitado por um nada convencional terapeuta em uma nada convencional clínica psiquiátrica.
O livro
Em um beco esquisito e mal iluminado da caótica Quioto, em um velho edifício, fica a Clínica Kokoro, um lugar encontrado apenas por aqueles em necessidade desesperada. Seu tratamento é totalmente não convencional: gatos. Não importa o que o paciente relate para o simpático médico ou para a antipática enfermeira da recepção, eles sempre receitarão um gato por um determinado tempo. O Dr. Nike e sua enfermeira rabugenta, Chitose, guiam os pacientes rumo à cura, ainda que as pessoas não entendam direito como isso aconteceu.Não se preocupe, a maioria dos problemas se resolve com um gato.
O livro não narra exatamente a experiência de um paciente e sim de vários que estão em desespero e acabam encontrando a clínica meio que por acaso. O primeiro deles é um corretor de seguros estressado, que odeia o lugar onde trabalha, mas que também teme ser demitido. O Dr. Nike lhe entrega um gato, dizendo para cuidar dele por um certo período e que depois o devolva. É óbvio que o rapaz fica muito confuso com aquele tratamento. Ele achou que conversaria com alguém ou que seria medicado, mas sua medicação é um gato.
Cada capítulo fala sobre a vida tumultuada de alguém que acaba sendo receitado com um gatinho. É um homem de meia-idade perturbado com uma colega de trabalho, uma mãe cansada e frustrada que se reconecta com sua filha, uma designer que aprende a relaxar, até uma gueixa que precisa seguir em frente após sofrer uma perda. Esses pacientes precisam enfrentar seus conflitos internos, externos e ainda precisam lidar com um gato dentro de casa. Pois é esta relação de cuidado com outra forma de vida que acaba levando-os à cura.
Com uma narrativa muito amigável e fácil de acompanhar, Ishida nos leva pelas ruas de Quioto, nos apresentando pessoas que amam gatos e aquelas que descobrem um tempo depois como amá-los. Nem sempre será fácil. Gatos miam, fazem sujeira, sobem nas coisas, derrubam seus pertences e têm aquele ar blasé de quem não se importa com nada, mas o que a gente descobre é que apesar dos pêlos nas roupas e o preço da ração, a vida com um gato é muito mais gostosa.
Os pacientes precisam devolver os gatos depois de um certo período receitado pelo Dr. Nike e eles descobrem o quanto é difícil se separar do gatinho. Mesmo aqueles que acharam que não gostariam de ter os bichinhos em suas vidas, se sentem impactados pela perda. É aí que o livro toca num ponto muito importante: um dia, nossos gatos morrerão. Eles podem se perder, podem sair pela janela num descuido e nunca mais voltarem, podem morrer do nada, sem qualquer doença ou vão ficar velhos, cada vez mais quietinhos e um dia nos deixarão.
Esses pensamentos melancólicos acabam passando por nossa cabeça durante a leitura e dói passar por isso. O tempo só deixa mais fácil falar a respeito, mas a dor está sempre lá. Gatos são sempre acusados de serem distantes, de amar mais a casa do que os donos, sendo que isso está bem longe da verdade.
— Dizem que gatos são volúveis - comenta o médico tranquilamente - Mas, na verdade, os humanos é que são.
O livro foi traduzido diretamente do japonês por Eunice Suenaga e não encontrei problemas de revisão ou diagramação. Há ilustrações de gatinhos no miolo!
Obra e realidade
Estava lendo este livro quando meu gato, Orion, de três anos, morreu. Foi do nada, apenas o encontrei morto no sofá da sala. Ele era um gatinho muito fofo, nascido com apenas três perninhas, mas um gatinho preto e branco ágil e amoroso, que adorava peito de peru e presunto. Nós o adotamos justamente por ser um gato com deficiência, sabendo que seria difícil arranjar adotante. Segundo o veterinário, ele talvez tivesse alguma condição que não foi diagnosticada, algo silencioso e que acabou... bem, do jeito que acabou.É muito difícil perder alguém que se ama. E quem tem bichinhos de estimação, seja gato, cachorro, papagaio, sabe que essa separação é dolorosa e sempre fica com você. Perdi minha Nina para um câncer no finalzinho de 2022 e ainda hoje não consigo passar o pé sobre o lugarzinho dela no canto da cama. Às vezes tenho a nítida impressão de que ela pulou para dormir ali. Foram dez anos sentindo aquele pesinho ao lado da minha perna.
Syou Ishida, nascida em 1975 em Quioto, sempre teve uma paixão por gatos. Enquanto trabalhava em uma empresa de telecomunicações, começou a se dedicar à literatura. Seu livro “Vou te Receitar um Gato” se tornou um best-seller no Japão e teve seus direitos vendidos para mais de vinte países.
PONTOS POSITIVOS
Gatos!
Mistério
Mortalidade
PONTOS NEGATIVOS
Curtinho
Gatos!
Mistério
Mortalidade
PONTOS NEGATIVOS
Curtinho
Avaliação do MS?
Se você tem gatos, leia esse livro e se você não tem gatos, leia esse livro! É um livro curtinho, mas gostoso de acompanhar, bem escrito e criativo, que apenas reafirma aquilo que toda gateira já sabe. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!Até mais! 🐈
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