E se uma doença fosse o ponto de partida por uma incrível jornada através de países lusófonos? Foi o que motivou a criação de Púrpura, que viaja por vários países que falam a língua portuguesa e compartilham da cultura por ela proporcionada tendo sempre a cor púrpura como elemento em comum.
O quadrinho
O ano é 1952, em Angola. A avó de um dos autores deste quadrinho, Pedro Cirne, está com púrpura, uma doença que na época lhe disseram que não tinha cura. Ela foi obrigada a sair de Angola e ir para Portugal, convivendo com a morte iminente que seria causada pela púrpura. Não apenas sua avó não morreu como viveu ainda mais 60 anos desde tal diagnóstico sombrio, contando histórias ao longo desse tempo.Assim surgiu o desejo do autor de conhecer melhor os países lusófonos e deste desejo surgiu o quadrinho Púrpura. As viagens de sua avó foram o pontapé inicial para uma jornada por países com tanto em comum e tanta coisa diferente entre si.
Cada uma das histórias do quadrinho, oito ao todo, ocorre em um determinado país falante de língua portuguesa. Indo além dos oitos enredos, o quadrinho aborda os diversos significados da palavra púrpura. Nós viajamos para Portugal, Cabo Verde, Timor-Leste, Guiné Bissau, Brasil, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Angola. Dezesseis artistas também contribuíram para o quadrinho:
- Cabo Verde: Sai Rodrigues
- Guiné-Bissau: Dito Buanh e Manuel Júlio
- Angola: Osvaldo Medina e J. Mascarenhas
- Moçambique: José Lopes
- São Tomé e Príncipe: Ismaël Sequeira
- Timor Leste: Bruna Rosário
- França: Elodie Lacaze
- Brasil: Clarissa Ricci, Wagner Porto e Nemie
- Portugal: Tiago Tsou, Tânia A. Cardoso, Kitty Grifo e Fernando Relvas
Algumas histórias começam pelo fim.
Muitos dos países falantes de Língua Portuguesa, incluindo o Brasil, passaram por guerras e conflitos civis e alguns dos personagens dessas oito histórias acabam impactados por esses conflitos. Temos histórias com representatividade LGBT+, temos violência doméstica e a própria doença púrpura ilustrada com bastante sensibilidade da parte dos autores.
O quadrinho inteiro é tomado pela cor púrpura. Apenas uma página perto do final tem outros tons de cores. Mas o efeito de todas as páginas pintadas com essa cor foi interessante, pois os enredos passam a impressão de que estão de fato presos numa monotonia, evidenciada pela presença da cor.
Adorei os traços e a delicadeza de muitas histórias, ainda que apresentem uma violência. Sinto que os autores conseguiram falar de recomeços e renascimentos, ainda que pareça que as oito histórias não tenham conexão entre si. Elas têm e é basicamente sobre isso, ressurgir, renovar, renascer.
Não é com o fim de uma história que se inicia outra?
Obra e realidade
Existem hoje no mundo cerca de 273 milhões de falantes de Língua Portuguesa. O país com o maior número é, obviamente, o Brasil e o português brasileiro é a variante do português mais falada, lida e escrita do mundo, 14 vezes mais que a variante do país de origem, Portugal. Tão diferentes entre si e ainda assim falando basicamente o mesmo idioma.Pedro Cirne é jornalista e escritor, trabalha no portal UOL desde 2000. Estreou como roteirista de graphic novel com Púrpura, em dezembro de 2016.
Já Mário César é autor e editor de histórias em quadrinhos, além de chargista do UOL Notícias e também ilustrador e designer gráfico freelancer.
PONTOS POSITIVOS
Traços
Diferentes países
Bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Pode ser meio devagar
Traços
Diferentes países
Bem escrito
PONTOS NEGATIVOS
Pode ser meio devagar
Avaliação do MS?
Púrpura também é uma história sobre cura. Assim como a avó do autor viveu muitos anos depois do perverso diagnóstico, as pessoas vão superar suas adversidades de alguma forma e daí tirarão ensinamentos importantes para viver. Quatro aliens para o quadrinho e uma forte recomendação para você ler também!Até mais!
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