10 filmes odiados por seus diretores

Nem tudo são flores e prêmios quando o assunto é cinema. No momento em que um filme faz a longa jornada da pré-produção aos cinemas, é provável que dezenas, até centenas de pessoas tenham colocado sua própria marca no projeto final. Por isso, quando um filme dá certo, há dezenas de pessoas a quem agradecer pelo sucesso. Agora, quando um filme vai mal, a lista de culpados fica bem menor.

10 filmes odiados por seus diretores

Tem diretores que acabaram odiando os filmes que eles mesmo comandaram por uma série de razões. Muitas delas estão relacionadas com interferência dos estúdios no andamento da produção, o que levou a um longa totalmente diferente do que seus diretores queriam. Até eu ficaria bem irritada com alguém tesourando minha obra, sem me deixar trabalhar!

Memórias de um Homem Invisível (1992)
John Carpenter ajudou a alavancar o gênero slasher com Halloween (1978) antes de rodar uma sucessão de filmes amados nos anos 1980, como Fuga de Nova York (1981) e O Enigma de Outro Mundo (1982). Mas na época esses filmes não eram tão reverenciados e em Memórias de um Homem Invisível, Carpenter trabalhou pelo salário, o que podou sua visão criativa, seu roteiro incial, produção e até a trilha sonora. Carpenter estava relutante em trabalhar fora de sua zona de conforto, porém uma disputa legal o deixara de fora dos estúdios por vários anos, e assim ele concordou em pegar a cadeira de direção. Chevy Chase era a estrela do filme e praticamente deu as cartas no que diz respeito à produção. O diretor afirmou que a experiência de trabalhar no longa o fez querer parar de fazer filmes, referindo-se uma vez à experiência em uma entrevista à Variety como um "show de horrores".

Cidade das Sombras (1998)
Alex Proyas era um renomado diretor de videoclipes que tinha trabalhado com nomes como INXS e Fleetwood Mac no final dos anos 1980. Com seu renomado primeiro filme, O Corvo (1994), seu nome logo se tornou conhecido entre estúdios e outros cineastas. Isso também lhe deu a liberdade de escrever e dirigir seu próximo projeto, Cidade das Sombras. Porém, o que chegou às telonas estava longe do que Proyas imaginou no começo. O orçamento restrito e os vários cortes feitos na versão final o irritaram profundamente, tanto que ele lançou uma "versão do diretor" corrigindo vários problemas como o começo do longa, além de aumentar a duração em 11 minutos. A paleta de cores também foi alterada para atingir a sensação noir que ele pretendia originalmente.

Mutação (1997)
Depois de estrear com o filme de terror Cronos, de 1993, del Toro chamou a atenção do produtor Harvey Weinstein, e o resto, como dizem, é história. E uma história ruim, pois del Toro e Weinstein discordavam de tudo a respeito do longa antes mesmo de um roteiro estar pronto para ser filmado. Como del Toro não tinha trabalhado com um grande estúdio até aquela época, ela perdeu todas as batalhas que travou contra Weinstein. Enquanto del Toro afirma que Mutação é "visualmente 100% o que [ele] queria" e que "tem algumas cenas" das quais ele tem muito orgulho, ele também admitiu que está longe de ser perfeito. Declarações recentes de del Toro apontam como ele odiou trabalhar com Weinstein e que seu primeiro filme norte-americano quase foi o último.

Quarteto Fantástico (2015)
Trank se tornou um dos jovens cineastas mais reverenciados de Hollywood praticamente da noite para o dia. O problema é que o sucesso instantâneo também aumenta as expectativas para o próximo projeto do cineasta. E as expectativas eram altíssimas para a reinicialização de Quarteto Fantástico, da Marvel. O filme que saiu, entretanto, foi uma decepção para todos, em especial Trank, que teve problemas para se ajustar ao escopo épico do projeto e ao intenso escrutínio do estúdio que veio com seu orçamento igualmente épico. O estúdio interferiu tanto no seu trabalho que na véspera da estreia o diretor foi ao Twitter repudiar a própria obra.

Transformers: A Vingança dos Derrotados (2009)
É até engraçado pensar que Michael Bay detonou um de seus próprios filmes quando a crítica especializada faz isso de bom grado e sem sua ajuda. Enquanto o primeiro filme de Transformers foi bem recebido, sua sequência foi detonada por fãs e por críticos. O próprio Bay admitiu em uma entrevista em 2011 que vários erros foram cometidos e que o filme era "uma porcaria". O estúdio também pode ser visto como um vilão na história, pois ele começou a apertar Bay, numa época de greve de roteiristas, fazendo com que o longa começasse a ser rodado com apenas 14 páginas de roteiro prontas.

