Resenha: Ghost Story, de Peter Straub

Ghost Story, de Peter Straub, é um dos clássicos do terror. Publicado anteriormente no Brasil com o título de Os Mortos Vivos, ele estava presente apenas nos sebos, em edições antigas, até ganhar uma edição luxuosa pelas mãos diabólicas da DarkSide.

Parceria Momentum Saga e editora DarkSide

O livro
Quatro velhos amigos - Frederick Hawthorne, Sears James, John Jaffery e Lewis Benedikt - se reúnem todos os meses para contar histórias assustadoras, regados a charutos e bebidas, a assim chamada Sociedade Chowder. É um dos eventos mais emocionantes para esses quatro habitantes da cidadezinha de Milburn, nos Estados Unidos. Essas histórias podem ser inventadas ou não, mas precisam ser aterrorizantes de verdade. É só uma maneira de levar um pouco de diversão a essas vidas tão pacatas e eles aproveitam cada minuto.

Resenha: Ghost Story, de Peter Straub

A amizade desses quatro sujeitos se fortalece após a morte de um outro membro do grupo, Edward Wanderley. Só que a morte de Edward remete a um erro cometido por eles anos atrás. Podemos dizer que o passado de cada um acaba agindo também como um fantasma na vida deles. Sabe aquela coisa do passado voltando para nos atormentar? Só que nesse caso, há um fantasma de verdade que agora volta para atormentá-los e para sacudir a falsa normalidade da Sociedade Chowder. Querendo ou não, eles são atraídos pelo sobrenatural e ele está pronto para mostrar ao grupo que nada fica enterrado para sempre, principalmente os erros grotescos.

É uma excelente premissa e eu estava bem ansiosa pela leitura, pois já conhecia o status de clássico do livro e há quanto tempo ele precisava de uma nova edição. Parecia a hora perfeita para ler esse livro. Um enredo de fantasmas que retornam para atormentam os vivos. Mas a leitura foi uma das mais difíceis que já fiz. Fui e voltei, larguei o livro várias vezes. Cheguei a pensar que nunca terminaria de ler.

O livro faz homenagens óbvias clássicos do horror, como ao autor M. R. James e tem uma boa premissa, porém o enredo requer uma perseverança e paciência para terminar que cansa. A verborragia de Peter Straub e seus personagens estupidamente rasos e desinteressantes fazem o livro se arrastar na sua mão. Eu não queria mais saber quem tinha morrido, porque, ou como, não me importava com mais nada, a não ser terminar logo. Uma história tão longa deveria ter, ao menos, personagens que te cativassem. Peter não se importou em construir esse tipo de narrativa.

Os quatro amigos compartilham aquele tipo de comportamento clássico em histórias de terror onde se varre o problema para debaixo do tapete, esperando que tudo se resolva, mas quando as coisas acontecem, ninguém mais pode controlar. Os elementos de medo e terror estão presentes, mas se tivessem mais relevância, talvez preocupassem os personagens, que estão inertes diante de tudo isso. Entretanto, o autor intercala clímax com um anticlímax irritante, com uma imensa lista de coadjuvantes que nada têm de relevante para o enredo no meio de tudo isso.

Entendo perfeitamente a questão da época em que foi escrito, mas há passagens preconceituosas inaceitáveis em vários momentos. Não é um personagem problemático colocado ali para ser o agente do caos, é da construção do enredo. E isso acontecia em vários momentos, em especial quando um personagem estava se revelando ou crescendo na história. Mas mesmo essas passagens não tornam os personagens vivos, intensos para se ler. São apáticos, não te convencem nem por um momento.

Fiquei bem chateada de não ter gostado do enredo. O livro em si tem aquele capricho endiabrado da DarkSide, com capa dura e um marcador de página exclusivo e a fitinha marca página já conhecida. A tradução é de Regiane Winarski e está muito boa, mas a revisão do livro deixou a desejar.

Obra e realidade
Algo muito interessante sobre os fantasmas é que eles te dão um grande leque de possibilidades. Vampiros, lobisomens, zumbis, todos eles têm regras estabelecidas para se lidar, com fraquezas conhecidas. Mas e os fantasmas? Eles têm praticamente uma ação ilimitada, podendo se manifestar nos momentos mais inoportunos, podendo inclusive perseverar por mais tempo que os vivos, presos a lugares e pessoas. Quando um enredo de fantasmas é bem trabalho, rende grandes histórias.

Peter Straub

Peter Francis Straub é um escritor norte-americano, conhecido por seus livros de horror.

PONTOS POSITIVOS
Sombrio
Tem fantasma
PONTOS NEGATIVOS
Se arraaaaaaaasta
Problemas de revisão
Preço

Título: Ghost Story (originalmente Os Mortos Vivos)
Título original em inglês: Ghost Story
Autor: Peter Straub
Tradutora: Regiane Winarski
Editora: DarkSide
Ano: 2019
Páginas: 448
Onde comprar: na Amazon ou na loja da DarkSide com brinde exclusivo!

Avaliação do MS?
Não digo que você não deve ler, pois o livro pode funcionar para você, mas definitivamente não funcionou comigo. É uma edição luxuosa, como todos os livros da DarkSide, mas é arrastado, sua história não funciona e você não liga para nenhum dos personagens quando termina. Três aliens para Ghost Story.


Até mais!

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Comentários

  1. Excelente resenha! A mais realista que li até agora, na minha opinião! Li algumas resenhas de gente que adorou e teceu elogios ao livro, que, na minha opinião, eram tão exagerados que não pareciam ser a mesma obra que tinha lido. Tem uma boa premissa, amigos que se reunem para compartilhar histórias de fantasmas, uma boa descrição ambiental, alguns bons momentos de suspense, mas infelizmente não se desenvolve totalmente... É uma história arrastada e confusa (Terminei porque sou muito persistente e pq foi uma indicação de uma amiga), com personagens rasos e eventos secundários que nada acrescentam a história.

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