Como encarar a leitura de livros difíceis

Mesmo quem tem uma vasta experiência com leitura volta e meia acaba pegando um livro que pode parecer mais difícil de ler. Pode ser uma questão de tema, uma questão de idioma, da própria narrativa ou do enredo em si. Um livro pode parecer complicado por todas essas razões e pode até te fazer largar a leitura. Existem algumas maneiras de contornar isso caso você não queira deixar um livro de lado.

Como encarar a leitura de livros difíceis

Antes de dar qualquer dica, acho importante definir que o que possa parecer difícil para mim pode não ser difícil para você. E que o que pode parecer um livro intransponível em uma determinada época da vida de repente parece suave na nave alguns anos depois. Muitas vezes a leitura é apenas uma questão de momento. Em outras é uma questão de maturidade de quem lê. Vi isso acontecer comigo na faculdade. Um texto de Milton Santos que precisou de um longo tempo de leitura e um grande esforço de compreensão no meu 1º ano de curso já não era assim tão complicado no último ano.

Um segundo ponto a se considerar: pra que?? Se não somos obrigadas a ler textos tão desafiadores, por que se sujeitar a tanto sofrimento? Existem muitas questões entrelaçadas com a leitura que não envolvem apenas o prazer ou divertimento por ela. Uma leitura desafiadora por nos ajudar a crescer – aprender, desaprender e reaprender. Nos ajuda a sair da zona de conforto, nos dá um forte senso de realização e aumenta a confiança em nossas capacidades de interpretação e leitura. Podemos até descobrir um profundo fascínio por uma nova área ou disciplina e continuar lendo no gênero apenas por puro prazer.

Experimente
Para cada leitora existe um livro pronto, esperando para ser encontrado. Existem livros que saem com várias notas explicativas e fortuna crítica que nos ajudam a compreender melhor a obra. Sempre recomendo essas leituras do que apenas um livro que foi traduzido e publicado sem qualquer consideração com contexto histórico, literário e da tradução. Este também é um segundo ponto a se considerar: experimente várias traduções. Você vai perceber que há tradutores com os quais sua leitura flui muito melhor do que com outros. Escolha aquele livro que caiba melhor no seu ritmo e gosto de leitura.

Se organize
Anote seu progresso, por menor que seja. Use sites como o Goodreads e o Skoob, ou então tenha um caderninho para anotar suas impressões, citações favoritas. Estabeleça metas, mesmo que modestas, conforme você vai conhecendo a obra. Por exemplo, leia a fortuna crítica primeiro, introdução, prefácio, notas do tradutor, sinta o clima do livro antes de qualquer passo. Leia o sumário e veja como o livro é organizado e dividido. Sabendo o que te aguarda talvez a insegurança com o livro diminua e você ganha mais confiança.

Interaja
Gosto de interagir com os meus livros, anotando a lápis nas bordas, grifando e marcando partes importantes com post its e marcadores. Não tenho medo de retomar um parágrafo ou uma página inteira, reler e depois anotar em um post it largo o que entendi daquele trecho complicado, deixando depois o lembre na própria página. Não tenha medo de interagir com a leitura nem de parar para buscar uma palavra no dicionário, isso faz parte do processo (principalmente nos e-readers). Não quer usar caneta ou marca-texto? Beleza, use lápis. Não tenha dó de marcar e circular, exclamar ou anotar questões nas bordas.

Tudo a seu tempo
Se a leitura estiver densa demais, diminua o ritmo. Você não precisa ler 100 páginas ao dia. Leia menos, desde que você consiga absorver o conteúdo sem se sentir atolada na leitura. Quando uma tarefa parece difícil, como uma leitura de um livro denso e intimidante, a tendência pode ser correr para terminar mais rápido. Ao fazer isso, você corre o risco de apenas passar de olhos sobre as palavras e com isso você prejudica a leitura profunda, que é essencial para a compreensão dos textos.

Encontre o lugar perfeito
Quando preciso estudar, não sento na cama ou no sofá, vou para a mesa, onde posso abrir livros e cadernos e me organizar melhor. Existem lugares que são mais propensos para certas leituras. Ao ler um livro tido difícil o ideal é não ter distrações. O transporte público, por exemplo, pode não ser uma boa ideia, já que fica difícil se concentrar nesse ambiente. Encontre o que funciona para você, um bom horário, um lugar confortável em que você possa anotar e marcar a leitura o melhor possível.


A tendência é que a gente melhore com o tempo, fique mais experiente, que o percurso se torne mais conhecido e assim menos intimidante. Mas tenha em mente que é um processo. Não tem nada errado em errar e tentar novamente. Não deu certo agora, talvez mais para frente dê. Evite ler por ler, evite ler porque todos estão lendo. Leia porque você quer. E lembre-se:

Não diga que você apenas leu livros. Mostre que através deles você aprendeu a pensar melhor, a ser uma pessoa mais distinta e reflexiva. Os livros são os halteres da mente. Eles são muito úteis, mas seria um grande erro supor que alguém progrediu simplesmente por ter internalizado seus conteúdos.

Os Discursos, de Epiteto

Até mais! 📖


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