Admito que larguei a mão de TWD lá na 7ª temporada, justamente quando Negan chega e comete aquele crime bárbaro com Glenn, um dos personagens que eu mais gostava na série. Ainda assim, acompanhei um episódio aqui e ali para saber o que acontecia com personagens de quem gostava, mas não terminei de assistir (quem sabe agora que todas as temporadas chegaram à Netflix?). Assisti também umas quatro temporadas de Fear The Walking Dead e acabei largando de mão depois de um tempo. Será que eu estava cansada de zumbis, um dos meus gêneros favoritos? É o que eu pensava também, até a estreia de Dead City.
Quarto spin-off e a quinta série da franquia The Walking Dead, Dead City acompanha a jornada de dois personagens da série principal: Negan e Maggie. O cenário? Manhattan, em uma Nova York pós-apocalipse. Lauren Cohan e Jeffrey Dean Morgan retornam aos seus personagens enquanto andam pela big apple em uma missão perigosa, a de resgatar o filho de Maggie, Hershel. Mas as coisas são bem mais complicadas que isso...
É curioso pensar que larguei TWD com a chegada de Negan e no fim me vi fisgada pelo spin-off onde ele retorna. Acontece que o ator é muito carismático e Negan é um personagem brutal, mas muito bem construído, com um arco complexo que poderia acontecer com qualquer pessoa na mesma situação. Se tem uma coisa que TWD nos mostra muito bem é que pessoas comuns podem acabar se tornando heroínas ou vilãs sanguinárias de acordo com as circunstâncias. As pessoas descobrem suas principais fraquezas, enfrentam seus medos e revelam suas qualidades (tanto boas quanto as piores) quando a sobrevivência é a questão principal.
TWD coloca as pessoas em situações onde escolhas nunca antes imaginadas deverão ser feitas. Pense em Carl e seu dilema ao ver sua mãe morrendo no parto de Judith, tendo que impedi-la de retornar como um zumbi. Que garoto teria condições de tomar essa decisão? Esta é uma franquia sobre pessoas, sobre o drama da sobrevivência e não sobre zumbis. Os mortos-vivos são apenas a circunstância que levou os personagens ao drama da série, um cenário, um caminho. E aí pessoas comuns, como um professor de educação física, como uma jovem universitária e filha de um fazendeiro, acabam descobrindo que são capazes de coisas inimagináveis.
Com apenas seis episódios, a série começa com Maggie em busca de Negan. Mesmo que você não saiba dos eventos do final de TWD, a série entrega poucos spoilers, então é possível assistir sem saber de muita coisa da série principal. Maggie teve sua comunidade atacada e seu filho com Glenn, o jovem Hershel, foi levado para Manhattan. A ilha foi isolada nos primeiros dias do apocalipse, com suas pontes e túneis destruídos. Então a única maneira de chegar lá é pela água. A dupla improvável também vem sendo perseguida por delegados em busca de Negan por um crime brutal.
Sempre fico temerosa ao ver um homem e uma mulher colaborando entre si em qualquer narrativa. Muitos autores e roteiristas parecem ter dificuldade de entender que eles podem trabalhar juntos sem qualquer envolvimento romântico. Aliás, eles podem se odiar e ainda assim lutarem para sobreviver. É exatamente o que acontece aqui. Negan sabe o que fez, sabe que tirou de Maggie algo insubstituível. E Maggie é incapaz de deixar esse fato para lá. É possível ver em seu rosto o quanto ela odeia a situação toda, de estar ao lado daquele homem desprezível mais uma vez. Mas há um bom motivo: seu filho.
Em vários episódios, tive a impressão que Negan estava regenerado. Em outros, ele parece estar prestes a cair nos velhos hábitos. Maggie pode mesmo confiar nesse sujeito? E Maggie estaria escondendo algo? Os roteiros foram muito bem amarrados, portanto vamos descobrindo gradualmente que a trama é bem mais complexa do que parecia no começo e até o final do último episódio há surpresas para quem está assistindo.
O vilão da série é alguém do passado do próprio Negan. Sabe aquela máxima de que o passado sempre volta para te assombrar? Zeljko Ivanek interpreta o Croata, alguém que conseguiu ser expulso do grupo dos Salvadores pelo próprio Negan por ter exagerado ao lidar com outras pessoas. Já deu para imaginar o tipo do sujeito, certo? Pois foi ele quem sequestrou Hershel e, mais uma vez, as coisas são bem mais complicadas do que parecem e devo dizer que gostei muito do que assisti até aqui. O Croata é um vilão admirável, louco e lógico na medida certa, enquanto controla Manhattan com um pulso firme até demais.
Nem tudo são flores, é claro. Acho que a cidade de Nova York apareceu pouco e gostaria de ter visto mais cenários reconhecíveis da cidade. Talvez em uma nova temporada a cidade tenha mais relevância, mas a metrópole é um grandioso cenário em diversas séries e filmes. Um apocalipse zumbi em uma cidade deste porte deve ter sido apavorante e há poucas informações a respeito. Os zumbis continuam bizarros, nojentos e é impressionante como as pessoas pareceram se acostumar com a presença desses corpos reanimados e ponto de utilizá-los como matéria-prima.
O saldo é positivo? Sim, surpreendentemente sim! Não esperava gostar tanto do que assisti e comecei com baixar expectativas. A Maggie que reencontrei depois de tantos anos longe dos sobreviventes é dura, moldada pelas circunstâncias, uma mãe quase sufocante para o filho. E dá para ser diferente depois de perder tanto como Maggie perdeu ao longo dos anos? A diferença mais gritante entre os caminhos de Maggie e Negan é que com Maggie acompanhamos cada uma de suas perdas, enquanto Negan já aparece como um vilão formado e quase sem história prévia.
Estou bem ansiosa por continuar essa jornada com Negan e Maggie! E você, já assistiu? Ela está disponível no Amazon Prime!
Até mais! 🧟
Poxa, seu relato com o Walking Dead foi igual minha experiência. Fui parando também na temporada do homem do taco e tive minha overdose de zumbi (até last of us) hahaha
ResponderExcluirQuando vejo uma serie, com homem e mulher, tenho as mesmas preocupações que você.
Acho que você e todo fã de sci fi precisa assistir Scavengers Reign, da HBO. Na minha humilde opinião, a melhor serie atual e talvez entre as duas ou tres melhores que já vi. A interação entre Sam e Ursula no início também me deixou preocupado, mas fui surpreendido. No fundo aprendemos a esperar o pior.