Se tem algo na escrita que é tão ou mas importante do que a ideia em si é a pesquisa. Acho que você já ouviu aquela frase clichê de "escreva sobre o que você sabe", mas o que nós sabemos sobre o mundo é sempre uma visão limitada às nossas vivências, ao nosso meio social, nossos contatos, nossa cultura. Para expandir essa visão é preciso pesquisar. E pesquisa envolve muita coisa, não apenas sentar e buscar as coisas no Google.
Não importa o que a pessoa escreva, ela sempre vai precisar pesquisar. Essa é minha principal fonte de inspiração e às vezes pode ser tão divertido quanto escrever a história. Quando a gente começa a fuçar atrás de uma coisa surge um fio condutor que nos leva a vários assuntos interessantes. É capaz que você termine uma simples pesquisa com mais umas dez ideias para escrever!
Por isso tem momentos em que é preciso ter foco. Existe a pesquisa para garimpar material e existe aquela pontual para tirar uma dúvida ou fazer algum tipo de complemento. E aí acaba entrando aquela questão: quanta pesquisa basta? Quanto é muito, quanto é pouco? Qual é o tipo certo de pesquisa para a minha história?
Cada um pesquisa à sua maneira e de acordo com as exigências de seu enredo. Tem coisas que vão demandar mais tempo. Se eu quiser descrever os pormenores de um motor de dobra é capaz que eu precise de um tempo maior para entender como ele funciona, por mais que sua ciência seja fictícia. É preciso entender o contexto em que essa pesquisa será usada. Talvez você só precise de um começo, um pontapé para iniciar a corrida imaginativa na cabeça do leitor que acaba completando o restante.
O enredo é quem dita o tipo de pesquisa e a profundidade dela, principalmente aqueles romances históricos que dependem de datas, eventos e pessoas que de fato existiram. E aqui entra a importância de se fazer isso direito. Um simples erro pode acabar com a premissa e detonar com a história toda antes mesmo de começar. Quer um exemplo? A escritora Elizabeth Sims estava escrevendo um thriller e precisava de um nome para um advogado criminal de origem japonesa. Sem pensar muito, ela nomeou o personagem como Gary Kwan. Só depois que o livro estava pronto e distribuído em milhares de livrarias, um leitor a alertou que Kwan é um sobrenome chinês. Era somente uma questão de abrir o Google...
Certos enredos vão precisar de uma pesquisa básica, o suficiente para transmitir alguma profundidade ao cenário ou aos antecedentes dos personagens, mas nada mais profundo do que mencionar alguns nomes e menções casuais a temas científicos. Star Wars, por exemplo, não carrega o expectador com longas explicações cientificas. Sabemos o suficiente porque o foco do enredo é outro. É diferente de Star Trek que trabalha fortemente com ciência fictícia e tem longos diálogos entre os personagens resolvendo o problema do reversor de polaridade do campo bifásico de dobra. Falei nada com nada, mas para o enredo, a frase funciona.
Pesquisar para deixar seu enredo interessante é despertar o interesse de quem lê. A leitura nos faz aprender muito sobre o mundo e sobre as pessoas e isso se deve à pesquisa feita previamente. Nem sempre envolverá uma longa busca no Google. A pesquisa pode ser apenas ouvir com atenção uma conversa da sua mãe com sua avó. Pode ser uma audição daquele artista que toca violão no vagão do metrô entre uma estação e outra. Pode ser uma observação silenciosa de várias pessoas em uma fila. Guardar as informações que você nem sabe que podem ser pertinentes também é pesquisar.
Uma coisa importante no ato de pesquisar é ter onde guardar o fruto da pesquisa. Pessoalmente gosto muito do OneNote, da Microsoft. Colo tudo o que eu acho que é interessante e pertinente para uma história. Gosto muito de trabalhar com imagens e puxar a inspiração daí, então é comum que eu garimpe a internet, principalmente o Pinterest e o Tumblr para encontrar imagens inspiradoras. Colo tudo num caderno próprio para aquela história e anoto tudo o que for pertinente ali. É claro que carrego um caderno comigo ou então uso o celular para anotações rápidas, mas quanto antes reúno tudo num lugar só para ser meu repositório.
Acho que o mais importante é compreender que nós fazemos o que a história manda. Nem todas as imagens que eu salvei antes serão úteis no meu processo criativo. Pode ser que ela sirva como um cenário secundário e não o principal como pensei que seria inicialmente. Você também vai saber o momento certo de descartar ou de usar uma determinada referência pesquisada antes. Quanto mais você escrever, mais vai entender esse sentimento de "miga, para".
Deixe nos comentários o que você acha sobre a pesquisa ou como faz isso.
Até mais!
Estou amando suas dicas sobre escrita. Estou com vontade de criar um e-book sobre o universo materno e estas dicas estão sendo fantásticas. Obrigada pelo conteúdo!
ResponderExcluirGisele Quagliato (Mãe Prática)
https://giselequagliato.com/a-importancia-da-amamentacao/
Oi, Gisele! Fico feliz que tenha gostado! ♡
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