Se tem alguém neste mundo que defende o Murderbot, sou eu! Desde que li Martha Wells pela primeira vez, lá pelos idos de 2018, que essa unidade de segurança sarcástica e pouco ligada na vida dos humanos, me conquistou. Fiquei esperando por todo esse tempo por uma tradução para que os amantes de ficção científica também tivessem a chance de descobrir mais sobre esse personagem fantástico. Pois sim! A espera acabou! A novela de Wells acaba de sair pela editora Aleph!
O livro
O robô assassino, assim autointitulado, está a serviço em um planeta, agindo como segurança de uma equipe de exploradores pagos por uma empresa privada. Junto do restante dos equipamentos, ele foi alugado para fazer a escolta e cuidar da segurança das pessoas. Seu passado é nebuloso. Sua memória foi apagada e ele não se lembra de detalhes, apenas o que é discutido entre as pessoas para quem trabalha.
Como uma impiedosa máquina de matar, eu era um fracasso completo.
O que diferencia essa unidade de segurança de outras do seu modelo é que ele conseguiu hackear unidade de controle e assim ignorar ordens e atualizações se quiser. E muita gente pensaria "caramba, que perigo!". Até mesmo alguns na equipe para quem trabalha pensam assim em um determinado momento. Mas nossa unidade de segurança não quer matar e conquistar a galáxia. O que ele quer mesmo é ficar em seu nicho, baixando e assistindo novelas e séries de TV.
A unidade de segurança tem partes orgânicas junto das partes robóticas, usando uma armadura com capacete que oculta suas feições. Na verdade, ele até prefere manter o capacete fechado, ou seria incapaz de fazer seu trabalho se as pessoas vissem as expressões que faz. E de capacete fechado, pode assistir suas séries em paz. Ainda que não seja muito apegado aos seres humanos, que adoram fazer merda, ele é obrigado a cumprir seu dever já que tem um contrato de trabalho, porém se questiona várias vezes a reciclagem que a corporação faz de maquinários e outras unidades de segurança só para poupar dinheiro.
A missão continua numa rotina massacrante até que os humanos percebem que a outra equipe na superfície do planeta parou de transmitir. Eles então decidem verificar o que houve com os colegas e é aí que a unidade de segurança entra em ação, deixando de lado a rabugice típica. É preciso apontar que ele tem pensamentos e atitudes próprias, critica a imbecilidade humana várias vezes, faz pouco esforço para compreender a maioria das pessoas, mas não consegue desapegar de sua função, que é a de protegê-los.
Pode parecer em um primeiro momento que os personagens humanos foram mal escritos, ou que estão incompletos, mas, na verdade estamos limitadas pela visão do androide que, como sabemos, não tá nem aí pra nada. E por se tratar de uma novela, a autora focou no androide, na sua visão, que mesmo em uma obra mais enxuta, está muito bem feita. Ele é irônico, sarcástico e a tradução soube captar esses momentos intensos em que ele vira os olhos diante da estupidez humana. E muita coisa pode dar errado nessa missão que os levará até a segunda equipe.
Não é como se eu pessoalmente me importasse com eles, mas era algo que ficaria ruim no meu currículo, e meu currículo já era bem horrível.
Por falar em tradução, a de Laura Pohl está excelente. Ela soube adaptar muito bem as passagens da novela em expressões brasileiras que compreendemos muito bem. Lá pelo meio do texto tem uma das melhores frases do livro: No canal de entretenimento, esse é um momento que chamam de "eita porra". Admito que me acabei de rir nessa hora. O ebook está bem diagramado e revisado e não encontrei problemas que dificultem a leitura.
Obra e realidade
A ficção científica é bem saturada de robôs e androides que costumam ter apenas duas funções: ou são totalmente servis aos seres humanos, ou se levantam em insurreição e matam todo mundo. A unidade de segurança não, ele é consciente, consegue hackear qualquer coisa, poderia causar muitos danos se quisesse, mas na real mesmo só quer ser deixado em paz. É um questionamento a se fazer, se nossas máquinas se erguessem com consciência, será que elas nos aniquilariam? Ou apenas gostariam de ficar na sua?
Martha é uma escritora norte-americana prolífica, tendo escrito uma série de fantasia, romances young adult, ensaios e críticas de ficção especulativa e a série Murderbot. É ganhadora das vários prêmios, enre eles o Hugo Awards de Melhor Novela por All Systems Red.
PONTOS POSITIVOS
Unidade de segurança
Bem escrito
Uma máquina que não tá nem aí pra ninguém
PONTOS NEGATIVOS
Muito curto!
Unidade de segurança
Bem escrito
Uma máquina que não tá nem aí pra ninguém
PONTOS NEGATIVOS
Muito curto!
Avaliação do MS?
Imagine um androide que não é nem servil, nem uma máquina aniquiladora da raça humana, que só quer ficar de boa vendo séries? É praticamente minha descrição se eu fosse um androide. Os livros dessa série não apenas bem escritos e de ficção científica de primeira qualidade, como também são muito divertidos. Cinco aliens para ele e uma forte recomendação que você leia também!
Até mais! 🤖
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