Admito que não pensei que essa série fosse me cativar. Comecei lendo com certa desconfiança, mas o enredo sobre dimensões paralelas e uma distopia que se instala por conta do choque entre elas prende e você quer saber o que acontece em seguida. Aqui começamos quase que imediatamente após o final do primeiro volume, A Canção do Silêncio.
O livro
Robert Kirkman é bastante conhecido por The Walking Dead e talvez isso tenha me feito pensar duas vezes antes de ler Oblivion Song no começo, pois acabei associando à série que desandou bastante nas últimas temporadas. Felizmente, o ranço some logo! Aqui temos uma ficção científica de cores e traços estonteantes e bastante informação rolando pelas páginas.A arte da capa brasileira é a mesma, mas a Intrínseca não disponibilizou nem uma capa em boa resolução pra gente usar. Mancada, hein? |
No primeiro volume, tínhamos um enredo onde o protagonista, Nathan, precisava encontrar seu irmão perdido em Oblivion, a dimensão extra e caótica que se abateu sobre o mundo. Terminamos esse capítulo com Nathan sendo cercado pelas autoridades e levando-o para o local que desencadeou a chamada “Transferência”, momento em que as dimensões se chocam. Nathan começa Entre Dois Mundos narrando o que aconteceu, como e a culpa que sente por ter levado, sem querer, cerca de 300 mil pessoas para uma dimensão alienígena que é bastante perigosa. Sobreviver num lugar desses não é tarefa das mais fáceis.
Senti que Kirkman desacelerou a narrativa aqui, mas não senti que isso prejudicou o bom andamento da trama. Inclusive achei melhor explicada, onde as coisas couberam em seus devidos lugares. Me incomoda muito alguns quadrinhos que parecem pular partes essenciais do enredo para poder caber no formato e nas páginas pré-determinadas. Neste volume as coisas acontecem num passo mais elegante e que faz os eventos acontecerem naturalmente.
Sabemos que Nathan tem uma participação importante no evento da Transferência. As autoridades também e assim Nathan é mantido em cárcere, sendo obrigado a cooperar com os militares que querem o gerador responsável pela quebra das dimensões. A intenção é criar uma arma mortal para usar contra os inimigos do país e até contra os próprios alienígenas. E Nathan e seus amigos sabem que isso tem tudo para dar errado.
Para impedir que o Exército ponha as mãos em um poder descomunal, Nathan pede a ajuda do irmão, Edward, já de volta à Terra, mas sentindo saudades de Oblivion, o único lar que conheceu nos últimos anos e que, por razões pessoas, é um lugar que faz mais sentido. Ele adoraria mostrar para Nathan que a vida lá na dimensão caótica é muito melhor do que a vida sem sentido das grandes cidades do país e esse se torna um ponto de tensão bem explorado pelos autores.
A disputa de narrativas entre os dois irmãos vai dominar boa parte do enredo. Edward tem um motivo forte e bons pontos de vista sobre a vida nas cidades. Sim, temos vários problemas, a vida ocupada com deslocamento, trânsito, pagar contas, a incapacidade de se ligar em profundidade às pessoas, mas transportar milhares de pessoas para uma dimensão caótica e contra sua vontade não é a resposta. Nathan tenta colocar algum senso na cabeça do irmão, mas enquanto eles disputam para ver quem está certo e quem está errado, a máquina é acionada de novo.
É bem fácil notar quando estamos em Oblivion e quando estamos na dimensão humana, pois as cores foram muito bem aplicadas. Tons quentes para a dimensão, tons mais frios para a vida humana. Tudo tem um tom estranho, como se olhássemos a ação por um filtro azul e acredito que isso causa uma sensação de estranhamento que é bem-vinda, afinal tem uma dimensão alienígena em contato com a nossa.
Uma pena que a edição venha em capa comum, pois ela tende a deformar com o manuseio. Achei que o final em aberto prejudicou o bom fechamento deste enredo, mas vou torcer para que as coisas se resolvam no próximo ou que ao menos explique algumas pontas soltas aqui. A tradução ficou na mão de Fernando Scheibe e está ótima. Não encontrei grandes problemas em relação à tradução ou à diagramação.
Obra e realidade
Um tema bastante trabalhado nessa edição é sobre o que este nosso mundo tem a nos oferecer de verdadeiro. Edward não se cansa de dizer que lá em Oblivion as pessoas se tratam como iguais, que não há ganância e a pressa do mundo moderno. Entendo o ponto de vista, mas o personagem esquece que ele, enquanto líder do assentamento lá do outro lado, pode achar que são todos iguais, mas não é verdade. Se as pessoas se tratam como iguais, são justas e compassivas, é porque elas sempre foram. Uma pessoa mal intencionada causaria ainda mais dano do que os alienígenas.Robert Kirkman é um escritor de história em quadrinhos americano, conhecido por seus trabalhos para os quadrinhos The Walking Dead e Invencível. Lorenzo De Felici é um jovem ilustrador e colorista italiano que tem despontado no cenário dos quadrinhos, principalmente depois do trabalho com Kirkman em Oblivion Song. Annalisa Leoni é ilustradora e colorista de quadrinhos italiana, que trabalha para a Skybound Entertainment.
PONTOS POSITIVOS
Monstros
Pós-apocalíptico
Construção de mundo
PONTOS NEGATIVOS
Final em aberto
Não vem em capa dura
Monstros
Pós-apocalíptico
Construção de mundo
PONTOS NEGATIVOS
Final em aberto
Não vem em capa dura
Avaliação do MS?
Foi uma leitura ótima, especialmente por ser um quadrinho de ficção científica. Gostei do enredo, da arte e principalmente das cores, muito bem colocadas entre os cenários, causando a estranheza necessária em um enredo com alienígenas. Um enredo de sobrevivência, de medo, de luta e estou bem ansiosa pelo próximo volume. Quatro aliens para o livro e uma forte indicação para você ler a saga toda!Até mais!
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