Resenha: A física do futuro, de Michio Kaku

Michio Kaku é um dos grandes divulgadores científicos da nossa geração. Autor de vários livros, ele se arrisca em um campo espinhoso, que é o do futurismo. Com base na ciência atual e no que vem sendo feito nos laboratórios ao redor do mundo, Michio extrapola tendências e aponta possíveis caminhos para a tecnologia e para a nossa sociedade.


Parceria Momentum Saga e editora Rocco

O livro
Este livro é um grande exercício de especulação e de um futuro tecnológico que abrange do momento presente até cem anos. Como futurista, Michio se vale de observações precisas sobre o que está acontecendo em laboratórios e institutos de pesquisa pelo mundo, observando o que vem sendo criado ou melhorado. Michio entrevistou pesquisadores das mais variadas áreas, inclusive a sua, para compor o que ele acredita que será a vanguarda tecnológica nas próximas décadas.

Resenha: A física do futuro, de Michio Kaku

Sem o cientista, não existe futuro. O bonito e simpático pode conquistar a admiração da sociedade, mas todas as maravilhosas invenções do futuro são um subprodutos de anônimos, não celebrados, cientistas.

Página 18

É um livro provocador e divertido. Com menções à cultura pop, o autor conseguiu entregar um livro bastante acessível ao público. Você pode não entender muito de física, a área de Michio, mas vai conseguir ler e compreender as apostas da ciência sem muitos problemas. Se a ciência é considerada uma área nebulosa para muitas pessoas, este certamente não é o problema aqui.

Começando com uma longa e simpática lista de agradecimentos, seguimos para a introdução, onde Michio é direto ao dizer que previsões costumam ser problemáticas. Muito do que foi previsto até mesmo por especialistas acabou não se concretizando. Em 1943, o presidente da IBM (veja bem, da IBM!) disse que haveria mercado mundial para apenas uns cinco computadores. Hoje um smartphone tem mais capacidade de computação do que toda a NASA na década de 1960. Como o próprio autor comenta nessa introdução, previsões para o futuro, com raras exceções, sempre subestimaram o ritmo do progresso tecnológico.

Dividido em nove capítulos, o livro começa com o futuro do computador. Em seguida, o futuro da inteligência artificial, da medicina, da nanotecnologia, da energia, das viagens espaciais, da riqueza, da humanidade e, por último, um capítulo sobre o ano de 2100. Para um livro lançado em 2012, achei que Michio apostou alto em algumas coisas que estariam disponíveis em 2020. Esse é o problema de se tentar prever o futuro, a chance de errar é muito grande.

O livro é uma ótima indicação para escritoras de ficção científica que estejam perdidas ou precisando de uma inspiração sobre o futuro próximo. As mudanças tecnológicas acontecem com bastante rapidez e nem sempre conseguimos acompanhar tudo. O celular de três anos atrás já está datado e travando nos dias de hoje. Se olharmos para os últimos 40 anos, o salto tecnológico da humanidade é exorbitante. E faz pensar em tudo o que ainda vai acontecer.

O livro tem um conteúdo muito bom, ainda que pareça datado depois de 8 anos de lançamento em alguns aspectos, mas o principal problema dele é a revisão. Ou a falta dela. Nenhum livro deveria ser lançado com os erros e problemas deste aqui. Desde "vasar" ao invés de "vazar" a expressões não traduzidas, enquanto outras foram, a distâncias que não foram convertidas para o nosso sistema métrico e nomes comuns e batidos da cultura pop com tradução errada. Ouso dizer que ninguém revisou este livro para a edição brasileira. Fica evidente que essa tradução é a de Portugal, pois Jornada nas Estrelas: a geração seguinte, só se usa lá. E no Brasil, por padrão, é Star Wars, e não mais Guerra nas Estrelas. Que feio, Rocco! Achou que ninguém perceberia?

A capa é comum e brilhante, o papel é branco e o papel me parece o comum. A tradução é de Talita M. Rodrigues e está OK, pois o livro não teve revisão para o nosso idioma.


Ficção e realidade
Nem tudo que é tecnicamente possível é socialmente desejável. Eu li essa frase em alguma revista Superinteressante, lá nos finados anos 1990, justamente falando sobre uma tecnologia que era tipo uma rede social. Você programava um broche que ficava preso na roupa e se o ele encontrasse pessoas com interesses semelhantes programados no broche que também usavam, eles acendiam e vocês poderiam interagir. O experimento, porém, mostrou que seria um fracasso comercial. Algumas das coisas que o físico propõe que serão tendência não parecem ter encontrado chão ainda, como a realidade aumentada.

Michio Kaku

Michio Kaku é um físico teórico, futurista e divulgador científico norte-americano. Autor de vários livros, é professor do City College, em Nova York.

Pontos positivos
Pesquisa
Bem escrito
Ciência compreensível
Pontos negativos

Problemas de revisão
Não tem versão em ebook

Título: A física do futuro
Título original em inglês: Physics of the Future
Autor: Michio Kaku
Tradutora: Talita M. Rodrigues
Editora: Rocco
Ano: 2012
Páginas: 416
Onde comprar: na Amazon! (não tem ebook)

Avaliação do MS?
É um livro muito bom, com ótimas especulações, um excelente exercício mental. É uma pena que a edição da Rocco está tão descuidada. A edição merece um cuidado maior para uma próxima edição, se ela ocorrer. É um livro para fãs de ciência, de futurismo ou que simplesmente curta a divulgação científica. Quatro aliens para o livro e uma forte recomendação para você ler também!



Até mais!

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