Um dos livros mais comentados do ano, Quarta Asa chegou fácil no topo da lista dos mais vendidos de fantasia em vários países. Um jovem precisa usar toda sua sabedoria e sua força para sobreviver a uma cadas academias e treinamentos mais difíceis de seu reino e assim chegar o cobiçado posto de cavaleira de dragões.
O livro
O reino de Navarre é defendido por cavaleiros de dragões habilidosos, treinados de maneira intensa no Instituto Militar Basgiath. Violet Sorrengail, uma jovem de 20 anos, passou a vida se preparando para entrar na Divisão dos Escribas, tendo estudado a vida inteira para esse momento. Com o nariz enfiado nos livros, para sua surpresa e revolta, sua mãe, a poderosa general Sorrengail, a envia para Basgiath para o que pode ser sua morte certa.Um dragão sem seu cavaleiro é uma tragédia. Um cavaleiro sem seu dragão é um homem morto.
Isso porque Violet é frágil, franzina, diferente de sua irmã Mira, uma reverenciada cavaleira de dragões, que protesta com todas as suas forças sobre a ida de Violet para Basgiath. Há algo sobre a constituição física e aparência de Violet que a autora não explica, mas acredito que os próximos livros talvez tratem a respeito, pois há toda uma questão sobre profecias e realizações ao longo do livro que a autora soube dosar muito bem para nos prender nos próximos volumes.
O contexto do enredo é aprendido conforme a leitura avança. Sabemos que Navarre possui várias províncias e vive em guerra constante. Seus dragões são a principal linha de defesa contra os grifos e seus cavaleiros, além das égides, barreiras mágicas guardadas pelos cavaleiros e suas montarias. Também descobrimos que os dragões, caprichosos como são, não escolhem qualquer um para ser seu cavaleiro e que quando eles são unidos, é um elo muito forte, vital até.
Lembra um pouco o enredo de Eragon, não lembra? Quarta Asa não inova no sentido de elementos de enredo, mas é uma leitura divertida, gostosa de acompanhar, com uma personagem que passa longe de ser perfeita, a típica "Mary Sue". Em vários momentos, tive a certeza de que Violet morreria ou entraria em coma, de tanto que ela apanha e cai e se machuca. Sua constituição frágil é um problema, mas sua mente não é. É isso o que a mantém viva e de pé enquanto enfrenta as agruras de ser uma recruta. E mesmo depois de tanto sofrimento, nada garante que ela terá um dragão para montar no final do primeiro ano.
Existem muitos personagens, muitos mesmo!, neste livro e senti falta de um glossário no final, porque tem horas que fica difícil lembrar de todos. Os mais legais são Rhiannon, amiga que Violet faz logo no começo, a própria Mira, que é uma cavaleira que provavelmente veremos mais nos próximos livros e Dain Aetos, amigo de infância de Violet que entrou antes em Basgiath e parece ser um sujeito legal e atencioso. Conforme eu lia, Dain começou a me parecer um chato e então descobrimos com Violet o motivo para isso. Não vou colocar spoilers aqui, mas é interessante ver como amizades podem ser tóxicas e a gente nem mesmo repara nisso.
Um fato muito legal é que o livro tem algo que eu adoro: mapas! Logo no começo podemos ter uma melhor noção de como funciona Basgiath e o próprio reino de Navarre. A academia é um lugar com grande mortalidade de alunos, o que nos faz pensar porque diabos o reino mantém um lugar como aquele. Mas conforme a leitura avança, faz total sentido eles usarem a academia para filtrar os indesejados. A história do reino é complicada e entre os alunos estão filhos de traidores que são forçados ao recrutamento. Entre eles está Xaden Riorson, que parece fazer de tudo para matar a pobre Violet. Só parece mesmo.
Devo alertar que esse livro tem cenas de sexo com termos explícitos e loooooongas horas de trepação. Nada contra, mas teve momentos que me pareceu só mais do mesmo. A autora não poupa detalhes de nada, desde a descrição dos corpos sarados até a situação do clitóris da protagonista. É sério! São cenas excitantes de se ler e um tanto ideais demais, com uma moça tendo quatro orgasmos numa só noite com pouquíssimo esforço, mas a gente lê fantasia para ler sobre caras perfeitos mesmo. Se fosse para ler sobre caras reais, a gente estaria nos apps de relacionamento, né não?
