Um dos casais da TV que eu mais gosto é Richonne! Michonne e Rick passaram por poucas e boas na série principal de TWD até que se envolvessem romanticamente e, ainda assim, o apocalipse não os deixou viver toda a intensidade desse amor depois que Rick saiu na 9ª temporada. Depois de assistir Dead City, resolvi apostar no retorno do casal com TWD: The ones who live, que mostra o peso das circunstâncias sobre o casal.
Rick Grimes é praticamente o protagonista de The Walking Dead. É através de sua jornada em busca da esposa e do filho que entramos no mundo pós-apocalipse zumbi, onde a civilização caiu e os sobreviventes precisam lutar todos os dias por água, comida, remédios e sossego. Personagem original do quadrinho, bem como Michonne, o personagem deu adeus à série na 9ª temporada a pedido do próprio ator, cansado dos longos períodos longe de casa. Michonne deixou a série na 10ª temporada e TWD foi tocada pelos personagens secundários que acabaram se tornando os principais, como Daryl, Carol, Maggie e Negan.
Comentei no texto sobre Dead City que larguei de mão de TWD quando Negan aparece lá pela 7ª temporada, mas de orelhada sempre fiquei ligada nos spoilers para saber o que aconteceu aos personagens que acompanhei por tanto tempo. Assim eu já sabia de toda as perdas de vidas, das reviravoltas e da tristeza de Michonne pela perda de Rick após a explosão da ponte na 9ª temporada. Porém, para quem nunca mais quis saber de nada do que aconteceu, é capaz que se sinta perdida ao retornar ao mundo zumbificado nesta nova série.
The ones who live começa anos depois da perda de Rick na ponte. Michonne sai em busca dele, ainda com esperanças de encontrá-lo, apesar de tantos percalços. Descobrimos ao longo dos episódios como que Rick foi resgatado e foi parar em uma cidade totalitária e poderosa, que impede que qualquer um saia uma vez que tenha entrado. Por isso, Rick tenta fugir diversas vezes ao longo dos anos, sempre sendo recapturado. Este é um homem que finalmente sentiu o peso do apocalipse sobre suas costas, alguém que desistiu de viver e apenas aceita as coisas que acontecem com ele.
Sei como é estar morto e viver.
Rick Grimes
Michonne, por sua vez, é uma das mais determinadas personagens de TWD. Ela não aceita facilmente as circunstâncias que lhe se são apresentadas. Isso fica bem explícito quando, após a queda da prisão, ela decide partir em busca de Rick e Carl, ao invés de vagar sozinha pelas estradas como fez antes de topar com o grupo de Rick. Sua liderança foi essencial para manter Alexandria de pé, inclusive quando Rick perde o juízo e depois quando Negan aparece. Porém, o Rick que ela encontra tantos anos depois é o mesmo Rick que ela conheceu?
Eventos como apocalipses sempre mostram personagens que perdem a sanidade ou que eram pessoas tranquilas e pacíficas, mas que se tornam sanguinárias e opressoras. Somos em grande parte frutos do nosso meio e se nosso meio só tem morte, fome, perigos, como sobreviver a ele sem mudar quem você é? Aliás, esse é o principal ponto trabalhado em TWD. Se olharmos de um modo geral para os personagens principais, veremos que eles passaram por eventos que pessoas comuns jamais passariam. Como ficaria a cabeça das pessoas ao ver mortos, inclusive entes queridos, andando por aí? O que você seria capaz de fazer em situações tão desesperadoras como as que eles enfrentaram? Espero nunca descobrir...
Em termos de narrativa, achei que Dead City se sustentou melhor. Mas é preciso lembrar que este spin off é sobre a relação de Michonne com um Rick que ela não vê há oito anos. Mesmo mantendo as esperanças de revê-lo um dia, é preciso pensar se aquela pessoa é a mesma. Rick é um homem muito diferente quando ela o encontra. Basicamente é preciso convencer Rick de que ele ainda é Rick Grimes, que a vida não deve ser largada, deve ser vivida e que mesmo cometendo inúmeros erros, e o grupo de Rick, além de ele mesmo, cometeram vários, ainda é possível lutar pelo bem maior.
Sei que quando a gente assiste a uma série como essa, a primeira reação às burradas dos personagens é a de indignação, mas será que seríamos tão diferentes? Rick e Michonne precisavam trabalhar com as informações que tinham e em um mundo em que a sociedade volta a um estado pré-modernidade. Mas Rick está preso em uma cidade ditatorial e perde qualquer esperança de ver sua família de novo.
Me incomodou, admito, que o papel de Michonne fosse, basicamente, de ser a terapeuta de Rick durante boa parte dos episódios. Entretanto, quando se ama alguém, e esse alguém está na beira de um abismo, a primeira reação não seria de salvá-la? Essa dinâmica foi bem escrita e muito bem interpretada pelos atores, que ainda mantém a mesma química da série principal, mesmo após esses anos da saída de Andrew Lincoln. Michonne esteve no mesmo limbo perdido de Rick, tendo ela mesma perdido um filho, noivo, amigos, família. E ela conseguiu sair daquela situação, entendendo assim os sentimentos de Rick e as difíceis decisões que ele precisou tomar.
The Walking Dead nunca foi uma série sobre zumbis. Se fosse, seriam 40 minutos de zumbis zanzando pela paisagem. TWD é sobre pessoas e como elas precisam se virar para sobreviver no mundo que agora não conhecem mais. E se o mundo muda, as pessoas também mudam. Michonne encontrou uma família em Rick e Carl e Carl e Rick encontraram uma família em Michonne. Em meio a um apocalipse, essa talvez seja a coisa mais importante e aquela que manterá um grupo unido: o amor. O que é uma baita contradição em um mundo com tanta morte, destruição e medo.
Rostos conhecidos vão reaparecer neste spin off, bem como novos inimigos e antagonistas. Portanto, não espere decisões fáceis e siga a premissa básica de TWD: não se apegue demais em nenhum personagem, por mais legal que ele seja.
TWD: The ones who live está disponível no Amazon Prime!
DON'T OPEN, DEAD INSIDE.
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