Resenha: O Silêncio da Cidade Branca, de Eva García Sáenz de Urturi

O Silêncio da Cidade Branca, novo filme da Netflix (leia o livro, sério, o filme não vale à pena), é baseado neste livro incrível e imperdível para os fãs de livros sobre investigações e assassinos em série. Uma trama primorosa que se passa na capital do País Basco, com um enredo que vai fazer você virar as páginas sem poder parar!

Este livro foi uma cortesia da editora Intrínseca

O livro
Já começamos a leitura com a tensão de saber que um policial foi baleado na cabeça. Ele investigava vários crimes em série na cidade de Vitoria e foi a última vítima do matador. Este policial é Unai López de Ayala, investigador criminal que há vinte anos ficou obcecado pelos homicídios que assolaram a região. Sim, os crimes passaram por um hiato de vinte anos e agora retornaram. O modus operandi do criminoso é matar um casal da mesma idade e colocá-los em uma elaborada posição afetuosa em algum local marcante para a história da cidade. Há todo um delicado simbolismo macabro no que ao assassino faz. Só tem um problema: o assassino foi preso vinte anos atrás, está prestes a deixar a cadeia e ninguém sabe como os novos crimes estão acontecendo.

Resenha: O Silêncio da Cidade Branca, de Eva García Sáenz de Urturi

O assassino condenado é Tasio Ortiz de Zárate, uma celebridade local, famoso arqueólogo e irmão gêmeo de Ignacio Ortiz de Zárate, policial e responsável por desvendar o caso e prender o próprio irmão. Deixo aqui uma crítica por toda santa vez que um personagem aparece o nome completo dele é mencionado. Sim, eu sei que o Tasio é Tasio Ortiz de Zárate, não precisa repetir nome e RG do sujeito. Isso acontece várias vezes, inclusive com a parceira de Unai, a investigadora Estíbaliz Ruiz de Gauna. Essa repetição deu uma cansada em alguns momentos e fiz leitura dinâmica nos nomes de vez em quando.

A cidade de Vitoria, a capital da província autônoma do País Basco, é uma personagem em si na trama, já que os locais onde os corpos são encontrados têm relevância para história da cidade, desde os tempos medievais aos atuais. Uma pena não ter um mapa da cidade para que a gente acompanhe o vai e vem dos personagens. O corpo dos casais aparecem em locais históricos estratégicos e essa pista, aliada a outras, foi o que levou a polícia e, principalmente, a imprensa a condenarem Tasio pelos primeiros crimes, casais com idades de variavam de meses até anos, mas sempre iguais e pulando cinco anos cada, terminando com o último crime, dois adolescentes de 15 anos.

Os crimes retornam e Unai e Estíbaliz são enviados para investigar e qual não é a surpresa quando um casal de 20 anos, nu, em uma posição cuidadosamente ensaiada é encontrado em meio a flores típicas da região, em um local turístico de Vitoria? A população fica apavorada, temendo pela segurança de pessoas de 25, 30, 35, 40 anos e por aí vai. Como proteger todo mundo? E o principal: é um imitador fascinado pelos crimes ou Tasio está coordenando tudo de dentro da prisão? Unai chega a ir até a penitenciária conversar com Tasio na tentativa de descobrir, mas Tasio se dispõe a ajudar o investigador, dizendo que quem o incriminou vinte anos antes está agindo novamente. Tasio nem de longe é um personagem agradável, ou seu irmão, os dois possuem vários defeitos, mas por conta da ótima construção feita por Eva.

É uma trama intrincada, detalhista, com muitos nomes e locais diferentes. A falta de um mapa para os locais da cidade e os pontos turísticos maculados pelos crimes atrapalha um pouco a nossa localização dos eventos. Os personagens compensam pela profundidade, pela perfeição com que foram criados. Chegam a ser odiosos e irritantes e a relação de Unai e de Esti é incrível. Há um romance que surge entre um dos policiais e uma terceira pessoa envolvida na investigação, mas foi bem construído, não é algo simplesmente solto na trama, ela faz parte da trama e nos leva a compreender a reviravolta perto do final.

Porque isso era o que o Diabo fazia, não é?
Ferir todos os que cruzavam com ele.

Página 278

A autora conseguiu criar o perfeito clima de tensão enquanto passeamos pelas ruas de Vitoria e acompanhamos a saga de Unai e Estíbaliz na tentativa de descobrir quem e como os crimes estão sendo cometidos. As vítimas, inicialmente, eram mortas por envenenamento, mas nos crimes mais recentes elas são anestesiadas e abelhas vivas são colocadas em suas bocas e depois tampadas com fita adesiva. Uma morte agoniante e dolorosa. Também é importante destacar a família de Unai, composta por seu irmão Germán e por seu avô, um dos personagens mais fofos do livro todo. Foi muito legal ver a dinâmica entre esses três e são algumas das melhores partes do enredo.

A capa é um show à parte de tão bonita e misteriosa, ilustrando uma parte importante no enredo e do contexto do livro. Os crimes não são descritos de maneira gráfica para chocar os leitores, mas apenas para indicar como o crime foi feito e achei isso ótimo. O livro está bem diagramado e traduzido por Cristina Cavalcanti e encontrei poucos erros de revisão. E muito obrigada à Intrínseca por colocar o nome da tradutora ao lado do nome da autora nas lojas online!

Obra e realidade
Eva admitiu que este é o seu livro mais autobiográfico, pois ela correu por aquelas ruas, conhece cada um dos pontos turísticos e também tem parentes centenários como os que aparecem no romance. Você percebe a familiaridade dos personagens com os locais dos crimes e como eles são apegados às suas raízes. Os crimes macularam aqueles locais tão importantes para a história da cidade e de sua população e cobram as autoridades por uma resolução para que as pessoas possam dormir sossegadas. A autora conseguiu passar para nós a familiaridade que sente em sua região e toda a tensão da população.

Eva García Sáenz de Urturi

Eva García Sáenz de Urturi é uma escritora basca, fenômeno de vendas na Espanha.

Às vezes o tempo que marca o calendário não tem nada a ver com o tempo mental ou emocional que a gente vive.

Página 209

PONTOS POSITIVOS
Unai e Esti
TENSO
Bem escrito
PONTOS NEGATIVOS

Não tem mapa
Vários nomes repetidos à exaustão

Título: O Silêncio da Cidade Branca
Título original em espanhol: El silencio de la ciudad blanca
Trilogia da Cidade Branca
1. O Silêncio da Cidade Branca
2. Los ritos del agua
3. Los señores del tiempo
Autora: Eva García Sáenz de Urturi
Tradutora: Cristina Cavalcanti
Editora: Intrínseca
Ano: 2020
Páginas: 416
Onde comprar: na Amazon!

Avaliação do MS?
Foi uma leitura tensa e instigante! Eu não conseguia mais parar de virar as páginas para chegar até o final. Eu comecei a desconfiar de algumas coisas lá pelo meio da leitura, mas a identidade e a revelação do verdadeiro criminoso foi muito bem construída e me pegou de surpresa. Se você curte esse tipo de livro, vai curtir O Silêncio da Cidade Branca! Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!


Até mais!

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