O livro é longo, o que dá tempo para que os personagens se desenvolvam, que suas amizades se criem, para que Violet aprenda e melhore e isso é bem legal. Se ela fica boa em algo é porque treinou muito para isso e nem sempre isso funciona. Ela parece mais real, mais crível. E o ponto alto do livro, além da luta de Violet de se melhorar, de treinar e ficar forte o suficiente para convencer a todos e até a si mesma, são os dragões. Ahhh, os dragões! Há muito tempo que eu não me encantava por eles e adorei a forma como são descritos, como os cavaleiros se comunicam com eles, como as escolhas são feitas e todos os segredos sobre sua sociedade e potencial que vamos descobrindo. Até eu quero montar um dragão agora, porque se a Violet pode, eu também posso!
É impossível não ficar com a sensação de que este seja um livro introdutório, pois Violet está conhecendo seus amigos, os segredos de sua família, a si mesma... Ela deve desabrochar como cavaleira e como soldado apenas nos livros seguintes. A forma como este acaba nos indica que o segundo será explosivo e que passamos por tudo isso agora para entrar de vez na guerra e nos segredos do reino. Desconfiei que alguma surpresa estaria vindo, mas ainda assim me surpreendi com as revelações que a autora fez. Para quem começou a leitura sem muita perspectiva, me vi presa na narrativa e agora bem ansiosa para o próximo livro.
O livro está com um projeto gráfico muito bonito e uma ótima tradução de Laura Pohl que, infelizmente, não está creditada nas lojas online. Sacanagem, Planeta! Está bem diagramado e revisado e ainda ganhei um belo marcador de páginas de metal.
(...) a verdade horrível que aqueles que não estão no fronte preferem esquecer é que uma guerra sempre vem com cadáveres.
Obra e realidade
Algo que chama a atenção no livro é a construção de mundo muito bem feita pela autora. E a maneira como Yarros constrói isso nos prende do começo ao fim. Ela soube o que mostrar e o que ocultar para não perdêssemos o interesse. Worldbuiding ou construção de mundo é algo que sempre pega para muitos autores, principalmente quem está se aventurando na escrita agora. Às vezes a gente não sabe como levar as informações aos leitores e pode acabar causando infodump e atolando quem está lendo com dados e fatos que podem nem ser importantes naquele momento.Muitas autoras atuais de fantasia estão sabendo fazer essa construção. Sabendo dosar o que devem mostrar ou não, como fazer isso e assim constroem um enredo que consegue ser divertido e autêntico, mesmo que não traga originalidade ou ineditismo ao tratar de um tema já batido.
Rebecca Yarros é uma escritora norte-americana de fantasia e livros para jovens adultos.
PONTOS POSITIVOS
Violet
Dragões!
Mapas!
PONTOS NEGATIVOS
Paquerinha que enche o saco certas horas
Preço
Violet
Dragões!
Mapas!
PONTOS NEGATIVOS
Paquerinha que enche o saco certas horas
Preço
Avaliação do MS?
Dragões! Só pelo fato de ter dragões já deveria ser suficiente para você ler! Mas se o que você procura é um enredo que discute a moralidade da guerra, com uma protagonista que precisa provar a si mesma que consegue vencer os desafios que lhe são impostos, que usa de sua inteligência para sobreviver e não tem medo de dizer o que pensa, nem de agir com o coração, então encontrou! Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!Até mais! 🐉
Comentários
Postar um comentário
ANTES DE COMENTAR:
Comentários anônimos, com Desconhecido ou Unknown no lugar do nome, em caixa alta, incompreensíveis ou com ofensas serão excluídos.
O mesmo vale para comentários:
- ofensivos e com ameaças;
- preconceituosos;
- misóginos;
- homo/lesbo/bi/transfóbicos;
- com palavrões e palavras de baixo calão;
- reaças.
A área de comentários não é a casa da mãe Joana, então tenha respeito, especialmente se for discordar do coleguinha. A autora não se responsabiliza por opiniões emitidas nos comentários. Essas opiniões não refletem necessariamente as da autoria do blog.