Muitas vezes, as crianças não conseguem se expressar sobre sentimentos complexos pela falta de vocabulário. Dessa forma, a literatura pode ser uma forma de levar esses temas a elas de maneira lúdica e que acabe gerando uma conversa que dê vazão a tais emoções. Em Anna e o Balão vamos acompanhar uma menininha que quer muito ver seu pai de novo.
O livro
Anna juntou moedinhas que a mãe lhe dava para comprar doces e sorvete com bastante cuidado. Levou meses, mas ela conseguiu o suficiente para concluir seu plano. Um dia pela manhã ela pegou sua mochila, colocou três maçãs lá dentro e, ansiosa, saiu de casa. Ela finalmente conseguiria pagar pelo seu passeio de balão pelos céus de São Paulo.Essa, porém, não é uma viagem qualquer. Anna não está pagando para ir aos céus apenas porque quer. Ela na verdade está indo porque quer reencontrar seu pai. Anna vai até o senhor Jacob, com quem tinha marcado uma hora para a viagem. Engolindo o medo da cesta do balão, Anna é embarcada e assim que entra, Jacob já começa a soltar os sacos de areia que o seguram no chão.
O livro fala em morte de maneira direta e respeitosa, e Anna sabe que seu pai não está mais com ela. Sua mãe disse que ele agora vive nas nuvens e por isso Anna quis tanto fazer a viagem de balão. É natural que muitas crianças entendam metáforas de forma literal e os autores usaram isso para tratar do assunto, que é tão delicado para os pequenos, de forma lúdica e fácil de compreender.
Jacob acaba agindo como um mestre na hora de ajudar Anna a compreender o luto pelo pai. Anna começa a contar sobre sua vivência com o pai, as coisas que aprendeu com ele como o ato de se colocar no lugar do outro e assim conseguir compreender o que o outro pensa e sente. Seu pai a educa para que não tenha uma crise de birra na frente dos outros e essa ação educativa fez com que Anna compreendesse sua própria ação. Seu pai lhe ensinou sobre a empatia, que anda tão em falta nesses nossos tempos.
É uma historinha tão linda e emocionante que você quer voltar para o começo e ler novamente. Foi com muita delicadeza que os autores trataram o tema da morte e fizeram dois personagens cativantes e muito humanos. A arte de Fernando Vilela é lindíssima, me lembrando carimbos coloridos compondo a paisagem urbana da metrópole, com o seu bom e velho caos urbano. Uma paleta específica de cores é usada em todo o livrinho. Não há problemas de revisão ou diagramação.
Obra e realidade
A morte ainda é um mistério até mesmo para os adultos. Para as crianças fica ainda mais difícil de compreender. Jacob acaba ajudando Anna a entender que não é porque uma pessoa morreu que ela deixa simplesmente de existir. Nossas lembranças ainda existem e enquanto pudermos nos lembrar das pessoas que se foram, elas nunca se foram realmente.Ferréz (Reginaldo Ferreira da Silva) é um escritor paulistano. Fernando Vilela é artista, designer, educador e curador, além de escritor e ilustrador brasileiro.
PONTOS POSITIVOS
Traços e cores
O tema
Bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum
Traços e cores
O tema
Bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Nenhum
Avaliação do MS?
Uma gracinha de livro! Ahh, como eu queria ter tido livros assim quando eu criança. Os autores trataram do assunto com muita senbilidade, com muita doçura e o livro é uma ótima adição à biblioteca da molecadinha. Cinco aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!Até mais! 🎈
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