Batman & Robin (1997)
Quando Joel Schumacher assumiu a direção do novo Batman, ele decidiu se afastar do tom gótico e sombrio de Tim Burton e apostar em um visual mais próximo dos quadrinhos, com muita cor e exagero. A paciência do público e do estúdio finalmente chegou ao fim após o lançamento de Batman & Robin, em 1997, fazendo com que o novo filme, com super estrelas do cinema, fosse massacrado por todos, até mesmo por Schumacher. Nenhum outro filme do vigilante mascarado foi lançado até 2005, quando Christopher Nolan reiniciou a franquia. O próprio Joel disse: "Quero me desculpar com todos os fãs que ficaram desapontados porque acho que devo isso a eles."

A Outra História Americana (1998)
O filme que fez Edward Norton ser indicado ao Oscar e pavimentou sua carreira na indústria foi uma aporrinhação para seu diretor, Tony Kaye. Curiosamente, este é um dos filmes de maior sucesso de Kaye, que teve longas e ácidas discussões com o estúdio que se intrometeu na versão final. Não só isso, Kaye não gostava do roteiro e muito menos de Norton, tendo pedido para substituir o ator em vários momentos. No final, ele odiou tudo, da edição (feita por Norton), às cenas dramáticas e de "choro excessivo", boicotando todas as exibições do próprio filme, que admitiu ter assistido pela primeira vez em 2007.

Duna (1984)
A primeira adaptação deste grande clássico da ficção científica foi uma grande dor de cabeça para David Lynch, um dos mais respeitados cineastas da indústria. Duna não é um livro simples com o qual trabalhar, disso a gente já sabe, mas o estúdio interferiu em todos os pontos do projeto, tesourando a versão bruta do longa, com quatro horas de duração, bem como a visão do diretor, de três horas. O que chegou aos cinemas, ainda que tenha um grande número de admiradores, está bem longe da visão inicial de Lynch, que saiu esgotado da produção e evita falar de Duna até hoje se puder.

Cinquenta Tons de Cinza (2015)
O fenômeno editorial foi adaptado em 2015, mas as gravações foram tão estressantes que Sam Taylor-Johnson se demitiu assim que o filme ficou pronto. Arrecadando mais de 571 milhões de dólares no mundo todo, apesar de ter sido detonado pelos críticos, Sam estava escalada para trabalhar nas sequências. Mas assim que o longa saiu, Sam deu entrevistas falando de como foi desgastante trabalhar no projeto. O principal entrave: a autora dos livros, E.L. James, que também foi produtora. Sam tinha que disputar cada cena, cada diálogo, querendo torná-los mais naturais para as telas, o que James negou desde o começo. Os diálogos ficaram tão ruins que arrancou risos da plateia na estreia no Festival de Berlim.

Alien 3 (1992)
Talvez este seja um dos filmes mais odiados da história por seu diretor. David Fincher era um veterano diretor de videoclips quando assumiu a cadeira do terceiro filme de uma bem sucedida franquia de ficção científica. Isso por si só já seria o suficiente para exercer pressão da parte do estúdio e foi o que aconteceu. Uma produção complicada e diversos roteiros descartados foram só o começo dos problemas. Fincher e o estúdio discordavam dos rumos do filme, discutiam sobre qualquer detalhe de todas as cenas e a versão que chegou ao cinema distorcia e muito a visão do diretor. Ele mesmo disse uma vez: “muitas pessoas odiavam Alien 3, mas ninguém o odiava mais do que eu”.


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Comentários

  1. Se bem me lembro, David Fincher foi apenas um dos vários diretores de Alien 3, mas o único a tomar crédito, pois foi quem finalizou o filme - mesmo lance de Liga da Justiça. O filme é ruim, mas ainda tem coisas interessantes, buscando ser um pouco mais de terror.

    Memórias de um Homem Invisível (1992) é um filme que adorava quando criança, Cidade das Sombras (1998) é um filmaço e Batman & Robin (1997) é uma bela de uma galhofa divertida.


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    1. Não, Fincher foi o único diretor a rodar o filme, mas na pré-produção, enquanto os vários roteiros eram alterados e reescritos, esteve envolvido Vincent Ward, que era o autor da história original que levou aos vários roteiros problemáticos seguintes. Fincher foi chamado pra finalizar e tratar o último roteiro quando Ward foi substituído.

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