Com o nome de Robert Kirman em alta por causa de The Walking Dead, chega ao Brasil Oblivion Song, junto de Lorenzo De Felici e com cores de Annalisa Leoni. É uma ficção científica pós-apocalíptica que lida com principalmente com o medo. Temos vários temas bem conhecidos para fãs de FC aqui como realidades paralelas, monstros e heróis perturbados.
O quadrinho
Começamos nossa jornada acompanhando a rotina de Cole. Ele vaga pelos escombros de uma cidade habitada por monstros, enquanto tenta salvar a vida de duas pessoas apavoradas. Cole é pesquisador e explorador, que sai entre as ruas destruídas em busca do irmão. Seu irmão e outras 300 mil pessoas na Filadélfia, nos Estados Unidos, desapareceram e o governo encerrou as buscas, acreditando ser um desperdício de recursos. Cole, por sua vez, não vai desistir de tentar encontrar o irmão e continua a atravessar a barreira entre a realidade e a dimensão de Oblivion. Sempre que encontra alguém ele tenta trazer para a realidade, para salvá-las.Notamos logo de cara que esses sobreviventes sofrem com a nova vida. Eles lutaram por anos do outro lado para sobreviverem e agora estão de volta a uma vida normal, provinciana até. Não é todo mundo que consegue dormir à noite, não é todo mundo que consegue retomar a vida depois de fugir de monstros gigantes pelas ruas destruídas da cidade. Foi bem interessante tratar desse estresse pós-traumático e espero que vejamos isso em edições posteriores.
Cole enfrenta resistência do governo por suas incursões em Oblivion. Mesmo demonstrando que é mais seguro e a tecnologia mais moderna, o governo não vai financiá-lo, especialmente por saber que ele procura o irmão perdido. Cole carrega uma culpa que nos faz questionar se é só a respeito do irmão ou se tem algo mais que ele está escondendo (e chegamos ao final com uma resposta bombástica para isso!).
O enredo não trabalha só a visão de Cole, mas também de outras pessoas ao redor. Seus colegas também estão sofrendo com problemas de adaptação. Sobreviventes resgatados se assustam com qualquer barulho alto, pessoas em Oblivion desconfiam do estranho que aparece e desaparece levando pessoas. Acredito que seja até uma desconfiança natural, pois essa é a realidade que eles conhecem, onde o mundo virou do avesso, monstros rondam as ruas e todo dia é uma luta pela sobrevivência.
Dá para imaginar como que soldados que voltaram da guerra se sentem quando precisam voltar à vida normal ao ler Oblivion Song. O enredo discutiu esse tema muito bem e aliadas às ilustrações de De Felici, temos passagens bem dramáticas, carregadas de emoção. E não são apenas os resgatados que precisam voltar à vida normal, mas aqueles que precisam conviver com essas pessoas também terão que se adaptar à uma nova vida e nova pessoa. Ninguém volta inteiro emocionalmente do Oblivion.
A arte de De Felici, aliada às cores de Leoni criaram cenários grandiosos, bizarros e deram um elemento alienígena, ainda que familiar, para os cenários de Oblivion. As mulheres do enredo ocupam papéis de esposa, basicamente, porém elas não caem em estereótipos batidos e possuem ação central em vários momentos.
Uma pena a edição ser de capa comum ao invés de capa dura, pois ela acaba entortando depois de um tempo. Também falta uma seção para uma biografia dos autores, pois embora muitos já conheçam a biografia de Robert Kirman, o quadrinho foi feito pelos talentos de várias mãos. A capa é macia, o papel é especial e encorpado e a impressão deixa as cores vibrantes e vivas. Não encontrei problemas nos balões e nas falas, cuja tradução ficou por conta de Fernando Scheibe.
Obra e realidade
Ainda que não fique bem explicado no começo como a dimensão de Oblivion apareceu, deixa a gente pensativa sobre dimensões reais. Essa é uma conversa da ciência e da ficção científica, que nos mostra várias dimensões extras alternativas, algumas bizarras e acaba trazendo uma série de discussões à mesa, pois se existem várias dimensões, podem existir vários de nós, não é? Ou mundos destruídos, onde a civilização pereceu. Ou utopias onde a humanidade venceu os desafios. Ou até uma Terra que nunca desenvolveu vida. Você continua você se encontrar seu igual de uma outra dimensão?Robert Kirkman é um escritor de história em quadrinhos americano, conhecido por seus trabalhos para os quadrinhos The Walking Dead e Invencível. Lorenzo De Felici é um jovem ilustrador e colorista italiano que tem despontado no cenário dos quadrinhos, principalmente depois do trabalho com Kirkman em Oblivion Song. Annalisa Leoni é ilustradora e colorista de quadrinhos italiana, que trabalha para a Skybound Entertainment.
PONTOS POSITIVOS
Monstros
Pós-apocalíptico
Construção de mundo
PONTOS NEGATIVOS
Final em aberto
Capa não é dura
Monstros
Pós-apocalíptico
Construção de mundo
PONTOS NEGATIVOS
Final em aberto
Capa não é dura
Avaliação do MS?
Foi uma leitura ótima, especialmente por ser um quadrinho de ficção científica. Gostei do enredo, da arte e principalmente das cores, muito bem colocadas entre os cenários. Um enredo de sobrevivência, de medo, de luta e estou bem ansiosa pelo próximo volume. Quatro aliens para o livro e uma forte indicação para você ler a saga toda!Até mais!
A brisa, as criaturas ao longe, os insetos... Tudo se misturava. E nunca ouvi nada parecido desde então... Era como música.
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