Eu sou a loka das tags e das blogagens coletivas! Aliás, lá no começo do blog em 2010 e 2011, participei de várias e com isso consegui alcançar um público que me lê até hoje. A proposta da blogagem é da querida Mulher Vitrola e você pode participar também! Com todas essas gerações diferentes se chocando hoje em dia, que tal voltarmos ao passado? Eu vou voltar lá para 1994, quando o Plano Real entrou em vigor.
Quem nasceu depois de 1994 não conheceu o troca-troca de moedas que aconteceu antes dessa data. Moedas era uma coisa praticamente decorativa, não usávamos para nada. Notas? Para pagar o ônibus eram tantas e às vezes misturadas que era preciso carregar um volume imenso de notas de praticamente nenhum valor para pagar coisas mínimas. E as tabelas de conversão? Nossa, que saco! O dinheiro desvalorizava tão rápido que saía tabelas de preços todos os dias nos jornais e as etiquetas se acumulavam sobre os produtos no mercado.
No colégio eu estava na 6ª série e a professora de matemática tinha dificuldades de explicar as mudanças rápidas que vinham. Até que chegou o Plano Real e, claro, todo mundo pensou "ah, não, de novo não!" A professora explicou em sala sobre a mudança e que ela torcia para que, dessa vez, fosse a última por um bom tempo. Se não me engano, o Real entrou em vigor em 1º de julho, o último dia de aula no colégio, em plena sexta-feira. Subimos no ônibus para voltar para casa e - surpresa! - o ônibus custava 58 centavos. Não, você não leu errado, era 58 centavos.
No retorno às aulas, eu e minhas amigas íamos no McDonalds, que era bem próximo, quase que todos os dias. Um lanche com sanduíche, batata frita e refrigerante custava - pasme - 4,95. SIM, custava apenas quatro reais e noventa e cinco. O que você compra no McDonalds hoje com esse valor? Acho que nem duas casquinhas, não é? Para nós, adolescentes, aquilo abriu um mundo de consumo que antes era difícil de acompanhar. CDs, revistas, comer fora, roupas, sapatos, coisas que antes você tinha que comprar assim que os pais recebiam salário, porque no dia seguinte teriam dobrado de preço, tudo isso agora era acessível.
Além do McDonalds, começamos a frequentas o bairro ao redor do colégio, em Pinheiros. Íamos na Tatoo You, uma casa de tatuagem na Praça Benedito Calixto e comprávamos tatuagens falsas, daquelas que saem em menos de uma semana. Nas lojas de perfumaria era possível comprar perfumes importados, coisa que só fui conhecer nessa época e era absurdamente barato. Na banca de revistas, comprávamos livros clássicos da coleção da Nova Fronteira e fizemos tipo um clubinho do livro entre nós.
Antes do Plano Real, fazer compra no mercado era daquelas para o mês inteiro, porque depois os preços teriam subido e não se comprava mais nada. Mas com o dinheiro valorizado era possível comprar semanalmente ou estocar comida por meses, já que com 200 reais você fazia a compra necessária para o mês. Sem brincadeira, o que hoje você compra no mercado por esse valor? Nada, certo?
Em casa começamos a consumir coisas que antes não entravam. Carne vermelha de primeira, o que antes era difícil, já que era preciso pegar a fila da carne. Aspargos em conserva, champignon, até bebidas importadas e chocolates finos. Tudo estava tão barato que SOBRAVA dinheiro no final do mês para luxos como ir almoçar numa cidade vizinha nos finais de semana. Não éramos ricos, de maneira alguma, mas sobrava para um cinema e um jantar no shopping. Muita gente que viveu essa época de transição deve lembrar como era.
Às vezes eu penso na diferença entre aquela época e hoje e é triste ver como o dinheiro desvalorizou e como tudo ficou tão caro nos últimos 8, 10 anos. Se com 20 reais, eu e minhas três amigas comíamos no McDonalds e ainda sobravam centavos de troco, hoje com esse mesmo dinheiro você mal come um lanche completo.
Gostou da blogagem? Participe você também!
Até mais!
Eu lembro pouco da mudança, mas lembro achar muito estranho como antes tudo era pra cima de 100 ou 1000 e de repente a gente falava em centavos... Não consigo imaginar uma mudança dessa hoje, comigo adulta. Ia ser algo bem estranho, porque agora tenho noção de valores. Interessante pensar nisso.
ResponderExcluirEssa postagem me despertou muitas sensações. E pensar em como a economia afeta nossa vida DIARIAMENTE. Eu lembro muito bem dessa época (e principalmente da tabela de conversão, meus pais tinham um barzinho/mercearia e era uma loucura!). Mas lembro da minha mãe levando meu irmão e eu ao cinema e nunca fomos ricos, morei e moro na baixada Fluminense e sempre tivemos uma vida simples, mas nessa época vivíamos como se vive uma pessoa classe média hoje em dia ahhahah (exagerei). E sinceramente? Meu VA é de 330 reais e eu não faço a compra do mês com isso, eu compro o suficiente pra uns 15 dias, depois tenho que completar. Bizarro esse tempo que estamos vivendo...
ResponderExcluirEu amei seu post, e amei você ter participado ❤️🥰
Bjs,
Re
Em 1994 eu tinha recém feito 8 anos. Na minha infância eu tinha um cofrinho em formato de porco com moedas... Tinha algumas moedas que a mudança para o real transformou-se em 50 reais eu lembro que virou a minha mesada do mês controlada pelos meus pais... Aquele mês, eu virei milionária! kkkk
ResponderExcluirhttps://www.ladomilla.com/
Faz tanto tempo que não participo de uma blogagem coletiva... vou participar! Nossa, em 1994 eu lembro de tanta coisa: as mortes do Kurt Cobain e do Ayrton Senna ( no dia do acidente eu estava fazendo uma prova de um concurso, em pleno domingo. Lembro que cheguei em casa e todo mundo grudado na TV e de como o país parou)... o plano Real veio para tirar o país do estrago que o Plano Collor e o confisco das cadernetas de poupança fizeram entre 1990 e 1992. Aliás, este será meu tema da blogagem. :-)
ResponderExcluirMe identifiquei tanto com essa postagem, pois lembro muito bem de como era desesperador a troca diária de preços - que a gente sentia principalmente no mercado - antes do Plano Real. Compra do mês era algo comum,e realmente só depois desta estabilização pudemos nos dar a alguns luxos como comprar um chocolate fora da época de Natal e Páscoa, comprar roupas diferentes do básico, sonhar com possibilidades maiores...
ResponderExcluirTambém fico triste vendo como nossa moeda está desvalorizada!
Também lembro de 1994 por conta da morte de Airton Senna ( depois deste evento fui deixando aos poucos de assistir Fórmula 1), do meu último ano no Ensino Fundamental, coroado com uma viagem a Gramado (RS) e também dos filmes que saíram aquele ano, como O Máskara, que na época assisti na escola.
Ainda vou pensar sobre qual ano escrever, mas quero participar da blogagem mesmo que já se tenha passado uma semana praticamente.