Resenha: Damas Mortais, de Jennifer Wright

Há quem diga que mulheres são incapazes de grandes atos de crueldade, de matar, de torturar... Por muito tempo, pensou-se que mulheres eram frágeis e sensíveis demais para praticar crimes violentos, mas se tem algo que a história mostra é que existiram mulheres capazes de atos abomináveis em todas as eras. Matassem por necessidade ou por puro prazer, este livro traz breves biografias de algumas das mais letais damas que você já viu.

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

O livro
Os fãs de true crime sabem a quantidade de assassinos em série e crimes violentos praticados por homens. São inúmeros os estudos e obras de arte realizados sobre a violência masculina. Quando mulheres aparecem nessas histórias, geralmente são como as vítimas. Mas mulheres assassinas existiram e existem, sendo que algumas praticaram crueldades tão horríveis quanto àquelas praticadas por homens.

Resenha: Damas Mortais, de Jennifer Wright

Se sua vida e liberdade dependem de um comportamento dócil, você vai ser dócil. Nos tornamos tão boas em esconder sentimentos que os homens pensam que não sentimos raiva. Qualquer atitude diferente do esperado ainda surpreende. (...)

Negar a sonora raiva assassina das mulheres é negar-lhes a extensão total das emoções humanas. A raiva ainda sabe aflorar.

Página 13

Jennifer Wright mergulhou na história humana e resgatou 40 mulheres letais que mataram por prazer, por necessidade, por vingança, por pura crueldade. Algumas delas foram levadas ao limite após uma vida de provações, ou então lideraram seu povo contra um poder opressor na esperança de manter sua liberdade. Já outras torturavam e matavam pessoas apenas por que detinham o poder nas mãos. Se tem algo que esse livro ilustrado mostra é que as mulheres podiam dar vazão a toda uma gama de emoções de maneira explosiva e sangrenta.

É até fácil compreender os impulsos de algumas dessas mulheres, por mais que assassinato seja um crime terrível. Mas no geral, o que Wright nos mostra são psicopatas e assassinas frias que de uso das mais variadas armas e técnicas trucidaram pessoas por motivos fúteis ou motivo nenhum. Dividido em nove seções temáticas, cada uma delas destaca os segmentos em que elas operaram e apresenta uma breve introdução. Começamos com as psicopatas clássicas, com Elizabeth Bathory, seguindo para envenenadoras, guerreiras que lutaram em batalhas mortais, rainhas que mataram por seu povo e sua liberdade, chegando naquelas que massacram suas próprias famílias, que foram humilhadas ou apenas embarcaram numa profissão mortal.

Apesar de conhecer vários dos nomes listados (pois sou fã deste tipo de conteúdo, não me julgue), alguns deles foram uma surpresa. E admito que em alguns casos concordei com elas. O caso de Celia, uma mulher negra escravizada, nos Estados Unidos, que era estuprada pelo fazendeiro e obrigada a parir seus filhos, que acabou por matar esses homem desgraçado é mais do que justificável.

Lindamente ilustrado por Eva Bee, os textos são bem curtinhos, de no máximo três páginas, com as informações principais sobre cada biografada e como, em muitos casos, o patriarcado as ajudou a se safar da justiça. Quando os juízes e o júri viam mulheres bonitas, arrumadas e com ar de inocente no tribunal, dificilmente acontecia uma condenação. O patriarcado também ajudou a inflar seus crimes ao longo do tempo e muito se debate se a Condessa Bathory, de fato, matou tanta gente assim.

Cada seção cobre cinco ou seis mulheres que se enquadram na categoria, e cada seção é seguida por uma visão geral: como identificar um psicopata, envenenamento de maridos, líderes femininas de culto, divórcio, separação, o caminho feminino rumo à independência, citações e rebeliões lideradas por mulheres. Independentemente de sua fama ou familiaridade, a história de cada mulher é uma leitura fascinante (embora curta) e educativa - especialmente para qualquer mulher que queira acabar com um marido chato, um ex irritante, um vizinho bisbilhoteiro ou até mesmo, sim, um filho rebelde e malcomportado. #brinks

O livro é bem escrito, com algumas pitadas de humor da autora na hora de comentar sobre as biografias. A edição da DarkSide está lindíssima, colorida, em capa dura e papel branco encorpado. É uma pena que uma velha inimiga da DarkSide tenha retornado neste volume, que é a péssima revisão do texto, que tem erros básicos e grotescos. Não sei quantos olhos passaram por aqui, mas não é possível que elas tenham perdido tanta coisa simples e básica. Uma pena mesmo. A tradução de Dandara Palankof está muito boa, é só uma pena que a revisão não foi feita adequadamente.

Obra e realidade
Sou uma grande fã do selo Crime Scene da DarkSide, não por querer detalhes sangrentos sobre os crimes cometidos. Leio para tentar entender o que leva um ser humano a fazer tamanhas atrocidades com outras pessoas. Lembro de ter lido Serial Killer: Made In Brazil, da Ilana Casoy, ainda a primeira edição, que emprestei e nunca voltou, e pensar como era possível existir pessoas assim.

Há um aviso nesta edição de que ela é indicava para maiores de 18 anos, pois a autora detalha alguns dos crimes cometidos e pode ser um tema sensível para muita gente.

Jennifer Wright e Eva Bee

Jennifer Wright é autora de livros de história, escritora de televisão, colunista, podcaster e locutora. Ela foi editora política geral da Harper’s Bazaar e seu trabalho pode ser visto em lugares como The New York Times, The New York Post, The New York Observer, Time Out New York e  The Washington Post. Jennifer também é uma convidada frequente em escolas, museus e eventos para falar sobre como as sociedades, do passado e do presente, abordam as questões da mulher, direitos reprodutivos, amor e, claro, pragas.

Eva Bee é ilustradora e, atualmente, mora no Reino Unido. Seu trabalho incorpora a arte tradicional, com linhas desenhadas à mão, e cores e texturas criadas digitalmente. Ela acredita que o poder das ilustrações é atribuir ideias e conceitos às imagens que desenha. A artista trabalha com publicações editoriais, científicas e publicitárias, como Boston Globe, Washington Post, Economist, Financial Times, The Guardian, Observer, Barron’s, Der Spiegel e Reader’s Digest.

PONTOS POSITIVOS
Arte incrível
Textos curtos e informativos
Trabalho gráfico impressionante
PONTOS NEGATIVOS
Violência
Preço
Revisão

Título: Damas Mortais
Título original em inglês: She Kills Me
Autora: Jennifer Wright
Ilustradora: Eva Bee
Tradutora: Dandara Palankof
Editora: DarkSide (selo Crime Scene)
Páginas: 240
Ano de lançamento: 2023
Onde comprar: na Amazon ou no site da DarkSide com um brinde exclusivo!

Avaliação do MS?
A edição é incrível em relação a seu conteúdo. A leitura fluiu muito rápido e em um dia já tinha devorado tudo. Tem passagens sangrentas e não recomendo para menores ou pessoas sensíveis. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


Até mais! 🔪

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Comentários

  1. Parece excelente. Especialmente por falar brevemente de cada uma das mulheres. Adoro livros de capítulos curtos

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